Tuesday 23 June 2009

O julgamento

Bato com as folhas do livro nas mãos. Num movimento constante procuro disfarçar os nervos em que me encontro.
- Porque fazes isto?
- Isto o quê? - replico.
- Pára quieto com as mãos!

Os sucessivos julgamentos têm dado cabo da minha saúde. O juíz, sempre com um ar moralista tenta controlar-me. Vestido de corvo, trata-se mais de uma personagem necrófoga que tem prazer em encontrar culpados.

As várias sessões tem-se tornado numa batalha de David contra Golias. Procuro defender-me com unhas e dentes, mas o muro está a cair. Que faço aqui? Quem me pegou em mim em Berlim e trouxe-me até aqui?

Procuro evitar as janelas estriadas, onde os muros irão guardar os segredos da minha vida. Procuro fugir ao isolamento. Ai! Se não conseguir safar-me, tenho a certeza que muita gente está interessada em pôr uma bala no meu crâneo.

Procuro trazer a melhor confiança possível para a frente, para que consiga controlar as palavras. Este é o momento para evitar que estes dias se tornem negros. Se não conseguir, morri.

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