Monday, 29 December 2008
Ausência
passeio na praia, sinto a tua falta,
este exagero de ausência
que me preenche por dentro,
que me consome a todo o momento,
que paraliza a minha vida,
não sei o que faça senão chorar.
Todos os caminhos passam por ti,
sem te ver não faço nada,
és um ponto fora do meu alcance,
não quero exagerar, não te quero culpar,
se o único culpado são os meus olhos,
é a força que vai dentro de mim
que se quer manifestar contigo.
Nuvens do passado
farei todo o esforço para não decorar o caminho,
que este presente fique no sítio mais estranho que conheça,
traçarei mapas para não passarem por este destino.
Cada passo que dou pela estrada, gasto os pés sem querer saber,
desejo que a pele se regenere e não deixe calo,
porque se falo é para não criar feridas, para não deixar marcas,
porque o peso que carrego, já é um fardo difícil de sustentá-lo.
O pior dos fardos é aquele que aparece no silêncio,
que não é possível apontar um culpado; de uma ideia,
pela simples condição de ser humano e ter sentimentos,
por chorar, sorrir, rir e amar o mundo que me rodeia.
Friday, 26 December 2008
Como Yo te Amo - Rocio Jurado
como yo te amo,
convéncete, convéncete,
nadie te amará.
Como yo te amo,
como yo te amo,
recuérdalo, recuérdalo,
nadie te amará.
Como yo te amo,
como yo te amo,
olvídate, olvídate,
nadie te amará,
nadie te amará
nadie, porque...
Yo te amo con la fuerza de los mares,
yo te amo con el ímpetu del viento,
yo te amo en la distancia y en el tiempo,
yo te amo con mi alma y con mi sangre,
yo te amo como el niño a su mañana,
yo te amo como el hombre a su recuerdo,
yo te amo a puro grito y en silencio,
yo te amo de una forma sobrehumana...
yo te amo en la alegría y en el llanto,
yo te amo en el peligro y en la calma,
yo te amo cuando gritas cuando callas,
yo te amo tanto, yo te amo tanto, yo.
Observar
a minha alma fica mais presente,
fico mais próximo da minha gente
e cada vez mais dono do momento.
As raízes aprofundam-se mais
sem eu ter qualquer consciência,
que me agarro à reminiscência
e descrevo o que sinto e vejo.
Friday, 19 December 2008
Apagar
as perguntas que te faço são o espelho do que desejo,
a dôr que eu tenho que aguentar todos os dias com um sorriso
e andar de cabeça erguida a levar com mais vento.
Tenho a cabeça e os membros congelados,
tenho o coração a continuar a bater,
tenho a cabeça montada a retalhos,
e só me apetece esconder.
Não existe tempo para analisar,
deixa-me ir ter contigo, ou vem até mim,
o mundo não pára, nós é que envelhecemos,
vamos tentar encontrar um caminho sem fim.
Monday, 15 December 2008
Homem dos papéis
nas prateleiras, nas mesas, no chão,
folhas caidas, outras penduradas,
és o coleccionador desde os dezasseis.
Os papéis preenchem a tua vida,
vives para eles, dentro deles,
cheiras a tinta, os teus dedos transpiram diluente,
só fazes riscos, traços rápidos e incisivos,
durante todo o dia rabiscas, riscas, reescreves histórias,
és homem feito de sonhos de papel.
Saturday, 13 December 2008
Incapaz
Palavras escritas
Depois conheci Camille e Paul por detrás de um ecrã. A partir daí conheci a beleza e pureza do mundo. Vi a alegria em plena acção. Nasceu em mim a vontade de viver em pleno estado de alegria, saltar pelos campos verdes, correr, correr e correr até não poder mais.
Conheci a simplicidade das palavras e das acções, comecei a distinguir o bem através do silêncio. Comecei a observar no silêncio, a ver tudo acontecer fluidamente e naturalmente. Comecei a perceber como somos pontos de referência que agitam as acções pelo vento. Conheci o tempo, e como dele não pudemos fugir. Apenas nos resta plantar palavras e acções e esperar que germinem o que queremos. Não pudemos fazer mais nada. Está fora do nosso alcance.
Comecei ver que o que gostamos, torna-se o nosso jardim e é para ele que trabalhamos diariamente. É para ele que regamos diariamente, que acariciamos e dizemos palavras confortáveis. Tudo para vê-lo florir e reflorir.
Friday, 12 December 2008
Andamos juntos por acaso
acompanhando as fases da lua,
andamos juntos no étereo,
ambos não sabemos que existimos
Monday, 8 December 2008
Portugal numa fila de trânsito
Como resultado final, temos uma situação em que estamos todos parados por causa de uma profunda desorganização e há sempre alguém que tenta ser mais esperto que o outro para procurar sair daquela situação.
Monday, 1 December 2008
Orgulho
aquele que esconde o que sente,
porque tem medo de ser diferente
não entende o que sonha.
Todos nós somos diferentes,
isso faz o mundo é colorido,
se cada um de nós evita viver,
como poderiamos ser felizes.
Tenho orgulho das minhas palavras,
já fui mais longe que muita gente,
não tenho medo de ser zombado,
porque parvo é aquele que se julga sapiente.
Parvo é aquele que já nasceu ensinado
e se esquece que a vida é uma conquista,
é aquele que simplifica tudo o que vê,
porque nem sabe descrever o que avista.
Friday, 28 November 2008
Firmamento II
nem sabes como as feridas ficaram cicatrizadas,
nem que seja por momentos, eu tive paz.
Embora eu saiba onde se encontra a felicidade,
ela não depende só de mim, mas tocou-me,
tocou-me tão profudo e diferente que não me irei esquecer.
E o que me dói mais é saber que algo tão bonito
morreu, ou nem nunca nasceu, e isso faz-me chorar,
sinto-me despojado de qualquer ponto de humanidade.
Até o homem mais forte tem pés de barro,
que se quebram em tempestades de vento,
caí mais uma vez, o meu coração partiu-se em bocados.
Mas desta vez não me apetece erguer,
quero definhar na beira do passeio à chuva,
porque toda a vontade que tinha morrera.
Podes ter-me tocado a música mais bela,
mas nem a música substitui uma mulher,
um ser difícil e tão bonito como ela.
Durante anos louvara os homens que não se casavam,
que se dedicavam aos seus interesses,
a pintura, a escrita estava para além da natureza.
Agora lamento por ter ficado tão encantado por alguém,
mas os caminhos estão separados em arame farpado
e sinto-me enclausurado num convento isolado.
Eu sei que não sou o único,
mas estou farto da solidão,
da sombra ser o meu amigo.
Hoje vi um casal a discutir,
o amor não devia ser destruído,
o amor devia ser infinito.
Também vi uma alma desamparada,
esfarrapada pela tristeza de alguém que o abandonara,
que tanto dizia a barba por fazer e as costas encurvadas.
Não está correcto, nada está correcto em plantar almas padecidas,
a postura do homem amolecesse como pão duro em sopa,
quando uma mulher desaparece e leva toda a sua roupa.
Wednesday, 26 November 2008
A mosca
paira sobre um corpo consumido,
que se encontra esgotado sobre a mesa,
parado no tempo, embebido em whisky.
A mosca poisa sobre a cabeça,
pisa-o freneticamente, mas não se mexe,
a mosca farta de tentar incomodá-lo,
parte à procura de outro ponto de interesse.
A mosca, sempre comparada com porcaria,
seja aonde poisa, seja na cena de um crime,
a mosca é sinal de decomposição,
aponta para coisas que sempre fugimos.
A mosca que poisa sobre a teia,
comete um grande erro, agora treme para fugir,
mas não existe salvação possível,
a mosca poisou sobre uma morte prometida.
A arte
para te esconderes do que não conseguiste ser,
a arte tem que ser a verdadeira prova
que prova a certeza da tua existência.
Para que é que serve viver
se não existir a beleza,
se tudo fosse preto e branco,
eras mais um presente nesta Terra.
Se inundares os teus olhos de arte,
garantirás a tua educação,
compreenderás o que os outros pensam,
passarás a vida à procura da razão.
Tuesday, 25 November 2008
Wild is the wind
Say you do,
Let me fly away with you,
For my love is like the wind,
and wild is the wind.
Give me more than one caress,
Satisfy this hungriness,
Let the wind blow through your heart,
For wild is the wind.
You...
Touch me...
I hear the sound of mandolins
You...
Kiss me...
With your kiss my life begins,
You're spring to me,
All things to me.
Don't you know you're life itself,
Like a leaf clings to a tree
Oh my darling cling to me
for we're creatures of the wind,
And wild is the wind,
So wild is the wind.
Nina Simone - http://www.youtube.com/watch?v=S9OUEokWR7A
David Bowie - http://www.youtube.com/watch?v=Hq2Xy5OdktI&feature=related
Firmamento
e termina aonde fica o firmamento,
que desenrolou-se quando eu nasci,
perde-se pelo céu nocturno
ofuscado pelas estrelas pálidas
que tanto nos fazem sonhar,
mas que estão gastas de uso,
faz-me parar a meio sem razão,
o frio entra, provoca-me arrepios,
dá-me pausas, traz calafrios
e não compreendo porquê.
Sobre mim tenho o zénite,
ouço-te Orfeu, contigo está Zeus,
como a tua música é bela, pergunto-te:
será que me estão a amedrontar?,
será que me estão a desanimar?,
ou estão-me a obrigar a subir a linha
para que os deixe para trás,
para que fique mais próximo do sol,
mais próximo do calor,
que aviste melhor o caminho,
ou por outra razão qualquer.
Por outra razão qualquer,
tenho que encontrar outro caminho,
um caminho com destino sadio,
um caminho onde o passado perdeu-se,
o futuro desce da linha,
será que me estou a encontrar,
será que me estou a animar,
será tudo ilusão que se desvanece
por mera obra do acaso,
onde a salvação desce
e entrega-me o que me falta.
Peço-te que serenes os espíritos com a tua lira.
Monday, 24 November 2008
Beijo
Saturday, 22 November 2008
Verdade
Tuesday, 18 November 2008
A poesia
pelas lágrimas que caíram sem ombro,
quando uso-as ao proferir lamentos,
ganho força, muita força.
Quando escrevo que salto de alegria,
quando o meu coração encontra o caminho,
a poesia lima as arestas,
tira o excesso e nada fica perdido.
