Thursday 4 November 2010

Heroína

O corpo procura sobreviver ao vício,
mas o corpo precisa do vício para viver,
já ninguém gosta do vicío que tem,
mas nem ele, nem o corpo o consegue perder.

O cinto de segurança soltou-se de repente,
o fundo já não segura o que devia segurar,
só um copo de whisky o consegue manter à tona,
arranha os dedos na mesa porque nada sente.

Julgava-se grande e não temia o perigo,
nada o preenchia e sentia-se omnipresente,
em qualquer lado, por qualquer ângulo,
sentia-se seguro, mas soltaram a serpente.

"Eras a minha heroína, apenas só para mim,
a minha glória que me entendia,
como alguém tão pequeno me ouvia tão bem,
agora é ela que exige de mim."

Agora é um constante bater à porta,
abre-a porque sabe que uma mão dará o que quer,
não o ouve mas o faz acalmar no tempo e agora
o corpo é que decide até quando tem que viver.

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