Friday 29 May 2009

O documentário

São palavras cantadas,
que duma voz falada,
tornam-se em embalos,
narrativas bem fundadas,
uma história bem estruturada,
que se chama documentário.

O documentário é o lugar onde prefiro as palavras, muito mais que as discussões inócuas de um grupo de rapazolas à volta da mesa, que procuram defender a ideia mais estapafurdia e acabam o discurso aclamando que, quem não percebeu a ideia é porque não tem categoria para estar ali. Este momento a preto e branco de estupidez contrasta de uma forma gritante com a poesia falada que é um documentário.

A beleza do documentário existe na maneira como a narrativa é escrita. O conjunto das ideias que são organizadas e encadeadas entre si, faz o ouvinte entrar num viagem. Assistir à vida real, mas de uma forma poética, é chocante e ao mesmo tempo encantador. Acaba-se por se tirar uma beleza provinda do acaso, simplesmente porque assistimos ao princípio, meio e fim de algo. Muito provável, a beleza tirada num documentário é graças ao condensar de um assunto que, na realidade, acontece a longo prazo, mas é apresentado ao espectador numa hora. Podemos deduzir que é muito provável que um documentário não seja tão fiel à realidade como se quer transparecer, embora os factos sejam reais. Mas também posso concluir o contrário, que um interveniente jamais consegue tirar beleza do acontecimento que vive a longo prazo.

Num documentário que mostra a biografia de alguém, o próprio interveniente da sua vida jamais encontrará a mesma beleza que um espectador adquire ao assistir à sua própria biografia. O mais estranho é que, o principal responsável da sua pessoa jamais irá compreender a sua vida, embora esteja a viver nela. Trata-se de uma situação bizarra, da mesma forma que os outros passam mais tempo a olhar para a nossa cara do que nós próprios. Cada um de nós desconhece muita das expressões que tem e desconhece por completo as suas expressões faciais em certas situações. Num sentido mais lato, cada um de nós desconhece a sua própria vida.

Um documentário é uma tentativa de simular que sempre ouve uma câmara a filmar a vida de alguém durante todo o tempo e no final fez-se o resumo. Mas é um resumo montado de tal forma que vai em correspondência com a realidade ou não, mas que enfeitiça quem o assiste.

Thursday 28 May 2009

Está na hora

Uma mão que abre a tampa do frasco,
que de dentro solta-se o vento,
que leva o passado,
traz o presente,
já podes respirar,
desfrutar o tempo,
a erva nasce,
a árvore cresce,
a primavera aparece,
sabes que tempo chegou?,
o tempo do renascimento.

O mundo da política

Ah, o mundo da política, o famoso mundo dos conhecimentos. Ó meu Deus, o que é isto?! Já estou a ouvir a música da sério "O Polvo". Ainda aparece o Corrado, no seu Volkswagen Corrado ;) a querer-me apanhar.

Eu gostava de saber como é que é possível governar com falta de ideais, com pessoas que estão envolvidas em processos criminais, com pessoas cujas medidas implementadas não alteram a condição do país, com pessoas que endividam o país e, mesmo assim, são os únicos candidatos possíveis.

Raios e coriscos, não me parece que o destino deste país há-de parar em algum lado decente.

Eu bem gostava de poder ajudar, mas num país onde não existe organização, falta de respeito e muitas pessoas mal formadas, é realmente muito difícil fazer qualquer coisa.

O mundo da política parece-me uma instância balnear coberta com meta-trabalho. Eu chamo meta-trabalho a todas as coisas que fazemos, mas que não competem à função. Por exemplo, um político deve governar o país e não passar o tempo a governar-se. Um político deve apresentar medidas práticas e não perder o tempo no cochicho. Um político deve passar o tempo a trabalhar e não passar o tempo a passear nos corredores. Julgo que já me fiz entender.

Porque é que a política tornou-se uma carreira? Porque é que os políticos não podem só ser eleitos uma só vez? E por último, quem os julga pelas más decisões? Que eu saiba, a demissão não é a pena a cumprir por gestão danosa.

Existe cada coisa neste país.

Friday 22 May 2009

Algo mudou no interior, mas não existe nenhuma manifestação visível (exterior).
Algo mudou no exterior, mas não existe nenhuma manifestação comportamental (interior).

São os pontos de uma recta. É um segmento de recta.

Thursday 21 May 2009

Desaires de amor

Andei à procura de um tema para fechar este trio de textos romântico e, de repente, lembrei-me falar sobre o tema de desaires de amor.

Realmente, este blog está a virar uma revista Maria e não é a minha intenção.

Em conversa com uma amiga que conhece alguém que está ressentido por uma destas situações, chegámos à mesma conclusão que andar a remoer em situações de desaires de amor de longa data é um bocado sinistro.

Todos nós passamos por desaires de amor em qualquer momento da nossa vida. Os desaires não estão só reservados a jovens que têm uma vida pela frente, mas também acontecem nos adultos. É perfeitamente normal sentirmo-nos desgastados por estas situações, mas são sempre situações momentâneas. Haver pessoas a ficarem ressentidas por muito tempo por causa destas situações, é coisa do passado. Por muito que se tenha institucionalizado na sociedade, e gostaria de saber quem inventou esta forma de estar, haver almas sofridas por alguém que não se fala há muito tempo, não é nada normal.

Por isso, para a malta que sofre de amores, está na hora de mudar.

Este tema não está bem escolhido para servir como fecho deste trio, mas não consegui encontrar outro. Lembrei em falar de como eu gostava de ver se se invertesse os papéis entre o homem e a mulher durante o primeiro contacto social. Isto é, acho que é impossível de imaginar o que aconteceria, daí ser interessante poder constatar-se, se coubesse à mulher dar o primeiro passo para conhecer o homem, não o contrário como é tradicional. Mas como não consegui desenvolver as ideias, decidi mudar de tema.

A conversa com uma amiga sobre o tema dos amores não correspondidos, fez-me então escrever este texto. O texto não está bem desenvolvido, mas por teimosia, como queria escrever três textos, decidi publicá-lo à mesma. Mas, já enjoado de tanto romantismo, a qualidade dos textos foi diminuindo. Acho que está na hora de mudar de assunto. Ufa...

Não existem mulheres feias

Há dias em que saímos à rua e vemos várias pessoas com a mesma roupa, ou parecida. Outros dias em que vemos bastantes automóveis seguidos da mesma côr e marca. Estes são os dias em que parece que as pessoas andam combinadas entre si.

O que eu pude deduzir foi que hoje é o dia em que as mulheres andam bonitas e bem vestidas. Se calhar, deve haver por aí alguma festa e eu desconheço. Devido a esta coincidência, reparei que realmente não existem mulheres feias. Por isso, é que escrevi este texto. É claro que existem mulheres que nos agradam mais do que outras, que nos apanham os olhos, mas em geral não existem mulheres feias. Não estou a exagerar, nem quero parecer um cronista da revista Maria armado em senhor doutor. O aspecto exterior conta muito, trata-se de um chamariz para o homem, embora a personalidade seja o mais importante para a longevidade de uma relação. Por isso, todas as mulheres deviam-se arranjar. Não há nada mais belo do que ver uma mulher arranjada, independentemente se vai de acordo com o gosto do homem. Todas as mulheres têm aquele toque, aquela pose que as levam automaticamente para o pedestal ao qual o homem delira e sonha. Todas.

Por isso, peço a todas as mulheres que andem bonitas, independentemente de serem casadas ou solteiras. Aquelas mulheres que se julgam que apenas têm que se cuidar quando são solteiras, e depois desleixam-se quando se casam e têm filhos, apenas digo que se modernizem. O tempo das avós austeras já passou há muito tempo. O mundo é colorido e é assim que deve ficar.

Máquina de ler pensamentos femininos

Devia-se inventar uma máquina que lê os pensamentos das mulheres. Julgo que seria a melhor ferramenta que algum homem poderia ter. De certeza que o stock esgotava-se num instante.

Quantas vezes o homem questiona-se o que o sexo oposto está a pensar? Quantas vezes o homem questiona-se se uma determinada rapariga está solteira e disponível para conhecê-lo? Porque não posso ser eu o homem? Apenas ficamos com estas perguntas na cabeça, porque jamais teremos resposta.

Se conseguissemos ler os pensamentos das mulheres, sabiamos quando deviamos nos apresentar. Desta forma, agiriamos com maior confiança e não nos retrairíamos com medo da humilhação. Por exemplo, num grupo de mulheres, onde todas são bonitas, em que desconhecemos as personalidades de cada uma, que mulher o homem escolheria para se apresentar? É como ter uma arma carregada, onde apenas falta uma bala no tambor. Rodamos o tambor e esperamos que ao disparar, o tambor tenha parado na câmara vazia.

