Tuesday 7 July 2009

Montanhas

Num emaranhado de pernas,
que me fixas para não me perderes,
que me cunhas para decorar,
como se eu quisesse não te ver.
O caminho que nos trouxe aqui,
nos túneis escuros por que passámos,
onde abres um sorriso quando me vês,
nos intervalos de luz aos bocados,
tens medo que me vá embora de vez.

Não me faças rir, não te enganes,
eu quero estar próximo de ti a toda a hora,
como um riacho a cair por entre as pedras,
pronto para te descobrir,
quero ser a água, o cavalo-marinho,
ser a flôr, ser o beija-flôr,
ser todo o espaço limitado em ti,
segurar as estrelas em carrosel,
prontas para iluminar o teu mel.

Bates-me no peito para marcar o ritmo,
o teu ritmo, os teus passos, a tua batida,
a alegria, a vida em ti, como cervos na montanha
a passearem por vales de leite,
esquilos que levam bolotas ao peito
para as crias abrigadas em pinheiros,
e os pais morrerem de felicidade
pelo ciclo chegar ao princípio,
e escolherem por terem ficado neste sítio.

Não tenhas medo com os degraus que desdobram,
todos os sustos que tenhas passarão por mim,
entrelaçados de cantenárias,
fios que nos levam ao fim,
tudo vai parar nas montanhas,
onde tudo está plantado para ti,
todo o rumo lento em que nos deitámos,
serão segundos de encontro ao nosso ser fogaz,
e estruturaremos um amor traçado na realidade.

Não me perguntes porquê,
pensamos o mesmo ao mesmo tempo,
mas as dúvidas só o tempo as tirará,
e iremos ser dois leitos a unirem-se,
a formarem um rio tenaz,
onde todos os pássaros irão nos visitar,
e quererão procriar,
porque a bondade junta-se à nossa vontade,
e iremos explodir com a verdade do nosso lado.

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