Tuesday 26 August 2008

Flôr inquinada

Antes de ires para o trabalho,
apagas o gás, fechas a porta,
metes-te na roda mecânica do motor,
arrancas em piloto automático.

Raia, seguido de riscas,
metro atrás de metro,
vais porque tens que ir,
porque não sabes como descobrir,
como compensar o tempo,
como viver num espaço perdido.

Quando eras criança,
brincavas por brincar,
andavas com os teus amigos,
saltavas por saltar,
que ninguém se importava.

Agora que te tornaste adulto,
os teus companheiros são as contas
que chegam ao correio sem pedires,
apenas tens que pagar com o teu sofrimento,
com o que sofres por teres um trabalho qualquer,
por perceberes que ninguém se interessa por ti,
porque os teus pais morreram e estás sózinho.

Tentas florir na vida,
mas estás condenado a morrer já no princípio,
só encontras poluição,
todos querem levar-te até lá,
todos querem ver-te a morrer,
a definhar, porque não te conhecem e têm inveja de ti.
Morre, morre, porque assim já não me fazes sombra,
e como ganho poder com o sofrimento dos outros,
e isso dá-me prazer.

No comments: