Saturday 25 September 2010

Quero o que não quero

Como às vezes me custa que o pêlo se desponte do peito
e que o rio se encha, transborde e trace um caminho a eito
uma estrada bem definida e pela paisagem mais bonita,
aquela que eu acho que me contradiga e que me excogita.

Por muito ouro que me dêem, se não brilhar como eu quero, não quero,
porque o ouro tem que ter aquela côr que os meus olhos se interessem.
Como posso apreciar algo posto à minha frente se não a vejo,
se o que sinto, o que possa pensar e que considere nela não me revejo.

O que podia lograr torna-se em logro, como um lugar que perde o lugar,
uma ave que continua a voar e não deixa rasto e esqueça-se do caminho voado,
Do sonho que sonhe e que acabe por não me excitar como sonhava,
por muita espontaneidade que queira se torne numa coisa premeditada.

Como eu quero uma aventura, mas que me tragam o catálogo das viagens,
como quero sentir que estou vivo nos parâmetros por mim traçados,
como eu quero o desconhecido, se do quintal que vivo nunca me desmarco,
como eu quero o que não quero, porque do que quero não tiro vantagens
e dele não me separo.

No comments: