A escrita tornou-se o meu último tesouro que ainda me dá prazer em ter. Com a escrita procuro alisar a inconstância da vida e do pensamento que andam sempre desencontrados.
Os pensamentos têm o dom de desencaminhar qualquer pessoa de um caminho que já por si sofre de falta de sinais. Se me encontrasse com Deus, exigiria que sinaliza-se melhor o caminho da vida, senão é impossível encontrar alguma alma que se tenha encontrado plenamente em todo o seu caminho. Todos nos perdemos algures na vida, muito deles nunca mais encontrarão o caminho de volta.
Se não uso as palavras para descrever a linguagem silenciosa que constitui o pensamento, jamais poderei explorar os limites da imaginação. Como alguém se pode conhecer se não se olhar ao espelho?
O ser humano é marcado pela incapacidade de se olhar para si próprio. Andamos sempre no mesmo vício de comportamento, mesmo quando julgamos que estamos a agir de forma diferente, simplesmente porque não conseguimos nos observar à medida que agimos. Muitos de nós desconhece a própria cara quando se ri, quando fica espantado, quando vê alguém de quem gosta ou mesmo quando chora. Acabamos por ser um mistério para nós próprios. Isto torna-se uma contradição se levarmos em conta que andamos todos os dias da nossa vida com o mesmo corpo, com a mesma cara e com o mesmo pensamento.
O ser humano já pela sua própria existência é uma contradição. Mas não estranhemos esta ideia, porque a existência do mundo em si e do universo também é uma coisa muito particularmente disforme.
Se não uso a escrita como tentativa de procurar uma lógica neste mundo, pode-se dizer que me podem internar, pois perdi qualquer noção da realidade.
Saturday, 7 February 2009
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