Vontade
para mostrar quem tem poder
para gozar na cara,
p'ra dispôr quando lhe apetecer.
Mas o orgulho dos humanos
será firme na tempestade,
enfrentará ventos indomáveis
e prevalecerá a vontade.
País irmão
muitos querem separar-nos,
mas muito mais existe de comum em nós,
que muitos querem negá-lo.
Tenho espírito mediterrâneo,
lusitano no bilhete de identidade,
mas ambos sabemos como a terra,
define o nosso perfil nesta terra.
Podem tentar impôr-nos o divórcio,
nas gargantas, não nos arranhamos,
tu no fandango, eu no fado,
estimamos o nosso património.
Muros
desejadas de serem pintados,
muros branqueados em cal,
vedados para não entrarmos.
Rodeada de jardins de bichos,
muito movimento perpétuo,
caracóis de casa ás costas,
tudo contínuo, contínuo...
Mas são muros e negação
que mutilam os sentimentos,
a vontade que o homem tem
em entrar, em conhecer,
transformados em retalhos,
ao qual só outra mulher
é que sabe coser.
Pôr do sol
anel que aquece as vistas
de quem te olha e recorda
tempos áureos da vida.
Quando os violinos na praia
grasnavam no desgaste da superfície,
quando não existia passado e futuro,
no presente é que se vivia.
Sol que te recolhes,
trazes contigo um frio uno,
adormeces os namorados
abraçados por sonhos comuns.
As flores
servem para homenagear os homens
que desbravaram caminhos
até às mulheres que amam.
São corpos que sacrificaram-se
em nome dos ideais,
apesar da força que os constitui,
há coisas que são sobre-naturais.
Thursday, 13 November 2008
A bicicleta
andas sempre em círculo,
mas sonhas todo o dia,
e não sais do mesmo sítio.
De guiador curvilíneo,
de farol acesso em riste,
a estrada da aldeia
é um mundo por descobrir.
Já és um viajante nato,
as subidas são um desafio,
do outro lado da estrada,
continuas o teu caminho.
As horas passam, o dia findou,
há que retornar a casa,
o teu sonho acabou por hoje,
amanhã há uma nova estrada.
Tuesday, 11 November 2008
Friday, 7 November 2008
A razão
e a mente na terra,
quando proferes,
a razão impera.
Por muito que eu sonhe
com a parte solúvel de ti,
as respostas que me dás,
traçam-me logo o fim.
Confio numa parede falsa,
numa esquina que chega torpe,
onde o corpo se apoiava,
deixo de ter algum suporte.
A minha alma fica deserta
como campos recém-ardidos,
a água fresca não inunda
os meus corpos consumidos.
Deusa da palavra,
verdade evidente,
não tens piedade
deste não resistente.
Não esperas por alguém
em qualquer momento,
nem quebras pela
força do vento.
Nem sabes o que sofro
com o impacto do não,
os estragos que me fazes
quando prevalece a razão.
Thursday, 6 November 2008
Os fantasmas
deixam-se morrer,
deixam-se apodrecer,
para transformarem-se em adubo.
A terra que pisas,
está cheio de tristezas.
Deixa-os lá estar,
finge que não os vês.
Cada coisa no seu lugar,
tu não és terra,
só irás ser consumido,
quando dela te padeças.
Wednesday, 5 November 2008
Ser normal
tem medo por onde caminha,
não sabe para onde a sombra vai,
desconhece as pedras que pisa.
O escuro está coberto pelo capote,
tenta-se proteger das intempéries,
mas o vento que já entrou,
veio num Inverno dos mais agrestes.
Quando o corpo não acompanha os sonhos,
os dedos e os braços estão limitados,
não se exterioriza o que se sente,
estamos vencidos pelo mediocridade.
A sombra é a minha mulher,
eu quero já o divórcio,
Saturno, não me deixas viver,
por ti, perco o que mais preciso.
Detesto ser normal,
porque quero amar e não consigo,
quero crescer duplamente,
mas a outra parte não existe.
O tempo
o tempo não se apanha,
rege-se ao tempo,
o tempo de mudança.
Ao passo do compasso,
orientamos as ideias,
o tempo não se atrasa,
o tempo não se adianta.
Pausa-se, quando preciso,
avança-se, quando podido,
planta-se palavras. Espera-se
que germinem o pretendido.
Tempo, por onde vais?,
diz-me o teu caminho,
de ti, ninguém é imune,
estamos sobre o teu domínio.
Sunday, 2 November 2008
Eu quero viver.
se eu preciso mostrar o que está dentro de mim.
Porque hei-de calar-me se gosto de alguém,
não tenho que esconder o que sinto aqui.
Se por muito menos ninguém o faz,
recuso-me ser obrigado a fazê-lo ,
não tenho que oprimir as minhas palavras,
que os outros tomam como dono.
Ninguém me diz o que fazer,
quem não concorda, não me interessa,
assumo a morte como responsabilidade
se as minhas decisões assim quiserem.
Eu quero escolher o meu futuro,
não deixo nas mãos de ignorantes,
tenho pouco tempo para plantar esperança,
em todas as pessoas que eu amo.
Eu quero ser dono do mundo, ser uma força de viver,
quero mostrar ás pessoas que a vida existe,
não vale a pena esperar morrer,
para ter a paz que já existe aqui na terra.
És tudo
é dizer o que está na mente,
mostrar o que vai no coração
e o que ele deveras sente.
É ar comprimido em nós
pronto para sair em raiva,
e dele soltar a voz,
p'ra que a esperança nasça.
Chorar, não é ter pena,
são imagens projectadas,
é tudo o que sonhamos
transformado em lágrimas.
Eu vou repetir o teu nome,
vou lembrar-me sempre de ti,
para que nunca esqueças
de sentir o que senti.
Se o todo fosse dividido...
O que estou para aqui a dizer!
É impossível dividir o que se sente.
É impossível esquecer a tua presença.
Saturday, 1 November 2008
Ang
Torna-se bastante estranho olhar para o que me rodeia e passar a ver tudo de forma desinteressante. O que te faz sobressair é um colorido que te está inerente, e é o que mais me atrai. Vê-se uma grande diferença entre ti e o mundo inteiro. Vê-se uma grande diferença entre a côr e o preto e branco. O que mais me dói é saber como és insubstituível e recuso-me em pensar em alternativa. Nem mil mulheres irão-te substituir.
Se calhar, se falasse contigo veria como somos incompatíveis. Se calhar, Deus escreve direito por linhas tortas e eu tenho que cumprir um outro futuro. Como não é possível, choro por ti todos os dias.
Sou obrigado a ir almoçar a uma hora diferente para não ficar sem fome. Tento não te ver, para não me aleijar.
Eu sou o único culpado por olhar para ti e sentir o que sinto. Criei uma situação que agora não sei lidar e resolver. Qualquer dia, mudo de emprego só para ver se este sentimento fica sarado.
Sunday, 26 October 2008
A onda
espalha espuma,
leva-nos de encontro,
ao sonhos por um segundo.
Tapa-nos os ouvidos,
fecha os nossos olhos,
ficamos perdidos
entre pequenos zumbidos.
Levantamo-nos,
procuramos o nosso lugar
p'ra ligar o passado,
que foi interrompido
por vagas e remoinhos
salgados e sadios.
Sunday, 12 October 2008
Tristeza que gera companhia
Franzes a testa e mostras-te senhor protector do teu território. Transmites segurança para o coração dela, ela sente-se enternecida, porque já sofreu durante muito tempo e anda à procura de uma passagem curta e rápida para a felicidade.
Mas será que tu dás a felicidade que ela precisa, ou desapareces num ápice, tal como apareceste? Eu desconfio das passagens curtas, talvez por falta de fé, não quero que lhe enganes o coração e consumas o resto da esperança que ela ainda possui.
A tristeza que ela tem dentro de si, construiu este homem, que ela falou e cantou-lhe durante meia-hora. Mas até a tristeza se cansa, e à medida que o coração pedia descanso, ele foi-se embora de vez.
Adeus criança
foste embora pequenina,
criança sem rosto,
deixaste o pé de fora.
Abandonaste os teus pais
na manhã de cinzento,
flutuavas pelo corredor,
sem direito ao tempo.
Deixaste para trás sementes
de dúvidas por brotar,
a vida que tinhas pela frente,
é caminho que não percorreste.
Coberta num lençol,
que alguém divino te leve,
pede que te mostrem o sol,
nesta terra, ninguém te esquece.
Ignorância
que te mascaras em opiniões,
de jornalistas ou de trogloditas
que se julgam doutores.
Que têm sempre resposta para tudo,
mas nunca dão a cara quando preciso,
porque no fundo não querem ser julgados
e rotulados por aquilo que já sabiamos.
Pavoneiam-se em dourados,
julgam-se inteligentes pelas palavras eruditas,
mas a quantidade não representa a qualidade
da simplicidade das ideias inauditas.
Cataclismo, vendavais,
meteorito nas cabeças
destes suspostos sábios,
porque é que Deus não os leva,
ainda vamos a tempo,
o mundo ainda respira.
Algo que não existiu
quando ela não me quer ouvir,
é como bater em ferro frio
até as minhas mãos se abrirem.
É querer passear em campos floridos
em pleno Inverno triunfado,
e estar à espera que as pétalas
emanem cheiros delicados.
Apenas choramos na hora do enterro,
de algo que nunca nasceu,
que, pelas vozes das crianças, sonhei,
por algo que nunca aconteceu.
Só me resta pôr no passado
a ferida não partilhada,
porque tudo ficou em mim,
e de mim, partiu nada.
Friday, 3 October 2008
Caminhos perdidos
e falta-nos a côr, as tintas para a tela,
paramos no tempo por falta de alegria,
sentimo-nos com a vida vazia.
Não sei se estou a enlouquecer,
ou alguém quer-me ver sofrer,
por estar tão longe dos meus sonhos,
alguém está a tirar daí prazer.
Parece que me querem ensurdecer,
por viver em gritos de solidão,
estado que em jovem ambicionava,
nem reparei que perdi o caminho de volta.
O tempo é muito, mas sem destino à vista,
procuro um caminho onde encontre companhia,
alguém que se entrose com a minha alma,
alguém que queira partilhar a vida.
Tuesday, 23 September 2008
Cianureto para um adolescente
Ele sente os orgãos a pararem um a um, como se alguém estivesse a desligar os interruptores. E segundo a segundo, a morte vai-se construíndo e já está alguém pronto para entregar-lhe em mãos. É o fim sem algum retorno. As ideias de reencarnação deixam de fazer sentido para ele - o futuro termina aqui mesmo. Os olhos e o coração foram os últimos órgãos a despedirem-se da realidade.
