Thursday 15 September 2011

A Madrugada

A madrugada,
quando chega a casa
na companhia dos noctívagos,
dos bêbados, dos jovens,
e quando parte
com os trabalhadores,
os que não têm sorte,
os que não sentem.
A mesma janela iluminada
abraça duas vidas,
a de quem está preso,
a de quem se julga livre.
Dos que sonham todo o dia
com olheiras de nada,
os que desejam
que a vida renasça,
nem que seja
com a ajuda da lotaria.

A madrugada
é a intersecção
do início e do fim,
quando as mãos tocam-se,
num segundo rápido.
As pessoas vivem enganadas,
alegremente desinibidas nos cantos,
cheios de cheiros depravados,
as vergonhas ficaram em casa
a dormir com a rotina diária.
Para os que não repararam
que o ciclo acabou,
os que ficaram já foram notificados,
e assim perdeu-se o contacto,
de quem desapareceu,
inesperado,
porque a noite tem um fim,
e na noite ficou inacabado.

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