Como se vê, é muito difícil um homem conseguir abordar uma mulher. Podiamos tentar inverter o problema, e pormo-nos no lugar da mulher. Eu faria esse esforço, mas considero que para a mulher ter alguém, basta apenas estalar o dedo. Se todas elas tivessem consciência disso, e se se criasse um código em que o estalar do dedo consiste em dizer que estou disponível para uma determinada pessoa, tenho a certeza que num simples passeio, ouviríamos vários estalidos. Não estou a ser narcisista, os estalidos podem não ser para mim. Apenas estou a dizer que o amor existe e é para ser praticado.

Acho que a mulher também tiraria vantagens da máquina. Quando um homem age com maior confiança e naturalidade, é muito mais fácil perceber quais as reais intenções do homem.

No final, todos ficávamos a ganhar. Não existe crise económica, o que existe é uma crise de namorados. Talvez a máquina diminuísse o número de solteiros.

Thursday 14 May 2009

Why I don't write a book?

Once someone asked why I leave all this ideas open and not try to finish them? I've replied that I ain't got enough talent and I'm a lazy person. Along the time, I get used to plant flash moments, and I'm expecting that a group of people will help me to water the seed and guard its growth till it becomes a magnificent tree. Saying in a explicit manner, I can't write a story by myself. I like to work in group to feel the vibrations of people's mind. Doing all these tasks alone require a long discipline and I wasn't trained to do that. I simply can't do it.

I hope that time and my situation will make me more prone and grown up to write stories. I also hope that I can gain the wit to write them. I don't have it, I know. I also don't have the motivation to write them.

I feel sad when I find good ideas and I can't spark in me the motivation to write them. My deepest wish is to describe all the seconds that I live in. I can tell that the mood is the basis of my motivation. If I'm sad or happy about something, I feel a flame inside of me sparkling and a good intention to write all these moments. Til now, I couldn't do that, and I already passed some stressed and heavy moments. I don't know what must happen to create the will to write a candidate book to be published. I really don't know.

I also don't like the idea of reviewing a story. When I'm reading, I can't feel the same adrenaline that I felt when I was writing something for the first time. The anxiety of finding words to write them down is a very good sensation. Reading what I wrote is a dull moment.

Maybe I'm being a spoiled and arrogant person who throws some kind of talent away, but I don't think that I have a special talent. I'm me, and I like to write things at my own way. I know that I'm wrong, but I can't find the right path. Til then, this is my path. Truth is only true if there's nothing to prove against it. And it's so easy to reply something...

I think that these modern times that are characterized by rushiness, and as a victim of this behavior, I can't find the peace inside me to reflect about the little stories that I imagine. The people want so many in so little time, that the books are becoming out of their time. Reading a book requires a tranquil spirit and time. People are drowned in false tasks, false goals and false moral. They aren't trained to understand the essence of a book. I'm not trained to give the book a proper value. My motivation to write is dying. I don't know what to do more.

Um cromossoma para o outro

O que diz um cromossoma um para o outro?
Cromo somos bonitos.

Uma piada croma.

Tuesday 12 May 2009

War - Edwin Starr

War!
What is it good for?
Absolutely nothing!

War! I despise
Because it means destruction of innocent lives.
War means tears to thousands of mothers eyes
When their sons go to fight and lose their lives.

War! Lord,
What is it good for?
Absolutely nothing!

War! It ain’t nothing but a heartbreaker
War! Friend only to the undertaker
War! It’s an enemy to all mankind
The thought of war blows my mind

War has caused unrest in the younger generation
Induction then destruction-
Who wants to die?

War! It ain’t nothing but a heartbreaker
War! It’s got one friend, that’s the undertaker
War has shattered many a young mans dreams
Made him disabled bitter and mean
Life is much to precious to spend fighting wars these days
War can’t give life, it can only take it away

War! It ain’t nothing but a heartbreaker
War! Friend only to the undertaker
Peace Love and Understanding;
tell me, is there no place for them today?
They say we must fight to keep our freedom
But Lord knows there’s got to be a better way

Stand up and shout it.
War!
What is it good for?
Absolutely nothing!

Monday 11 May 2009

Long live democracy

Democracy isn't capitalism,
democracy isn't exploitation,
democracy isn't nepotism,
democracy isn't corruption.

Democracy isn't for fools,
democracy isn't ignorance.
democracy isn't unemployment,
democracy isn't for smugness.