Como tudo foi tão perfeito e deixou-lhe tão feliz neste último fôlego. Pelo menos, alguma coisa fez-lhe sentido nesta vida.
"So say goodbye to the vows you take,
And say goodbye to the life you make,
And say goodbye to the heart you break,
And all the cyanide you drank."
Monday, 22 September 2008
Fantasma
Vida difícil.
Não sei se mude de país, se começo a vaguear pelo mundo. Mas a vida está longe do que pretendo e não sei o que fazer para mudar. Preciso de pessoas para falar, preciso de confidentes, e todas as pessoas me viram as costas e ainda se zangam comigo se eu tentar falar com elas.
O que se passa? Alguém me diz???????? Eu não aguento tanta indiferença com a minha vida. Parece que querem me ver a morrer.
O meu coração salta do peito numa dôr esquisita, que nem sei explicar. É uma dôr que me vicia. Ao senti-la, sei que estou vivo, mas dói-me e deixa-me triste para o resto do dia.
Só me apetece meter a cabeça no meio de uma ventoinha e deixar que o vento faça o resto do serviço.
Saturday, 20 September 2008
Gestos humanos
Neste mundo tudo é possível, porque Deus deu-nos a capacidade de fazermos o que quisermos. Apenas temos que ter a ousadia e coragem de fazer aquilo que gostamos.
Eu sei que esta esperança vã tem um preço elevado, e que muitas vezes pode custar a própria vida, mas é nisto que acredito e assumo o risco, porque assim é que sou feliz.
Eu sei que a vida é dura para todos, e compreendo as pessoas, mas muitas vezes parece-me que as pessoas não me compreendem, ou que me interpretam mal. Isso magoa-me. Mas eu quero que fique assente uma coisa, que eu respeito todas as pessoas e procurarei respeitá-las para sempre. Ás pessoas que não gosto, respeitarei-as, ignorando-as, porque elas próprias querem ser ignoradas por mim. Ás pessoas que gosto, estou sempre pronto para ajudá-las na medida do possível, porque eu sei como a vida por vezes é difícil. Todos nós passamos por momentos difíceis. Ás pessoas que preferem não ser incomodadas por mim, eu não falarei com elas.
Friday, 19 September 2008
Adeus, nunca quiseste entrar
tento falar contigo, não consigo,
à minha volta só estão paredes,
são elas que ouvem o que digo.
Quando acordo, chamo por ti,
choro por não estares do meu lado,
apenas por sentir os lençóis
frios da noite, lisos de ausência.
Todas as noites são assim,
ao fim-de-semana dói mais,
adeus, nunca quiseste entrar
e nunca mais voltarás.
Eu vou conseguir guardar-te,
vou ficar com a tua imagem,
p'ra me acompanhares enquanto durmo,
aconchegar-me enquanto tremo.
Thursday, 18 September 2008
Uma pessoa especial
Uma pessoa especial é aquela que se distingue, que procura não perder os valores mesmo nas situações mais extremas. Uma pessoa especial é aquela que sabe que tudo tem um preço e que não se deixa enganar por ilusões e exageros.
Uma pessoa especial é aquela que pensa primeiro e que reconhece a importância de todos. Uma pessoa especial é aquela que primeiro preocupa-se com a outra pessoa.
É muito difícil ser-se uma pessoa especial. É um trabalho constante e por cada minuto que se descansa desta tarefa árdua é uma oportunidade para se desleixar.
Uma pessoa especial é aquela que procura encontrar o seu lugar no mundo.
Monday, 15 September 2008
Os animais
Os animais são os seres mais bonitos que existem e todo o ser humano tem muito a aprender com eles.
Wednesday, 10 September 2008
Desculpa por isso
desculpa por isso, mas não tenho a culpa,
desculpa por isso, desculpa, desculpa.
O que tu sentes, jamais eu sinto,
nem pedindo a mil ventos vou sentir,
desculpa por isso, desculpa, desculpa.
O que te falta não te posso dar,
porque não me sintonizo contigo,
desculpa por isso, desculpa, desculpa.
Vou-me embora, tenho que ir para outro sítio,
tenho uma vida a cumprir,
adeus e desculpa, desculpa, desculpa.
Estar apaixonado
onde nem a minha alma sobrevive,
eu segui um caminho contra a luz,
à procura de um melhor sítio onde respire.
Avistei um vislumbre,
uma silhueta pouco definida,
mas encontrei os teus olhos
que me dizem como tu és bonita.
Estaria maluco se não te seguisse,
mas tu não queres que ninguém te siga,
vou-me embora porque chegaste,
abandono-me em deterimento da tua vida.
Todas as pessoas têm uma chance,
eu deito a minha fora por respeito,
muitas vezes saio desfeito,
não quero que fiques com despeito.
Não te quero incomodar nem por um minuto,
mas gostava que os meus sonhos se realizassem,
são forças antagónicas dentro de mim,
que procuro sobreviver na rotina diária.
O que eu dava por uma palavra,
por dizer um pequeno olá,
há coisas que pagávamos milhões,
só para não dormirmos com fantasmas.
Falta-me qualquer coisa,
talvez nevoeiro para me esconder,
uma brisa para ninguém perceber
que continuo no fundo do mar.
Tuesday, 9 September 2008
Vida
deitado em água quente,
o vício da vida
a levar-me a mente.
Posso ficar sózinho,
ou em companhia,
neste quarto perdido,
perdido na vida.
Agulha aguçada
a furar o resto de mim,
a vociferar as veias,
a consumir o tempo sem fim.
Cada vez que tomo,
mais me enraizo,
abaixo das pessoas,
debaixo do teu passo.
Sunday, 7 September 2008
ET
sei mexer em computadores,
sou verde como o laser,
conto binário até ao infinito.
Ouço sons estranho,
canto a altas frequências,
sou um sinal de rádio,
sigo a luz para todo o lado.
Ando aos saltos, estou maquinado,
repito o meu nome para não me esquecer,
bato, bato, bato como o coração,
bato, bato, bato contra a parede.
Wednesday, 3 September 2008
Não
é o fim da estrada, um corte definitivo,
caminho sem volta, é quando ficamos perdidos.
Ninguém se habitua à rejeição.
Um não é quando chegamos a uma esquina,
é quando a parede que nos suporta, termina,
é quando o que sonhamos se torna em ilusão.
O não é o fim de algo, mas não é a conclusão.
Conclusão só terei quando morrer,
e mesmo assim tenho que me conformar,
só não me conformo enquanto vivo,
porque o fim não consigo controlar.
Sunday, 31 August 2008
Espaço
entre tantas opções tinha que parar num beco,
o crespúsculo solar esfaqueia-me sem piedade,
flutuo num espaço etéreo e eterno.
Não sei o que faça, nem o que possa fazer,
procuro o norte, mas o espaço não tem direcções,
tento orientar-me numa maneira de ser,
procuro todos os meios para sobreviver.
Procuro chamar por alguém,
mas a transmissor avariou-se,
encontro-me num silêncio profundo,
a ver o tempo passar num espaço sem dimensões.
PS: Chego à conclusão que as pessoas têm dificuldades em entenderem-se umas ás outras. O silêncio que tanto usamos para nos proteger, cria um barreira que desorienta quem está a tentar compreender o outro.
Wednesday, 27 August 2008
Viver ignorante
a procura de uma solução
não passa de uma tentação
em querer regular o que não compreendo.
O meu coração fecha-se com tanta análise,
a procura de estratégias desfaz
as realidades que são capazes
de brilharem por serem o que são.
Vemos beleza pelos olhos da ignorância,
por ficarmos surpresos pelo que não percebemos,
por reconhecermos que jamais compreenderemos
o que vibra perante nós permanentemente aceso.
Vou viver ignorante porque nada faz sentido,
encontrar soluções harmonizadas com os outros seres,
porque o que hoje é, amanhã deixa de o ser,
mudam-se as ideias, mas a dúvida ficará sempre.
Que raiva!
A vida hodierna
que nos consome o espírito,
com precariedade e instabilidade,
vivemos num país fictício.
Numa sociedade nepotista,
comumente denominado de cunha,
procuramos viver iguais,
numa atitude que virou cultura.
Que raiva
por dificultarem-nos a viver,
a vida já é complexa o suficiente,
ainda querem-nos ver a sofrer.
Tuesday, 26 August 2008
A vida inteira(não tem fim) - Dora
http://www.youtube.com/watch?v=r3tgerl8IMQ&feature=related
Portugal - isto é uma espécie de país.
que se indigna com Salazar,
mas considera-o uma grande personalidade,
que vê tristeza na Severa,
mas que tem prazer em tê-la,
reclama por ser o que é.
Este Portugal
que adora o futebol
e rejeita os outros desportos,
que se considera importante
por não fazer nada,
critica o que tem,
esquece-se por onde vai.
Neste Portugal,
que ignora os concidadãos,
que rejeita a arte,
que expulsa o que outros países abraçam,
anda espantado por ser o que é,
e sabe que não quer mudar.
Este Portugal,
que quer continuar a fingir,
a liberdade nunca chegou cá,
porque liberdade significa variedade,
e todos abraçam a mesma côr,
a tacanhez matou-nos ao nascer.
Vou ligar a televisão,
e ver o Vasco Santana,
vou ligar a rádio
e ouvir Madalena Iglésias
em pleno 2008.
Só agora é que reparo
que existem os Xutos e Pontapés,
é porque a idade dá-lhes direito à atenção,
mais vale ignorar as pessoas que estão a crescer,
e louvar o passado, que o presente é para esquecer.
Flôr inquinada
apagas o gás, fechas a porta,
metes-te na roda mecânica do motor,
arrancas em piloto automático.
Raia, seguido de riscas,
metro atrás de metro,
vais porque tens que ir,
porque não sabes como descobrir,
como compensar o tempo,
como viver num espaço perdido.
Quando eras criança,
brincavas por brincar,
andavas com os teus amigos,
saltavas por saltar,
que ninguém se importava.
Agora que te tornaste adulto,
os teus companheiros são as contas
que chegam ao correio sem pedires,
apenas tens que pagar com o teu sofrimento,
com o que sofres por teres um trabalho qualquer,
por perceberes que ninguém se interessa por ti,
porque os teus pais morreram e estás sózinho.
