Wednesday 26 October 2011

Quando as pedras param de rolar?

Enquanto as mãos não se apoiarem,
as pessoas pararem,
deixarem de ser baratas sem cérebro,
egoístas, convencidas e materialistas,
com comportamentos de esquizofrenia,
as pedras não pararão de rolar.
Nunca ficarão satisfeitas,
morrerão sedentas pelo que não têm,
promoverão o dinheiro para se disfarçar,
a inveja estará sempre presente no olhar,
simplesmente porque se perderam há muito tempo.
Meterão medo nas pessoas,
para lhes tirarem o que lhes pertence por direito,
dirão que o consumismo é o caminho a seguir,
e o assassinato do nosso irmão
é um alívio para os nossos filhos.

Monday 17 October 2011

While walking down the street, I heard an old man say
"I've been in love with the same woman for almost 50 years now."
I was touched until I heard him say - "I wish she knew".

Maybe I'm next. But in my case, I wish she loved me.

Tarde numa praia de nudistas

A tua gordura forma folhos
de uma nudez em dias de novena,
saltas para a água calma,
em plena tarde de açucenas.

Ela abraça-te no que pode,
no que tu consegues deixar,
e o teu corpo então sente,
a natureza e o seu olhar.

Apertas o peito para provocar,
auréolas lunares reflectem no céu,
a corrente leva-te devagar,
o pudor que se encontra ao léu.

Secas-te ao sol como um lagarto,
deixas que o sal se cole à tua pele,
o vento não move as agulhas do pinheiro,
mas tu adoras aquele homem reles.

Fala ao Coração **

Meu Coração, não batas, pára!
Meu Coração vai-te deitar!
A nossa dor, bem sei, é amarga,
Sabe a cicuta de amêndoa amarga:
Meu Coração, vamos sonhar...
Ao Mundo vim, mas enganado.
Sinto-me farto de viver:
Vi o que ele era, estou maçado,
Vi o que ele era, estou cansado.
Não batas mais! Vamos morrer...
Bati à porta da Ventura
Ninguém ma abriu, bati em vão:
Vamos a ver se a sepultura
já tem a minha altura.
Não faz o mesmo, Coração!
Adeus, Planeta! adeus, ó Lama!
Que a ambos nós vais digerir.
Meu Coração, a Velha chama,
Meu Coração, ninguém me chama.
Basta, por Deus! Vamos dormir...


**Versão modificada do poema de António Nobre com o mesmo título

Amor eterno

O meu amor por ti é eterno,
mesmo que nele haja nada que te impele,
ele há-de ficar amarrado para sempre,
como fica a donzela presa no castelo.

Pode-se disfarçar, esconder,
cobrir-se com gestos de prestidigitação,
mesmo que negue que dele se possa viver,
é nele que arde o meu coração.


Tuesday 11 October 2011

Carta de amor perdido

Não há dia que não pense em ti. Sem nunca querer interferir na tua vida, é-me inevitável constatar que, para uns estarem feliz, outros ficam para trás.

Eu fiquei para trás, e a minha vida ruiu. A incerteza de que alguma vez irei levantar-me novamente está presente diariamente.

Perder quem se ama, é como estar a morrer de cancro infinitamente. As pessoas respiram e tentam comer, mas já perderam o fôlego da vida. Às vezes penso que é mais fácil morrer de cancro do que por falta de amor. Simplesmente, porque o cancro tem um fim.

Dizem que é possível voltar a ser feliz, mas não é possível amar duas pessoas da mesma maneira. No que sinto, dúvido que volte a amar alguém como amei. Duvido encontrar alguém que me liberte e me faça feliz. As pessoas que vierem depois de ti, serão remendos para disfarçar feridas. Eu não gosto de viver em remendos e há anos que não sei quanto tempo me resta.

10 things I hate about you poem

I hate the way you talk to me,
and the way you cut your hair.
I hate the way you drive my car,
I hate it when you stare.
I hate your big dumb combat boots
and the way you read my mind.

I hate you so much it makes me sick,
it even makes me rhyme.
I hate the way you’re always right,
I hate it when you lie.

I hate it when you make me laugh,
even worse when you make me cry.
I hate it when you’re not around,
and the fact that you didn’t call.

But mostly I hate the way I don’t hate you,
not even close…
not even a little bit…
not even at all.

Saturday 8 October 2011

Stream

Inspecting myself,
I see shatters spread,
each bit on a dimension,
completely unattached.

How can someone live everywhere,
but in no place at all,
left inside in the probes of void,
breathing, breathing, gasping.

Bubbles spit from the corner,
like chords of a piano
played in an asylum,
and counting down to craziness.

I jump into the river,
looking for a stream,
something that take me
to the unity once lost.

Enchanted mermaids appeared,
and hug me,
from that moment onwards,
I know that I've drowned.