Democracy is for freedom,
for love and acceptance,
Democracy is for everyone,
Democracy is forever.

Sunday 10 May 2009

O escritor

Desde os primeiros dias, Hugo Montevidello, nascido em Milão, rapidamente ganhou os costumes portuguese, quando o pai, trabalhando na embaixada de Itália fazendo parte do departamento de comércio italiano, foi assignado a fazer um estudo sobre as taxas de exportação de produtos italianos para a Península Ibérica. O que se tornou num trabalho temporário, o somatório dos dias que passaram, mais a atracção pelas manhãs lisboetas avultadas com o chilrear dos pássaros, rapidamente acabou por se tornar numa estadia permanente.

O pai de Hugo, Giovanni, também se apaixonou pelos fados portugueses. Adorava passar uma semana a saltar entre a Mouraria, Bairro Alto, Madragoa e Alfama, para ouvir desde o fado falado até ao fado corrido. Ele adorava ouvir os vários tipos de fado, porque era sinal que, embora os três bairros estejam quase todos ligados entre si, a experiência e o sentimento que saía da boca dos populares ao cantar o fado, mostrava experiências únicas e dostintas entre si. Giovanni perguntava-se a si próprio como seria o fado nas fronteiras destes bairros? Seria uma mescla do estilo do fado da Mouraria com Alfama, ou do fado de Alfama com o do Bairro Alto? Levado pelo impulso da curiosidade, foi à procura de casas de fado na fronteira entre os bairros, mas rapidamente a dúvida esmoreceu, porque não encontrou nenhum restaurante que mostrasse a mescla de estilos.

Hugo nasceu com a parte sonhadora do pai e desde pequeno habituou-se a fazer o seu mundo e a viver nele. Desde a infância que começou a sonhar e a desenhar um mundo perfeito de acordo com as suas capacidades. Rapidamente habituou-se a descrever tudo o que via, tanto fora como dentro da sua cabeça. De forma correcta ou incorrecta, começou a ganhar noção do que gosta e detesta. A primeira vez que abriu um livro, um livro de fantasia por sinal, avistou pela primeira vez um mundo novo, mais bonito que a realidade e tão diferente do que sempre sonhara, mas adorou. Adorou tanto que rapidamente habituou-se a ler livros. À medida que lia mais livros, foi encontrando mundos que adorava, mundos que detestava, coisas que lhe causava angústia, revolta, alegria e tristeza. As palavras rapidamente formavam-se em ideias na cabeça e deixava-se envolver pela frases e ser levado até ao limite da imaginação do escritor. O lado sonhador de Hugo, com o passar de tempo pode ter mudado de máscara, mas na sua essência, esta principal característica que define a sua personalidade continua bem viva. É a imaginação que formou Hugo e que lhe faz brilhar os olhos.

No entanto, Hugo nunca teve muito jeito para escrever. A proporção de ideias com a capacidade de descrevê-las e mostrar às outras pessoas era abismal. Hugo podia ter nascido com um corpo simétrico, mas o seu mundo interior é totalmente desproporcional e assimétrico. Esta característica entristeceu-lhe rapidamente. O sonho que teve em ser escritor desde que virou a primeira página do seu primeiro livro, rapidamente foi bloqueado por uma parede enorme e intransponível. Ele procura ignorar esta ideia durante toda a adolescência, mas no momento de tomar uma decisão sobre a carreira de escolher, tinha que tomar uma posição definitiva. Ele já tinha escrito muitas histórias e enviado a muitas editoras, mas apenas obteve uma resposta bastante dura. A desproporção que sentia dentro de si, tornou-se num vazio, na outra parte da dualidade interior humana que devia estar presente para completar-lhe.

Como qualquer pessoa que procura escolher o que aparenta ser o caminho mais seguro a seguir, Hugo racionalizou demais a melhor carreira a seguir. Estas reflexões fizeram-o temer o mundo das artes por ser tão inconstante e revolto, e por estar sempre agarrado ao fantasma da exclusão social. Hugo esqueceu-se que o mundo das artes só aceita pessoas destemidas e com um coração de virado para a descoberta, porque o segredo está em levar as pessoas para uma varanda donde se possa ter um vislumbre do mundo do criador. Ele não reparou que não tinha construído a varanda para as pessoas entrarem. Não era uma varanda feia, era mesmo uma não varanda, nada. Ele apenas tinha-se preocupado em fantasiar o seu mundo à sua maneira e não se preparou para angariar o público que ele sempre desejou ter. Por isso, ele decidiu seguir advocacia a conselho do pai. Era a melhor profissão que ele podia tirar vindo da área das letras.

Mas Hugo continuou sempre a admirar os escritores. Sempre perguntou como é possível um escritor aguentar uma ideia tanto tempo na cabeça, visto um livro demorar anos a ser escrito? Como é possível com a variância de humores, um escritor ser sempre coerente durante um largo espaço de tempo? Para ele, ser escritor é um ofício que tem grande estima, mas que rapidamente percebe que não tem muito jeito. No entanto, não desiste de escrever e ao mesmo tempo de continuar a tentar exercer a profissão de advocacia. Temido pelas questão do tempo em demorar escrever uma história, passou sempre a escrever pequenos contos que demoram cerca de um dia a ser postos em papel. Escrever um livro de grandes dimensões é para uma tarefa tão árdua e difícil, tal como do nada lhe obrigassem a aterrar um avião comercial.

(....)


Durante toda a vida, e farto de nunca ter cumprido uma tarefa até ao fim da forma correcta, decide começar a escrever um romance. Das várias experiências, desilusões e desamores, começa com muita coragem a desenhar um ambiente feminino onde num vilarejo, as mulheres organizam-se para combaterem o mundo masculino com que o governo do país tinha-se tornado. Elas começam a aperceber que o mundo não está de acordo com o que elas ambicionam, e como tal formam um grupo de revoltosos, que vai crescendo à medida que a ideia se vai propagando pelas aldeias vizinhas, cidades, até que o grupo ganha uma dimensão considerável. Desta forma, preparam uma revolução onde querem procurar tomar o parlamento do país. A história foi crescendo, as horas também, mas mais uma vez, toda a situação idealizada é resumida em dez páginas, o que é insuficente para se tornar num livro. Mais uma vez, o que lhe parecia ser uma história que prometia bastantes páginas, não conseguiu desenvolvê-la e mantê-la interessante por muito tempo. Ele pensou para si próprio: "- Nunca vi uma tarefa tão difícil. Raios, não consigo desenvolver nada de jeito."

O Hugo desde pequeno também sonhava em viver numa casa grande de estilo barroco, onde se encontrava rodeado por uma paisagem extensa de flores e relvado, onde os móveis também de estilo barroco ornamentavam as divisões, quadros enormes encontravam-se pendurados nas extensas e altas paredes. Todo os quadros davam uma pequena lição de história da humanidade, pois cada um representava um acontecimento importante da história humana. No meio da sala estar estaria uma piano de cauda onde poderia tocar as músicas de Bach que sempre gostou de ouvir.

Seria neste mundo idílico que ele procurarava escrever o seu primeiro grande livro. Mas ele precisava de personagens, doutras histórias, doutras vivências de algo que alimentasse a sua imaginação e que deflagrasse uma explosão de palavras que seriam postas em papel.

Mais uma vez, não consegue nada.

O sonho de viver nas mansões veio dos pequenos passeios que dava pelos jardins das embaixadas durante a hora de almoço do pai. Daquele lugar conseguia avistar ruas cheias de pessoas, colinas das cidades, pássaros, muitos pássaros, um extenso céu azul, um mundo frenético que ele gostava de beber para satisfazer a sua imaginação. Automaticamente ele idealizava todo aquele cenário porque lhe fazia feliz.

Ele sonhava ter o seu próprio público, um conjunto de pessoas que o admiravam e reconheciam o seu esforço, mas o grande público que sonhava, rapidamente transformou-se em apenas alguém que o admirasse, mas ele não encontrava ninguém. Ele tentava escrever, construir histórias, mas todas elas acabavam por morrerem no chão, sózinhas e levadas pelo vento. O que ele apenas fazia era escrever histórias que acabavam por gritar no silêncio.

Conheceu apenas uma mulher chamada Inês, ele tentou se aproximar, escrever poemas de amor, mas os olhos e os ouvidos da outra parte não estavam virados para ele. A resposta bonita que adorava de ter ouvido foi rapidamente transformada em palavras de repulsa e ódio.

Ele bem tentava encontrar palavras que lhe abrissem um caminho até ao coração dela, mas não existia nenhuma palavra no dicionário que lhe tocasse. Havia uns dias que parecia que tinha conseguido andar um metro, mas no dia a seguir um olhar feroz e repugnante automaticamente procurava afastá-lo. Ele tentou compreender aquela mulher, mas nunca conseguiu e com o passar do tempo a tristeza e a impotência foi-lhe conquistando e rapidamente foram-lhe cortado as asas.