Tentas florir na vida,
mas estás condenado a morrer já no princípio,
só encontras poluição,
todos querem levar-te até lá,
todos querem ver-te a morrer,
a definhar, porque não te conhecem e têm inveja de ti.
Morre, morre, porque assim já não me fazes sombra,
e como ganho poder com o sofrimento dos outros,
e isso dá-me prazer.
Friday, 22 August 2008
No topo do edifício
Como corri tantos quilómetros atrás da felicidade, mas ela fugia no combóio e eu corria a pé. Tantas vezes arfei, esgotado até ao último fôlego, agarrado aos joelhos, mas ela continuava sem remorsos. Tantas vezes que isto me aconteceu, sempre em ciclo, sempre em ciclo.
Fim-de-semana
onde na sexta se ascende,
no sábado permanece-se eterno,
e no domingo desce-se à realidade.
Nos braços de alguém,
na rua ou em casa,
o fim-de-semana apenas dói
a quem sózinho o passa.
Thursday, 21 August 2008
A noite e o silêncio
reflecte uma noite escura e podre,
por entre os faróis amarelos,
côr de uma poluição assente,
momentos de miséria na rua descendente.
Não sei se já estou inquinado
pela desgraça e destruição,
ou apenas escrevo o óbvio,
que muitos olhos já confirmaram,
muitos carros já pararam,
para tirarem momentos de satisfação.
O silêncio da noite fria,
onde as almas estão adormecidas,
por detrás das costas das crianças,
o futuro que um dia
pertencerão às vidas perdidas.
Tuesday, 19 August 2008
Quando não nos aceitam pelo que achamos que são as nossas virtudes, mais excluidos andamos metidos na sociedade. Aí está uma bela porcaria fabricada pelo Homem.
O próprio poder da negação, já é mais do que suficiente para levar-nos a um cenário desagradável. Cada vez mais compreendo porque é que os loucos ficaram loucos.
Monday, 18 August 2008
O poder da dúvida
O silêncio desorienta uma pessoa enquanto existe uma relação comunicacional entre seres. Simplesmente, porque uma parte não sabe o que há-de fazer a seguir. Essa parte deve virar as costas e continuar a sua vida, ou deve insistir na pergunta?
Perante este caso, a dúvida ficará bem viva na cabeça de quem tem a dúvida.
Friday, 15 August 2008
As flores
Por entre as ramagens frondosas, escondem-se os olhos de vítimas silenciosas. Eles sofreram durante a juventude, e a dureza da vida calou-lhes a alma. O que lhes resta é uma dôr espacial, como se lhe tivessem metido dentro de uma câmara de vácuo. Nada lhes sobra. Não sabem o que são, perderam o rumo e a inércia apoderou-se das mentes e membros.
Na sombra das folhas, escondidos nas ramagens, sentem uma humidade sã, protectora da vida. As formas circulares das flores demonstram como a perfeição existe num mundo irracional. As flores representam o amor, o princípio da vida brotado do chão. As flores são provas como ainda estamos vivos e precisamos delas para viver.
Vivam as flores, viva o amor, viva a vida.
Monday, 11 August 2008
The Story - Brandi Carlile
Tell you the story of who I am,
So many stories of where I've been,
And how I got to where I am.
But these stories don't mean anything,
When you've got no one to tell them to
It's true...I was made for you.
I climbed across the mountain tops,
Swam all across the ocean blue,
I crossed all the lines and I broke all the rules,
But baby I broke them all for you.
Because even when I was flat broke
You made me feel like a million bucks
You do
I was made for you.
You see the smile that's on my mouth,
It's hiding the words that don't come out,
And all of my friends who think that I'm blessed,
They don't know my head is a mess.
No, they don't know who I really am
And they don't know what
I've been through like you do
And I was made for you...
Saturday, 9 August 2008
Sonhos e no final, nada!
encontro os teus olhos densos,
porque hei-de ficar,
porque hei-de esperar.
O que quero não acontece,
nem um milésimo de acontecimento,
tenho nada e uma mão cheia de lágrimas,
e esperanças podres do momento.
Tenho sonhos, cenários, actores,
não me falta imaginação,
falta-me a realidade e a alegria
que tanto sonho e anseio com paixão.
Tenho coração e alma,
mas estou a plantá-los sob pedras,
porque não encontro terreno fértil,
que me leve até ao céu.
Tuesday, 5 August 2008
Reflexão sobre mim
Nesta vida
Neste momento chorei, baixei a estúpida guarda ao qual sou obrigado a edificar cada vez que ponho o pé na rua.
Não se esqueçam do amor. Ele existe e é a coisa mais preciosa ao cimo da terra.
Reflexão sobre o quotidiano
Todos precisamos de dinheiro para viver, e essa mão invisível e regida pelo tempo, empurra as pessoas para um precipício - a própria morte. Quando a hora de transpôr para um novo mundo chegar, hão-de olhar para trás e ver como o tempo passou e perderam o que o mundo podia ensinar.
É pena ver isto acontecer diariamente. É pena eu também estar inserido neste caminho horrível.
Monday, 4 August 2008
Pequeno conto do João
Os meses foram passando e João continuava sempre no mesmo canto, sempre com a mesma esperança e o mesmo olhar inocente. Tudo parecia permanecer igual, mas João estava diferente. O embaraço transformou-se num silêncio enorme e doloroso. João começou a sentir o peso do silêncio sobre os ombros. A cada dia que passava, o peso foi-lhe aumentando e entortando as costas. João deixou as dúvidas governarem-no e foi trocando todos os ideais que acreditava pela esperança de um dia receber um sorriso.
O preço de ser mediano
O sonho de qualquer Homem é ser seleccionado por Deus para mostrar um caminho à sociedade. Isto é a coisa mais bonita que pode acontecer, mesmo que muitas vezes o preço a pagar seja a morte prematura. Não quero vender a minha alma a qualquer preço, e tenho que ter cuidado para que o mal me apareça à frente mascarado em Deus. Mas uma pergunta impõe-se neste momento. Será que a estupidez realmente é importante, ou seremos mais felizes sem ela? Será que a estupidez ajuda a equilibrar o mundo?
A vida é um aglomerado de flocos de neve que não se derretem e que nos vai enchendo de magia. Magia - a palavra mais bonita que existe.
O embaraço é uma nuvem que ofusca-nos o caminho. O medo do embaraço transforma-se em silêncio à medida que vai aumentando. E o silêncio dói imenso. A dúvida já é dura o suficiente e não vale a pena endurecê-la mais um bocado.
Estes pensamentos são importantes e não devem ser descurados, porque é apenas em vida que podemos resolver estes problemas. Não há que ter medo do embaraço, nem dos ideiais que nos formam e que nos traçam objectivos. As dúvidas jamais deverão governar-nos.
Wednesday, 30 July 2008
Ode à sucata
Não tenho nada, até ando a perder o cabelo. As pessoas bem dizem que estamos sempre a perder. Apenas posso dizer: "É verdade!"
Nós perdemos o brilho, perdemos a inocência, perdemos os pensamentos... Até perdemos as unhas. Tudo desaparece sem deixar rasto.
Foi-nos dado o conjunto completo à nascença, entregue no próprio corpo. Mas, somos uma criança distraída, que deixa cair sem querer o que gosta à medida que caminha.
Hoje sinto-me como uma luz fraca de um carro em sucata. Outrora fora brilhante, mas agora parece uma estrela moribunda. Tornei-me num objecto que ninguém quer.
Só me resta parar esta "fritadeira".
Thursday, 24 July 2008
Pela última vez
Tuesday, 22 July 2008
Que raio de país
Friday, 18 July 2008
Namorador ridículo.
que carregam o peso da solidão.
O meu coração rasteja pelas pedras da calçada,
pisadas por milhares, molhadas de lágrimas.
O meu coração bate por bater,
bate porque precisa de viver,
bate, bate, sem razão.
O meu coração encheu-se de lamechas,
já nem eu próprio aguento,
tenho que trocá-lo por algo mais decente.
Vai-te embora, salta de uma vez por todas,
este peito está farto de ouvir os teus lamentos,
não tenho a culpa que adores ressentimentos.
Sunday, 13 July 2008
Monday, 7 July 2008
O cavaquinho - José Jorge Letria
a tocar pelo caminho,
muito alegre e divertido,
o cavaquinho.
Quatro cordas
muito finas
a tocar pelas praças,
nas esquinas
e também nas romarias,
nas feiras
e folias.
Quatro cordas pequeninas
fazem a dança,
a festança
do Algarve até ao Minho.
Aí vem ele, o cavaquinho!
Sunday, 6 July 2008
NYC
let's go for a stroll,
let's go for a ride,
we've got plenty to see
in the city of the thousands lights.
So many shops,
so many windows,
so many things to buy,
we'll gonna spend our money
in everything we find.
So many people,
so many cars,
so many things running wild,
hey, everybody is happy,
let's step aside.
Friday, 4 July 2008
O faroleiro
A luz da lua e o azul escuro do céu mostram-se aprisionados pelas janelas do farol. Trata-se de um farol branco, duro, forte, plantado no cimo de uma ilha deserta. As janelas minúsculas, apenas servem para iluminar o interior. Esta ilha encontra-se localizada num ponto estratégico onde os grandes cargueiros transportam dentro de contentores herméticos, sabe-se lá o quê. Também não lhe interessa saber, ele apenas tem a função de cuidar do marco luminoso.
O faroleiro poisou o farnel sobre uma mesa velha, esburacada pelo tempo, pela vida calma das térmitas. Trata-se de uma mesa dura e pesada, feita para fazer companhia a uma vida. O faroleiro desata o pano, desembrulha o jantar, abre o termo, olha para a comida. Deliciado com o cozido de enganos, sente que falta algo para ajudar a não engasgar. Vai buscar o copo de meias voltas, fosco pelo sal, e enche-o com vinho tinto. A noite vai ser calma e longa.
Saturday, 28 June 2008
Thursday, 26 June 2008
Fátima
Fátima mantém-se num canto, apenas agarrada ao seu nome, desejando que ninguém a veja, que ninguém a recorde, à espera de cair no esquecimento.
Saturday, 14 June 2008
Canso-me a tentar
nem muito brilhante, nem pálido. Perfeito!
A árvore frondosa agita-se com o vento,
as filhas brilham em tons de amarelo quente.
