Sunday 12 July 2009

Num só momento...

Entram de repente homens de máscaras brancas,
enquanto descansas finalmente quase perfeita,
feitiços de mãos sobre três lâmpadas brancas,
não te fazem esquecer o que viste à espreita.

Quem tu querias encontrava-se no cenário errado,
fizeste as malas, saíste sem qualquer arrependimento,
onde tu devias estar, o lugar tinha-se trocado,
de braço esticado, saíste, viras as costas ao vento.

Sobre a mesa um livro, copo, café e mentol,
com tanto afinco afirmas para não te desconcentrares,
decalcas a história que queres contar num postal,
para alguém que te conhece e quem só tu sabes.

Dobras-te sobre a mesa, de sobrancelhas aprumadas,
de caneta afiada a tua mão não pára quieta,
numa desgarrada de palavras de ódio ao amor,
nada fica para trás porque não suportas fins abertos.

Todos os raios juntaram-se para te dar a força
do universo para além do que possas escrever,
donde estou, nada diria que paraste aqui p'ra dizer
algo tão forte e duro, que te obrigue a mover.

Com as malas de viagem à frente dos joelhos,
corajosa, arrumas o cabelo, agarras os teus pertences,
aprumas-te, partes para a continuação da tua jornada,
para antes passares num correio e depois embarcares.

É o fim, ou o princípio?
Ninguém sabe.
Estarás cá para ver.

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