Para ele Inês não era uma pessoa comum. Era alguém que o fazia tremer e incomodava-lhe ao vê-la. Era alguém que ele sempre sonhara e o que mais queria era estar ao pé dela.

O que ele mais temia era perder a imaginação, e aquela mulher foi a pessoa responsável por matar-lhe. Hugo has been stabbed in heart, in a way so deeply that his heart will never heal. Even if the wound closes, he will always feel the rapture in him, and it will always hurt and he can't do anything about it.

Most people doesn't understand what other persons are feeling. The most innocent words spoken by someone, can be the most sharped dagger that rip someone's body in the most savage way that can't ever be cured.

(...)

Hugo always loved to see documentaries. Especially the ones that talks about people life or an important history event. For his, the documentaries are made of melodic spoken words, that peoples talk about. When he hear someone talk about sadness, a music made of choral chants raised in his ears. A picture of a black and white stream circumventing along pebbles in a dense wood, where little birds flying by was something that marked him deeply. The purity of the nature, the stillness of a second that perpetuates forever it's a sign that live can sometimes be anything that we want, except for the ones that are worried for being blind.

This scene lifted his spirit and he raised his head, inhale deeply and found another reason for keeping fight to write a decent book.

Chatting with a group of travelers that he found in a train terminal in Lisbon, Santa Apolonia. The group made of two girls and a boy, a couple and friend, with the backpacks on their back, were looking at a map. They saw Hugo with the stiffened face looking to nowhere and went to him asking for advices to go to Belem.

Belem is a place that always touched him deeply. He doesn't know why, but sometimes he tried to explain that it was because of the light that reflected on the water, the air that waved through the big spaces, the beautifulness of the Manuelino style of the monastery and the tower. In the days of bad humor he wanders along the sidewalk next to the river, and at the end of the walk, he always find a positive reason. Hugo is a positive character, always trying to find a good reason to live each day, thanking god for keeping him alive, for finding good reasons to amend his notion of time and comprehend how short live is, to circumvent and solve all the problems. To sum up, to keep him always smiling event in the most hard times.

But returning to the travelers group, touched by curiosity, Hugo asked what were they doing here. Word after word, that talked that they returned from Santiago de Compostela and they have the intention of visiting some cities in Portugal, like Lisbon, Coimbra, Tomar, searching for places where the medieval times touched and left some marks. They bought a copy of a book called "Codex Calixtinus" in Belgium. Hugo touched by curiosity asked them what it's this book. A traveler, reaching is hand to the bag, opens the zip and takes a small book. In a brown hard cover and written in gold words, that book depicts proudly its title. A traveler add the that this book is a recent copy that he bought in a used book store, and the the original dated from the 12th century is in Santiago, and the first copy made by monks are in a public library at Antwerp. With a small size, this book is the first traveler ever and the first book that shows the first route to Santiago, starting in the north of Europe. Beside describing the city, it shows which monuments and relics should been venerated through the course.

Intrigued by this book, Hugo picks immediately the book and starts to skimming the book. The curiosity and excitement of looking to the book made him to start to find also a copy to buy.

Now that the group is in Peninsula Iberica, it was a big mistake to return to home without visiting a country like Portugal, who have a great importante from the 10th to the 15th century.

(...)

"The morality that the politics utter, my will to be socially adapted is killing my mind. I have the will to become dumb, to have a blur mind, because my ignorance and the guarantee to be my self and find my own path is the secret to keep running my imagination. Without her, I just can't finish a story. I'll always become an anonymous person who just saw life passing by." - Hugo suddenly have a little clairvoyance mixed with an angry. Those days that become years of striving to find a history were really touching his nerves. He's becoming exhausted because of the stack of failures that is life is draw. He wanted more. He wanted happiness, a completely fulfillment of his entire human being.

Sometimes we look to people that have an destiny marked by some situation. For example, the prisoners that spent all their life inside a cell, won't never know what life his. It's difficult to understand how their lifes are. The many days that they prefer to die, because they're deprived of being with their families, of seeing the sun rise and fall in their neighborhood, of talking to their neighbors, of cooking, of strolling in the parks and play with their children. They're deprived of living.