Há dias em que tudo acontece como deve ser,
e o meu próprio ser não sabe porquê.
Não gosto, mas o meu coração bate estreito,
nas grandes buscas, apenas encontro defeitos.
A cada esforço, afasto-me do que quero,
não sei o que procuro, mas tento, tento,
como quisesse pregar uma barra de ferro,
esqueço de olhar e apreciar o que mereço.
A televisão
como considero-a realidade para não ficar maluco.
Sinto que não consigo concentrar-me numa ideia,
a minha mente tem que estar em constante zapping,
novo canal e nova imagem, na memória já nada perdura.
A verdade, essa eterna dúvida, jamais há-de chegar,
mas julgar, é o mais fácil de se fazer nesta aldeia,
como em todo o mundo, os julgamentos são na rua.
Intensamente, preciso de ti. A verdade que dizes,
é limitada ao teu ecrã e reflectida nas sociedades.
Sunday, 8 June 2008
Desespero de um pianista desempregado
por ser um pianista desempregado,
pela minha voz ter sido calada,
pela minha arte ser rejeitada.
Como posso ser alguém em terra de surdos,
se só existo se pararem para me ouvir,
estamos numa sociedade em constante movimento,
até esquecemos do país em que existimos.
Não tenho a culpa dos meus gostos,
a minha profissão descreve a harmonia,
não sei exprimir-me doutra forma,
escrevo paz no ar, todos os dias.
O desrespeito pelas pessoas atinge na música um extremo chocante. Actualmente, todos os músicos são ostracizados pela a sociedade. As pessoas esquecem-se que cantarolam diariamente músicas cantadas e criadas por músicos. Seria muito interessante todos os músicos do mundo entrarem em greve ao mesmo tempo. Não sei o que aconteceria, mas gostava de ver.
Para todos os ouvintes de música comercial, tentem pelo menos ouvir e reflectir sobre a letra da canção.
Para os ouvintes de música clássica e jazz, continuem a explorar o som e o silêncio, e continuem a descobrir a história por detrás de cada música.
O meu nome
o meu primeiro nome vem ao de cima,
sou Pedro e só Pedro,
e viro a cara para quem o afirma.
Minha mãe o diz quando quer respeito,
a responsabilidade que tenho por carregá-lo,
com esta cara ou outra qualquer, o meu nome
acompanhar-me-à o tempo inteiro.
Irá existir para além do meu corpo,
desaparecerá quando ninguém mais o proferir,
o meu nome está dependente de terceiros.
Saturday, 7 June 2008
Dá-me a mão
Olhar para o céu, imaginar cordeiros,
temos o dia inteiro só para nós.
Envia-me um telegrama a dizer que me amas,
vamos esquecer estes tempos,
vamos viver como os nossos avós.
Saudades
por sentir sempre o mesmo,
carrego esta alma deserta.
Por me cobrir de enganos,
de sonhos e saudades,
tantos sonhos que tenho,
lembranças de amigos de anos.
Nada que fazer,
foge-me o coração das noites inteiras
perdidas em cerveja.
Alvorada - Cartola
Ninguém chora, não há tristeza,
Ninguém sente dissabor.
O sol colorindo,
É tão lindo, é tão lindo,
E a natureza sorrindo,
tingindo, tingindo.
Você também me lembra a alvorada,
Quando chega iluminando,
Meus caminhos tão sem vida.
E o que me resta é bem pouco,
Quase nada de que ir assim,
Vagando numa estrada perdida.
Alvorada......
ver:
http://youtube.com/watch?v=lEHA2F5cmok&feature=related
Preciso Me Encontrar - Candeia
Vou por aí a procurar,
Rir pra não chorar.
Quero assistir o sol nascer,
Ver as águas dos rios correr,
Ouvir o pássaros cantar,
Eu quero nascer, quero viver...
Se alguém por mim perguntar,
Diga que eu só vou voltar,
Depois que eu me encontrar...
ver:
http://youtube.com/watch?v=WQZF0vjjNhc
Senhor doutor
tenho uma dôr no coração,
ela foi para os braços de outro,
levou-me a casa, o carro e o cão.
Este alto do lado esquerdo,
que me afecta o dia inteiro,
não me leve a carteira,
porque não tenho mais dinheiro.
Nem com uma cirurgia de peito,
isto vai ao sítio certo,
tudo o que me deu não tem efeito,
estes remédios já são velhos.
Dê-me um copo de água,
cheio de pedras de gelo,
a mulher passou-me a perna,
por ser um velho sem cabelo.
Encontrou um jovem no caminho,
musculado, o último grito,
imaginou-se todas as noites
enrolado com o menino.
Luzes e estrelas
que cai sobre as flores,
molha a terra, afoga a dor
dos meus queridos entes.
O meu coração desabou de vez,
que as más lembranças pereçam,
que o céu me cubra de paz,
e sobre mim, as estrelas permaneçam.
Santa chuva, cai de felicidade,
rezo a Deus, rogo ao santinho,
alimenta este corpo de saudade,
que se perdeu pelo caminho.
Não há que chorar, deixa estar,
eu vou. Adeus.
O meu coração cansou-se
de falsidades.
Friday, 6 June 2008
Dedicação
por um grupo de referência,
milhares de pessoas se reúnem
para sentirem a experiência.
Rodeado de cabeças pensantes,
cada um adquire a sua perspectiva,
é sempre muito interessante
observar a harmonia em vida.
Eles trabalham, eles dedicam-se,
como ninguém, eles sentem a dôr,
corpos cansados até à exaustão,
tudo em nome do seu grande amor.
Palavras
ele tinha um caminho,
mas o vento desviou-o,
cruzou-se com outro destino.
O prazer de imaginar
guia-nos até ao incerto,
definimos objectivos,
nunca paramos lá perto.
Os contextos que cada palavra toma,
vem do peso do nosso orgulho,
é criado pelo nosso espírito,
é um culto aprendido.
Viajantes
ecoo no topo do mirante,
entre marinheiros e mãos de ferro,
iço as velas, pequeno navegante.
Por mares, marés, altos e baixos,
percorro caminhos errantes,
enquanto o mundo rasga a vida,
encontro novos viajantes.
De peito pressionado,
apertado pelo silêncio do mar,
a realidade dura embate em mim,
vindo de uma natureza basilar.
As nuvens afastam-se entre si,
abre-se uma clareira no chão,
a quilha irrompe sem fim
um caminho pleno de emoção.
Ninguém quer ficar perdido,
a caminho do novo mundo,
bravos ao serviço do desconhecido
na descoberta de um novo rumo.
Tuesday, 3 June 2008
Criança
Manhã de Outono
Num verde misturado com um amarelo escuro, as folhas das árvores saúdam em conjunto com o vento o princípio do terceiro trimestre.
Como sentiria com maior intensidade este mundo, se não tivesse fechado como um pássaro engaiolado. Numa postura preguiçosa ou inteligente, impeço-me premeditadamente de desfrutar o que é belo. Este comportamento nasce em mim porque o mundo está sempre em movimento. Fico parado à espera que o sol brilhe novamente neste canto. Se acompanhar sempre as nuvens negras, esqueço-me que há mais vida para além do que vejo.
Sunday, 1 June 2008
Ideias
Saturday, 31 May 2008
Quantas vezes
quantas vezes nos repetimos,
quantas vezes mostramos
que prestamos o devido valor.
Quantas vezes fazemos,
se calhar até são poucas,
se calhar somos burros
e enchemos a boca de palavras.
Comos gostamos de nos enganar,
fingimos que somos inteligentes,
mas do simples, não fazemos nada,
somos autênticos deficientes.
O meu mundo
que pastas de manhã,
aqui vem o maquinista
agarrado ao seu trem.
Um castor de bóina
carrega na alavanca,
uma toupeira imunda
enche a caldeira.
No sol pardo da manhã,
as pessoas andam ao contrário,
a chuva que cai de baixo,
molha a árvore que nasce amanhã.
Como estás contente,
porco de boca aberta,
estás à espera que te preencham
e te encham a barriga com moedas.
Tudo o que eu quero,
é paz dentro de mim,
por favor, dêem-me razões
para ser feliz.
Sol
é dela que sinto o calor,
do holofote que me ilumina,
numa noite sem côr.
É no público que bate o coração,
da música sai a voz,
e deste espaço reduzido
tudo se funde num nós.
Gritemos em voz bem alta,
"- Queremos paz, já!",
temos que acabar com esta revolta,
o mundo sózinho não se faz.
Gosto de ti
vindos de um passado feliz,
que permanece até ao presente,
e que tanto me diz.
São beijos de amor
que me dás todas as manhãs,
em ti não existe rancôr,
apenas uma alegria sã.
A tua mão puxa-me para ti,
cuidas de mim como um filho,
sabes que eu gosto de ti,
e o teu nome profiro
Friday, 30 May 2008
Mistérios da vida
Thursday, 29 May 2008
Respeitar o nosso semelhante
O mundo é um lugar mutável. Os humanos não pertencem à natureza porque fugiram dela há muito tempo. Os humanos agora têm que respeitar a natureza, respeitarem-se a si próprios. Só assim, permanecerão mais tempo em paz.
Usamos os edifícios como fachada, para esconder o desrespeito que temos com o nosso semelhante. Isto é um sinal que estamos no caminho errado. É extremamente chocante quando, em momento de guerra, uma cidade é arrasada. Cada lugar tem uma história de esforço humano que pertence ao passado de muitas pessoas. Arrasar algo, é estar a apagar um pedaço de história e esquecer as almas que viveram lá. Ninguém gosta de ser obrigado a sofrer. Respeitemos o semelhante.
Existem pessoas que são privadas de comer, de terem educação, de chorarem. São violadas, são assassinadas, são escravizadas. O tempo jamais as recordará. Se o espírito humano não denunciar e tentar reverter estas situações, estamos destinados a sofrer até à extinção da humanidade.
Cada um de nós tem um papel muito importante neste mundo. Basta descobri-lo. Em vez de passarmos o dia a ver telenovelas, a desdenhar de terceiros, temos que ter a iniciativa de querer mudar o mundo para algo melhor. Isto só acontece, se cada um de nós aprender a explorar-se, a querer arriscar e a aceitar a incerteza como algo certo na nossa vida.
Estamos neste mundo temporariamente. Tornemos a nossa vida interessante.
Tuesday, 27 May 2008
Beginning and the end
others that's the beginning,
depends on your perspective,
depends on your vision.
