Friday 26 June 2009

O adivinho

Neste eterno e perpétuo caminho,
encontro um homem adivinho,
que pergunta-me se quero estar
neste lugar ou noutro sítio.

Eu pergunto porque me diz isso,
ele responde-me para me conhecer,
mas eu sei o que prefiro,
e o que pretendo não posso ter.

Prefiro estas pedras das calçadas,
preferia ter a oportunidade de escolher,
e não ter que receber o indesejado,
simplesmente porque assim alguém o quer.

- És selectivo?
- Sim sou, se bem me conheço.
- Então porque mostras o contrário?
- Porque procuro conquistar sítios a que não pertenço.

- Mas porque te enganas,
se o que tens é mais que suficiente para viveres?
- Talvez pela inerente insatisfação humana,
de querer o que não se pode ter.

Talvez por querer tanto algo,
que esse algo não acontece.
Talvez por estar cansado de esperar
a ver os dias a sucederem-se.

- Mas porque insistes?
- Por um ser ser insubstituível,
pela dúvida de não ter, existir,
pelo meu coração ser-me fiel.

Por ter coragem em dar a minha vida,
para as mãos de um desconhecido,
por apostar toda a minha vida
nos sonhos que acredito.

- Olha os caminhos que escolhes...
- Dá-me um caminho agora e de vez!
O que há em abundância é falta
de nenhum caminho chegar-se à frente.

O adivinho foi-se embora,
num instante gerou-se silêncio,
não percebi o que se passou,
talvez quem me responda seja o tempo.

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