Tuesday 8 February 2011

A crueldade da matemática

Aproximamo-nos mais do que nunca da matemática,
do abstracto e da sua razão,
rectas em movimento no mapa mundi,
somos pontos em circum-navegação.

A vida traçada em números,
operações tomadas com facilidade,
independente das consequências causadas,
da insensibilidade posta sobre a realidade.

"Mas que mal eu fiz para ser rejeitado?"

Nenhum. Não interessa o que te custa ínfimo,
pois vais ter que sangrar para singrar de qualquer maneira,
para mostrares que qualquer coisa vales,
mesmo que seja um disfarce duma vida inteira.

"Pai, eu não aguento."

Mostra-te, esconde-te e se não aguentas morres à fome,
tens que aprender a matar para seres gente,
tens que ser cruel para seres admirado,
são as regras da insensibilidade.
Se não conseguires, paciência.
Aqui não há ciência. Apenas crueldade.

"Pai, eu não aguento."

Suicida-te, meu filho. Há muito tempo que perdemos a liberdade.

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