If you planned your future,
you're entering a new phase,
If you haven't got nothing,
you're lost, some say.
Ida a Fajarda
chego à terra de Fajarda,
o que apenas encontro
é uma tabuleta baleada.
Olho à minha volta,
vejo casarios de ciganos,
não quero fazer insinuações,
porque não tenho esse direito.
Não sei se os tiros vieram deles
ou foram para eles,
sei que deixaram rasto,
buracos, muitos buracos.
Saturday, 17 May 2008
A luta
porque não posso perder,
toco "blues", "rock" e baladas,
tenho que agradar toda a gente.
Neste mundo, onde tudo é precário,
tenho que esticar as cordas para todos os tons,
tenho que forçar os dedos com todos os sons,
tenho que ser destemido e temerário.
Tento ser alguém,
mas as notas não são suficientes,
sinto-me a perder o gosto,
porque não me dá alimento.
Liberdade
como eu queria,
nem que seja por
poucos minutos,
daqui a diante,
partir sem destino,
sem caminho.
Que maravilha!
Oxalá chegue ao outro canto
e encontre o conforto,
que tanto anseio.
Espírito santo,
pelo menos respiro,
filho pródigo,
que outrora
foi fugitivo,
revolucionário.
Revolução,
cravos e caravelas,
procura o sentido
da liberdade
e deixa ser o que é.
Thursday, 15 May 2008
Na lua
quero pisar os buracos,
quero pular de alegria,
quero sentir-me leve,
quero estar rodeado pelo vazio,
quero sentir o infinito,
quero estar no reino das possibilidades,
e na verdade, quero sentir
todo o meu esplendôr,
perpetuá-lo no tempo.
Só aqui serei feliz,
porque não terei sombras,
no astro da noite,
as almas estão reunidas,
as presenças estão desaparecidas,
a concorrência não existe.
Aqui posso sentar-me
e apreciar a paisagem,
porque para observar,
temos que estar parados,
e sentirmo-nos despojados,
de todas as distrações.
Aqui, sou feliz,
porque não tenho motivos para o contrário.
Wednesday, 14 May 2008
Passeio
e o cheiro a farturas,
veio da roulote da esquina.
"- Ó Dona Etelvina,
avie-me uma,
juntamente com um cheirinho,
para ver se não me engasgo,
porque ir ao hospital,
por um doce destes
é um azar dos diabos."
De boca e mão cheia,
bebi o resto num trago,
para prosseguir o meu caminho.
"- Adeus, Dona Etelvina,
tenho que continuar,
a minha mulher está à espera
das compras na cozinha."
Com as mãos atrás das costas,
de cabeça para o ar,
aproveito o tempo como quero,
gozo a reforma por inteiro,
o salário, querem-me tirar,
posso ter pouco, mas sou feliz,
e não tenho que me preocupar.
Tuesday, 13 May 2008
Magia
Uns nascem virados para o sol,
outros vivem p'ra lutar,
uns nascem para morrer,
outros não saem do mesmo lugar.
O que tu és no presente,
é o resultado do passado,
o que fazes no momento,
vai vibrar em algum lado.
As cordas que ligam a vida,
milhares no seu total,
mexem-se a cada acorde,
no vazio, o som é brutal.
Não chores mais.
Thursday, 8 May 2008
Blues of despair
when the sun rises in the morning,
my night of sleep,
ends in a mourning.
I try to be good,
but I awake to reality,
when I miss the food.
I work all day,
in something that I hate,
I nail the shoes
that some rich will purchase.
My life is ruined,
but I should be playing,
the blues all day.
I prefer to be naked,
but I ain't got the guts,
I prefer to be a hobo,
some say that I'm nuts.
But if I don't sing,
don't sing to my love,
my dreams will faint,
the blues will go away.
Viver na tecnologia
limitação vinda pelo fio,
no mundo do semicondutor,
respiro silício e germânio.
Procuro descobrir-me,
por detrás de uma secretária,
esforço em ouvir-me,
nas oito horas diárias.
Que coisa mais estúpida que faço,
mas preciso de alimento,
se quiser liberdade, fico desempregado
e não tenho mais algum sustento.
A sociedade cada vez mais
impede as fugas da imaginação,
se procuramos ser normais,
mais nos dissolvemos na multidão.
Gota de água
que desta mangueira nasce,
que gera o verde perpétuo
dos campos que floresce.
Aonde chega, toca e molha,
traz alegria e vida,
para onde quer que se olhe,
vemos como ela brilha.
Cria alimento aos homens,
traz paz todas as manhãs,
tira a sede a todos os povos,
faz o dia fluir até amanhã.
Por onde cai as cataratas
nasce uma paisagem bela,
encontra-se nas lágrimas,
de alguém que acabou de vê-la.
Todas as gotas sustentam
marinheiros sem rumo,
as caravelas que zarpam,
navegam para um novo mundo.
Sunday, 4 May 2008
Eu sei como é
sou cinzento por alguma razão,
todos querem-me passar a mão,
mal eu me vá embora,
espetam-me facas nas costas,
eu sei como é.
Tenho cara de mau,
não receio em atacar,
passo a vida calado,
quem se mete comigo
está acabado,
eu sei como é.
Eu fiz um pacto com o Diabo,
comigo já estão marcados,
são todos uns safados,
e agora estão bem tramados.
Quando menos esperam,
caem e já não se levantam,
para quem se arma em esperto,
eu ando sempre por perto,
por isso desapareçam,
antes que levem uma sova a sério.
Para quem me quer dar lições,
não tem moral para me dar sermões,
tiro sempre cartas da manga,
preparo-me para quem me trama,
eu sei como é.
Mel
Thursday, 1 May 2008
Eu sou...
daqueles que morre a tentar,
guarda mil sonhos em si,
mas não consegue ganhar.
Empurram-se na multidão,
lutam para o tal lugar,
tantos pontos de interrogação,
tantos que querem acreditar.
Sempre resguardado atrás,
delicio-me a sonhar,
eu perco a noção do tempo,
eu perco o meu lugar.
Monday, 28 April 2008
Primeiro dia
subi as escadas cheia de vida,
um adulto se erguia em mim,
preparado para a luta continua.
Vestido a rigor,
para querer imitar os adultos,
de colarinho firme e imaculado,
com um rosto brilhante e barbeado.
Apresentei-me, sentei-me,
rodei-me de trabalho,
a novidade trazia a excitação,
própria do momento criado.
Tudo mudou quando uma bomba explodiu,
cheia de sede de vingança,
a minha alegria sumiu,
inocência própria da criança.
Do meu entusiasmo,
o pânico foi criado,
o meu colarinho manchado,
o meu sorriso transformado.
O cheiro a chão queimado
ergueu-se pelo ar,
résteas de papel queimado
dificultava-me a respirar.
Em pânico, partiram-se janelas,
sacudiu-se panos,
do inóspito gerou-se tristezas,
a minha alma secou-me os olhos.
O meu primeiro dia,
tornou-se diferente,
o futuro que podia ter,
foi travado pelo presente.
De repente tudo parou,
gritos, foi a última coisa que ouvi,
sem perceber donde começou,
caí sem conhecer o fim.
Agora escrevo este poema,
sentado numa nuvem do céu,
olho para o local onde estava
e choro por quem morreu.
Wednesday, 23 April 2008
Kafka
"you are free, that is why you are lost."
O tempo tem um poder curativo inexplicável. Demora é tempo a disfarçar as feridas.
Thursday, 17 April 2008
9/11
Quantos corações destroçastes, quantas viúvas criastes, quantos Homens deixastes despidos. Tantas mãos que limparam as lágrimas, tantas almas que petrificastes, tantas pessoas que pararam para te ver morrer.
Fuga
piso pedra,
piso terra,
piso o chão,
piso tudo
menos os pensamentos vãos.
Deambulo para a lua
me ver,
o que faço,
porque grito,
que caminho
percorro até ao infinito.
Estou farto da realidade,
silêncio,
muita gente,
gritaria,
por mim,
já basta viver os dias.
Como eu quero fugir,
para os
teus braços,
receber
abraços,
encontrar os meus sonhos.
Para a vida
cheios de esperanças vã,
dou-vos beleza,
dou-vos Chopin.
Para os sofredores,
para quem grita por Ti,
para quem tem medo do fim,
dou-vos Albinoni.
Para quem vive na natureza,
para quem parte e reparte
o silêncio da ausência,
dou-vos Arvo Part.
Para todos os que morreram,
para todos que estão a morrer,
para os que estão a sofrer,
dou-vos Samuel Barber.
Wednesday, 16 April 2008
Amanhã, amanhã
amanhã, amanhã.
Quando me torno teu amigo?
amanhã, amanhã.
Quando vou ouvir a tua voz?
amanhã, amanhã.
Quando de mim nasce um nós?
amanhã, amanhã.
Quando te vou conhecer?
amanhã, amanhã.
Quando te vou ver ao amanhecer?
amanhã, amanhã.
Quando vais dizer que sim?
- Quando o sol acordar.
amanhã, amanhã.
Se me convidasses para sair,
eu diria hoje,
mas o sonho não se realiza,
não sei quando vou sorrir,
talvez amanhã, amanhã.
Saturday, 5 April 2008
Quando fui criança
outrora, verde e fértil,
enchia-se de brincadeiras infantis,
aqui fui muito pueril.
Esta estrada remendada e esquecida,
outrora, sítio de muito movimento,
era o caminho para chegar à praia
que se descia ao sabor do vento.
Lembro-me deste pinheiro, deste marco,
estas memórias não caíram no esquecimento,
graças aos objectos insignificantes e pequenos,
o passado ainda vive no presente momento.
Perder a inocência
molda-se a alegria e nasce uma pomba,
das mãos do homem,
empenha-se um punho e nasce uma bomba.
Dos olhos de uma criança,
o mundo é sempre perfeito,
dos olhos de um homem,
a raiva nasce de um amor desfeito.
De um sorriso de uma criança,
mostra-se uma inocência sempre pura,
Um homem jamais sorri,
porque já não reconhece a candura.
O choro de uma criança
vem de algo simples que perdeu,
um homem já não chora,
vela as lágrimas de quem sofreu.
Friday, 4 April 2008
Canto I
porque são boas como tudo,
e como eu quero espremê-las
e delas quero sorver o fruto.
Não serei o primeiro, nem o último.
Minha senhora, por onde ides?
O que levai consigo?
