Friday 28 January 2011

Terra por terra

Quando nos sentimos mais próximos da terra,
vislumbramos o poder presente da vida,
perdemos todos os disfarces do dia-a-dia,
no momento da morte sentimo-nos mais realistas.

Um momento que faz os olhos saltarem,
quando o medo invade todo o centímetro em nós,
a igreja ressoa os sinos avisando a proximidade,
do pó nós nascemos, do pó benzido nos cobrem
quando nos enterrarem.

E até lá é uma pantomina de marionetes,
umas bizarras, outras escondidas, outras falsas, outras tímidas,
o palco montado no manicómio da vida,
que nos consome de inutilidades
para sermos tão inúteis como quem nos vigia.

E o relógio de cuco acusa o tempo a avançar,
não há tempo a perder, pois todo ele é para descobrir,
se do pó nascemos e a terra marca o fim,
o que fica aqui são os actos registados,
para quem vier a seguir continue com o nosso trabalho.

Aonde é que anda a filosofia, aonde é que anda a moral,
só se fala de economia, mas retrocede-se no tempo,
julga-se que se avança, mas planta-se a ignomínia,
que um dia um perverso irá se aproveitar para plantar o medo.

Só procuram instaurar um perpétuo movimento,
como se as pessoas sofressem de ataques de nervos,
mas do momento mais parado irá brotar a mudança,
e as pessoas não irão reparar porque estão entretidas a andarem em círculos.

É no silencio que o bem e o mal nasce,
usa-se a ignorância para se propagar por cada género,
e do chocante entralha-se e torna-se o comum,
sem respeitar a privacidade de quem perdeu o tempo.

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