Um cesto cheio de manjares,
Deixe-me provar um bocadinho.
Nesse caminho só encontrará tolos,
sempre cheios de cantigas,
porque não se senta neste bordo
e aprecia estas lindas colinas.
Que paisagem maravilhosa,
é uma delícia para quaisquer olhos,
aceite esta linda rosa,
sinta estes cheiros maravilhosos.
Exclamação
era um profano que queria sempre mais,
rodeava-se de mulheres no palácio,
ele gostava de orgias e bacanais.
Thursday, 3 April 2008
Amor não correspondido
que deixar de olhar para quem gostas?
Tu desejaste estar sempre com ele,
mas foste rejeitada e foi-se embora.
Obrigou-te a olhar para o futuro,
deixaste de ser dona de ti própria,
a tua vida entrou em ruptura,
agora vives agarrada à metadona.
Tentas deseperadamente esquecê-lo,
mas as recordações são permanentes,
sentes-te sem coração e cheia de vazio,
mas já não o tens. Bem-vindo ao presente.
Esperas pelas palavras que te dizia,
mas apenas ouves "amo-te" no silêncio,
esperas um abraço forte e seguro,
mas apenas sentes o vento.
Desejas que ele volte com aquele sorriso,
que a mesma sombra quente te ronde,
que a oportunidade de seres feliz, apareça,
mas já não o tens. Bem-vindo ao presente.
Tens o teu íntimo profanado,
mostraste-lhe sempre o que sentias,
a tua energia morreu com a tua alegria,
como resultado, ele deixou-te um ferida.
É isso o que sinto por ti.
Wednesday, 2 April 2008
HHC
os minutos a investir no destino,
aquele que assumiu uma missão
e que não precisa mudar de caminho.
Humilde é aquele que nunca se esquece
das necessidades e do trabalho,
aquele que não precisa de sobrepôr-se
para lutar pelo seu sonho.
Corajoso é aquele que assumiu os gostos
e não se rende à maioria,
aquele que mostra às pessoas
que há muita vida para ser vivida.
Inteligente é aquele
que com humildade, habilidade
e coragem vive o seu dia.
O coxo
em consonância com o que pensas,
sobre a tua cabeça ergue-se algo
que bate numa consciência.
De costas não existem os olhos,
nem boca, nem palavras,
apenas vejo-te como um humano,
com todo o valor que representas.
De ritmo desconcertado,
coxeias à medida que andas,
disfarçando os percalços.
Mas os calços que calças
não disfarçam os saltos que saltas
à medida que manquejas.
Monday, 31 March 2008
Cancro
inesperadamente, sem deixar uma despedida,
deixar-nos-à desamparados, nús de alma,
entregues a nós, entregues à vida.
A tua juventude foi substituída
por esse cancro, células malignas
que se alojaram em ti, inquinando
o teu sangue, infectando a nossa família.
Rodela negra, inconsistente,
donde todos os vermes brotam,
sanguessugas nojentas e letais,
essas larvas que te derrotam.
Deus deu o sol, as crianças e a vida,
como também trouxe a renovação,
a cada dia que passa somos mais mortais,
mais figadais às nossas vísceras.
A vida goza, manda, estipula o nosso destino,
sem dó nem piedade. Diz quem fica e quem vai,
quem sofre e fica sem pai. Só nos resta levantar a voz
e honrar todos os homens que pereceram antes de nós,
antes que seja tarde de mais.
Saturday, 29 March 2008
Limite
fixo o meu lugar, limito o alcance,
não sei se da minha escolha, padeço,
faço a vida a partir de uma chance.
Todos os pontos exteriores foram esquecidos,
não sei o que perdi por não ter olhado,
coisas espectaculares devem ter acontecido,
porque por aqui está tudo parado.
Os corações são pontes que ligam almas,
as mãos ligam pessoas, as pessoas criam a humanidade,
em grupo, no telhado, o chão colma,
mas só posso entregar-me a uma verdade.
Remoinhos
de esperança, de fúria e de medos.
Eles lutam para conjugarem-se
num espaço cheios de sonhos cadentes.
Tornei-me num corpo remendado
de tentativas frustradas. Acabado!
Tenho o desespero de ter muito para dar
e de ficar pelo caminho, sempre a tentar.
Transpiro insegurança e dúvidas,
o medo de gritar por Deus e ele não me salvar.
Os meus sonhos foram devolvidos à loja,
à espera que outro os veja.
Ninguém compra o que acredito,
o que choro, o que grito.
Tenho muito trabalho para fazer
por dentro para poder renascer.
Reflorir
cobre-as de folhas num instante,
de amarelo de Outono gera vidas,
o silêncio é um tipo de calmante.
O amor é como beber chocolate,
de tão doce, o amargo arde por dentro,
a azia e o sofrimento que haste,
num corpo tão doente e tão dormente.
Deixei de ser a ingénua criança,
quando metade de mim pereceu
dentro da minha primeira mulher.
Só irei encontrar o resto da esperança,
quando da outra metade que morreu,
outra mulher renascer o meu ser.
Thursday, 27 March 2008
Mais um dia
biliões de balas são criadas
só para ti.
Queres uma?
A cada dia que passa,
milhares de cigarros
são criados.
Queres um?
Cada bala disparada,
bling,
cada cigarro acendido,
bling.
Quaisquer das escolhas
faz-me rico
e leva-te até à morte.
Faz parte da vida.
Sou Presidente
com os meus cânticos.
Saltam, andam
por onde quero.
E aos que se opõem,
crio leis.
Sou tão poderoso!
Apreciem as minhas roupas,
a minha casa,
a minha arma,
porque eu aponto-a
para todos vós.
Cada um vai receber uma bala,
a última é guardada para mim,
porque nunca a vou disparar.
Eu faço o que quero
porque deixaram-me.
Gritem comigo,
"Vivam os ideais,
vivam os ideais!"
Vocês, manada,
obrigado. Adoro-vos.
Dei-vos notícias falsas
que alimentam o vosso ego.
Dei-vos música e agora
andam a perder tempo
a convencerem-se com opiniões.
Vocês lutam entre si,
para sobressaírem-se,
para mostrarem-se a mim,
mas eu não quero saber
e finjo o contrário.
Otários.
Eu sou um sociopata,
compro relógios de ouro,
digo ao mendigo
que não tenho dinheiro.
Fecho os olhos como vocês,
porque acredito em Deus.
Ele há-de trabalhar por mim,
vocês trabalharão por Ele,
eu mando em vocês
e amo-vos a todos.
Do The Evolution - Pearl Jam
I'm the first mammal to wear pants, yeah
I'm at peace with my lust
I can kill 'cause in God I trust, yeah
It's evolution, baby
I'm at piece, I'm the man
Buying stocks on the day of the crash
On the loose, I'm a truck
All the rolling hills, I'll flatten 'em out, yeah
It's herd behavior, uh huh
It's evolution, baby
Admire me, admire my home
Admire my son, he's my clone
Yeah, yeah, yeah, yeah
This land is mine, this land is free
I'll do what I want but irresponsibly
It's evolution, baby
I'm a thief, I'm a liar
There's my church, I sing in the choir:
(hallelujah, hallelujah)
Admire me, admire my home
Admire my son, admire my clones
'Cause we know, appetite for a nightly feast
Those ignorant Indians got nothin' on me
Nothin', why?
Because... it's evolution, baby!
I am ahead, I am advanced
I am the first mammal to make plans, yeah
I crawled the earth, but now I'm higher
2010, watch it go to fire
It's evolution, baby
Do the evolution
Come on, come on, come on
Pequena rapariga
quero ser o teu namorado.
Deixas-me?
Gostava de beijar
a tua cara.
Deixas-me?
Gostava de ver
todos os dias
os teus olhos.
Gostava
de apertar
a tua mão.
Pequena rapariga,
por favor,
não digas não.
Crime
corro,
corro,
arfo,
respiro,
não sinto as pernas.
Árvores,
árvores,
árvores,
terra,
pedras,
querem apanhar-me.
Fujo,
fujo,
fujo,
fuga
perdida,
apanharam-me.
Grito,
grito,
grito,
faca,
suplico,
golpe bem dado.
Sangue,
sangue,
sangue,
choro
sem volta,
deixaram-me sózinho.
Parado,
parado,
parado,
não consigo
parar
a morte certa.
Livre triste
fui abandonado,
até levaram
o meu dever.
Estou sózinho
e sem quaisquer
obrigações.
Estou parado,
a descansar,
porque não tenho
qualquer mulher.
Vilancete da mulher
da minha boca só sai tédio,
nas palavras, ninguém me leva a sério.
Procuro ser o mais delicado,
mas de tanta delicadeza só sai desastre,
é um embaraço que se haste
que no fim saio cansado,
feito num trapo esfarrapado
e já ninguém me leva a sério.
Sou um grande tédio.
Irmã, preciso dos teus conselhos,
preciso de um conselho de mulher,
preciso do teu saber.
Sou um desastre entre esses seres,
de tanto cuidado, elas fogem,
as mágoas de amor oprimido nascem
o amor a sério nunca floresce,
o sentimento de solidão cresce,
falta-me tudo o que poderia ter.
Irmã, quando acabas por nascer?
Wednesday, 26 March 2008
Obrigado por nada
apareceste à minha frente cheia de fel,
sem perceber porque razão assim falaste,
eu sou o actor que tem o menor papel.
As vezes que te aproximaste
foi sempre de forma dura,
disponibilizei-me para compreender
a razão da tua agrura.
Sou a pessoa que mostrou interesse,
não percorri um grande troço
porque não tinha nada para fazer,
talvez se parasses e pensasses,
irias compreender o esforço
que faço para te entender.
Tuesday, 25 March 2008
Amigo indesejado
- Quem é?
- É a rejeição. Voltei...
- Qual é o teu problema agora?
Não há mais ninguém para chatear?
Já estou farto de ver a tua cara,
está na hora de abandonares esta casa,
não estou com vontade em te ver.
Já lá vão esses tempos.
- Mas meu amigo, tu sabes o que te aguarda?
- O que me aguarda é o que eu quero ser,
não tenho que dar satisfações a alguém,
não pedi nada, não têm que cobrar,
pega nas tuas coisas e vai-te embora,
tenho muito trabalho para fazer,
muitas coisas para conquistar,
tenho que encontrar o meu lugar
e não quero mais contratempos.
Lamentos
por tão pouco preferiste esquecer,
nuvens de tortura começam a formar-se,
a tempestade começa a abater.
Por tão pouco foste-te embora,
as palavras que te escrevi não valeram nada,
o amor que tentei mostrar-te foi ignorado,
só fui esquecido porque
não tenho a cara que tanto procuravas.
Por tão pouco perdi tudo,
só ganhei
uma dôr sem fundo e sem razão,
por gostar de ti a sério,
não sei o que me resta, não.
Cada vez que olho para alguém,
imagino-te presente sempre ao pé de mim,
Deus pregou-me uma partida,
és insubstituível,
Por tão pouco caí.
Monday, 24 March 2008
O amor
multiplicar ou dividir,
quantas vezes for necessário,
tantas vezes até ficar preciso.
O amor, não sei defini-lo,
arde, quando não é correspondido,
mata, quando é sofrido.
Cigarros
e agarrados sempre da mesma forma,
andam juntos com o pensamento
de uma pessoa que não se conforma.
Enconstam-no à cabeça desesperados,
à espera que traga as palavras,
mas a nicotina vai criando agarrados,
fingindo que lhes dá paz.
Simbolo forte, mas que tem que ser apagado,
porque as ideias nascem cá dentro,
sem qualquer elemento químico associado,
a dôr só sai numa alma que sente.
Outro eu
do avesso, O que seria?
Seria alguém nesta vida,
ou simplesmente desaparecia?!
Estaria neste lugar,
ou talvez noutro país?...
Talvez tinha morrido,
talvez não sofria.
Talvez estaria do teu lado,
talvez seríamos felizes,
talvez tinhas outra personalidade,
talvez tinhamo-nos entendido.
Ninguém
sem trabalhar não sou alguém,
não tenho valor, nem moral,
nem comida, nem vintém.
Parado, esqueço o meu lugar,
perco o tempo outrora ganho,
o que eu lutei no meu passado,
é agora desperdiçado.
Sou como um animal tapado,
reduzido ao momento,
apenas tento sobreviver,
para que não me falte alimento.
Sunday, 23 March 2008
Pão Ázimo - Miguel Torga
Murmuro o padre-nosso
E tenho medo e vergolha!...
Sim... Perdão, Padre... Perdão...
É pecado!...
Pedir!... Pedir o meu pão!...
Uma boca não pede o que lhe é dado!
Sim!... Prometo e comprometo
A minha Fé!...
Mas, ó Padre, quem é...!?
Ah! Não... Não, Padre... Perdão...
- E vem a morte...
- Pois vem...
- E o inferno...
- Também...
Vai pedir o perdão a tua Mãe,
E a teu Pai...
Vai...
- Ninguém me perdoou, Padre, ninguém!
Nem meu Pai, nem minha Mãe!...
Dizem no mesmo tom
Que nem sou mau nem sou bom!...
Não me aceitas disforme,
Mas conforme!...
- Pecador! Faz penitência...
- Já fiz sangue nos joelhos!...
- Faz penitência...
- Já tenho os olhos vermelhos!...
Já dei murros nos ouvidos!...
Já matei os sentidos!...
- Faz Penitência...
- Perdão, Padre! Perdão!...
Mas não!...
Já fiz tudo o que podia!...
- Tem paciência!...
Faz penitência
Mais um dia...
Saturday, 22 March 2008
Flôr amiga
A única personagem nesta paisagem idílica é esta flôr de dorso branco, forte, com pétalas em forma de quilha, que mostra toda a generosidade que tem dentro de si ao florir. Flôr, deixa-me dizer o que sinto ao te ver. Eu sei que abraças a moralidade e mostras o teu esplendor vestido num branco casto. Mostras explicitamente uma pureza que nunca foi corrompida e que segue as regras criadas por ti. Tu sabes quem te pode tocar. Tu traças uma linha que só deixas passar quem queres. O resto das pessoas, como eu, apenas têm a oportunidade de sentir o teu perfume intenso e doce à distância. Estou apaixonado por ti. Gostaria de ser alguém importante para ti. Torna a minha vida inesquecível, fazendo os meus sonhos tornarem-se reais.
Minha pequena flôr humilde, que já te tomei como minha por me marcares uma presença indelével, deixa-me ter-te só para mim. Mas tu não queres ser separada das tuas irmãs, porque és benevolente, porque sabes que vocês são mais fortes unidas. Que caridade estás a fazer ao mostrares o teu esplendor. Como resistes a todas as influências e apenas cumpres o teu papel que é mais do que justificativo da tua importância nesta terra.
Tu tornaste-te a minha referência e, antes de te perder no Outono, gostaria ser sempre teu amigo. Pode ser? Visitar-te-ei todos os dias. Prometo!
Obrigado por me deixares guardar este cheiro até ao fim da minha memória. O eterno cheiro a flôr de laranjeira.
Wednesday, 19 March 2008
Microcosmos
é angustiante olhar para tal ser,
que de tanta virtude nos exalta,
destapando a frustração de não o ser.
Por detrás de tanta vida,
há sempre algo que nos toca,
momentos que nos desconcentra da luta,
que nos faz vítimas da chacota pública.
Algo se torce como um pano,
espremendo o resto da nossa voz,
é a revolta do momento,
apanhado pela tortura que jaz em nós.
Os problemas que as regras levantam,
limitam o alcance da nossa vontade,
condicionam os nossos sonhos,
sonhos fundados na liberdade.
É curioso quando algo parecido acontece,
é como um monstro que aparece,
vindo da noite ao amanhecer,
trazendo o frio da incerteza.
Só nos resta permanecer quietos
e esperar que olhos não tremam,
juntar as pontas descompostas,
derrotados pelos conceitos da natureza.
Hope there's someone - Antony & The Jonhsons
Who'll take care of me
When I die, will I go
Hope there's someone
Who'll set my heart free
Nice to hold when I'm tired
There's a ghost on the horizon
When I go to bed
How can I fall asleep at night
How will I rest my head
Oh I'm scared of the middle place
Between light and nowhere
I don't want to be the one
Left in there, left in there
There's a man on the horizon
Wish that I'd go to bed
If I fall to his feet tonight
Will allow rest my head
So here's hoping I will not drown
Or paralyze in light
And godsend I don't want to go
To the seal's watershed
Hope there's someone
Who'll take care of me
When I die, Will I go
Hope there's someone
Who'll set my heart free
Nice to hold when I'm tired
Twilight - Antony & The Johnsons
I fall in the Harbor
Twilight
I fall in the hills
But here in the city
That never sleeps
I can fall
Through one's fingers
When the swan
Flies to heaven
Soaring through
The utmost fear
There's a feeling
That lingers in the afterwards
Will you ever return
Twilight
I sit at all tables
With my candles
And angels besides
And I shall wait forever
As the day turns to night
Swallowed in the shadows that glow
When I sought out a light
And I knew darkness swallowed
I beseech, come to me
All alone, come to me.
Saturday, 15 March 2008
Cinco personagens
Nasci sem perceber de onde vim,
agarraram-me,
viraram-me ao contrário,
bateram-me para respirar,
vim à terra sem saber
e nunca mais vou descobrir.
O namorado:
Sou feliz, encontrei a vida,
encontrei coragem,
quero ver-te, quero ver-te,
quero ouvir o teu nome
dito pelo padre.
O marido:
As obrigações elevaram-se,
os sentimentos recalcaram-se,
a inocência perdeu-se de vez,
das marés procura-se
construir estabilidade.
A vítima:
Não me mates,
tenho coração para viver,
tenho alma para descobrir,
não me mates,
não me...
O velho:
Desculpa a minha podridão,
estou a morrer,
estou a deixar de sentir,
o meu corpo relaxa,
a mente pára,
não consigo reagir.
Tá perdoado - Maria Rita
Defumei o corredor
Perfumei o elevador
Prá tirar de vez o mal olhado
A saudade me esquentou
Consertei o ventilador
Pro teu corpo não ficar suado
Nessa onda de calor
Eu até peguei uma cor
Tô com o corpo todo bronzeado...
Seja do jeito que for
Eu te juro meu amor
Se quiser voltar
Tá Perdoado!...
Fui a pé a Salvador
De joelho ao Redentor
Prá ver nosso amor abençoado
Nosso lar se enfeitou
A esperança germinou
Ah! Tem muita flor
Prá todo lado
Prá curar a minha dor
Procurei um bom doutor
Me mandou beijar
Teu beijo mais molhado...
E se voltar te dou café
Preliminar com cafuné
Prá deixar teu dia mais gostoso
Pode almoçar o que quiser
E repetir, te dou colher
Faz aquele jeito carinhoso
Deixa pintar o entardecer
E o sol brincar de se esconder
Tarde e chuva eu fico mais fogosa
E vá ficando pro jantar
Tu vai ver só, pode esperar
Que a noite será maravilhosa
Pode almoçar o que quiser
E repetir, te dou colher
Faz aquele jeito carinhoso
E vá ficando pro jantar
Tu vai ver só, pode esperar
Que a noite será maravilhosa...
Ver Maria Rita:
Vida no profundo oceano
Vários peixes, moluscos e crustáceos cumprem o ciclo da vida. Não sei se está correcto em afirmar um ciclo, porque neste local a escuridão é imutável. Peixes sem boca, apenas com um orifício rodeado de dentes pontiagudos perpendiculares à cara, movimentam-se em pequenas tiras negras à procura de comida para sugarem. Outros peixes tentam pintar o escuro com rosáceas violetas que brilham na pele a cada respiração. Tubarões de quatro metros e duas toneladas de força cortam a água a uma velocidade absurda. Polvos morcegos, na forma de uma mão fechada em cone, voam ilusoriamente a cinquenta centrímetros do chão arenoso. Caranguejos escondem-se nas rochas para sobreviverem.
A natureza manifesta-se em milhões de formas inimagináveis, mas sempre com as mesmas regras. Com todo o desprendimento próprio de saber que é diferente, gera vida em qualquer parte que toque.
Thursday, 13 March 2008
Jovens apaixonados
passeamos longe da cidade,
distante das rotinas,
num campo de sonhos.
Dou-te esta flôr que me levou a mesada,
dou-te a minha mão, a minha cara,
mais não te posso dar.
Somos dois estudantes tolos,
vivemos de simplicidade,
respiramos ingenuidade
e transmitimos esperanças.
Basta-nos ver o sol a morrer,
sentados nos campos, abraçados,
a dizer que apenas precisamos
um do outro.