Hugo destiny is full of misunderstood moments that beat him down regularly. He knows that has the ideas but can get success, admiration and recognition that he always desire for. For him, being applauded by others it's a true confirmation that he's doing the right thing to the world and everybody understands. He knows the story of some important persons like Shakespeare, who normally are only recognized after death. This stupid mockery of falsely recognizing some after death, really annoys Hugo. He always think how ridiculous is to see some important hot shot trying to give a moralizing speech about someone. "This Einstein has contributing very much for our world, bla, bla, bla..." - says the politician. "If someone just go there and asked what is the relativity theory and how's important to the world, everybody would noticed that the words he pronounce are shallow and empty." - thinks Hugo. "Why don't you leave these words to someone who really knows what he's saying. Why all these politics like to be the head of attention. They're stupid and their bellies are puffed with ignorance and faulty words".

(...)

Já no final da sua vida, Hugo foi internado num hospício por ter sido diagnosticado esquizofrenia e por isso o médico ordenou que ele ficasse fechado num quarto só para si, e deveria ser lidado com muita atenção, pois podia representar um perigo os enfermeiros. Ele bem pediu ao médico para lhe arranjar um lar de terceira idade onde pudesse passar as tardes num jardim, mas devido à gravidade da sua condição, o melhor seria ser internado num hospital.

Ele teve um passado triste. Sem mulher, sem filhos, ele era o fim de linha da sua geração. Ele recorda com muita tristeza o grande amor que nunca aconteceu que teve por volta dos seus 20 anos. Como ele sonhava e planeava uma vida com aquela mulher, Inês de nome, mas a rejeição constante que foi sujeito foi degastante para ele. Durante a sua tentativa de conseguir aproximar-se dela, ouviu muitas palavras duras que as boas pessoas nunca devem ouvir. Ele sentiu-se injustiçado e incompreendido por todos os que rodeiam, porque jamais conseguiam ver aquilo que ele via. Um cenário bonito, inspirador e carinhoso. Parecia que todos estavam mais preocupados com o seu umbigo e viverem em mundos cheios de problemas e esperanças vãs, do que conhecerem o seu mundo.

Quando entrou pela porta do hospital pela primeira vez, Hugo sentiu de uma forma intensa o medo e o frio que as paredes transmitiam-lhe. Ele foi levado até a um quarto de pequenas dimensões, mais concretamente de 3 metros de comprimento por 2 de largura, onde no topo encontrava-se uma pequena janela com grades, donde apenas numa posição especial, em certos dias, conseguia-se ver um quadrado de 15 centímetros por 15 centimetros de céu azul. Era neste quarto que ele passaria a dormir. Sózinho, sobre um colchão de 5 centímetros de altura, ele deitava-se de corpo virado para o tecto, e começava a sonhar e a imaginar mais histórias. Os seus olhos paralizavam-se e começava a sorrir por bem lá no fundo, ele visualizava-se num campo enorme de mãos dadas com Inês, sentados a conversarem e a apreciarem o vento, o céu azul e o sol que se mostrava só para eles. Embora nunca mais a tenha visto, ele imaginava-a da sua idade, com o corpo levado pela felicidade em ter estado com ele, mesmo que seja apenas em sonho, mas fazia-o bastante feliz. Embora nunca tenho pegado nas mãos de Inês ele continuava a imaginá-las suave, com um toque único que apenas era possível de ser sentido e não descrito. Os seus olhos continuavam doces e mostrava um sorriso próprio de quem esteve sempre feliz.

Ao ser internado, o único pedido que fez ao médico foi para que lhe dessem papel, um lápis e livros, porque já que o querem excluir do mundo, que nunca lhe tirem a imaginação. Ele queria continuar sempre vivo, mesmo sendo incompreendido por todos. Ele continua e continuará sempre acreditar no que a sua cabeça produz, pois são sempre histórias bonitas e todos precisam de sonhar.

Ele pode ter levado uma vida inteira a tentar escrever o seu primeiro livro, mas no final apenas restam histórias soltas e desconexas, mas era o seu livro. Era este livro que representava a sua vida que também fora bastante desconexa e incompreensível.

Ele bem tentou ligar as várias histórias para ter um desfecho feliz e coerente, porque sabia que a idade já o tinha traído há muito tempo e estava a chegar ao fim. Ele lutou bastante para encontrar um desfecho, e agarrado ao lápis até ao último minuto tentou imaginar, numa fúria de pensar até ao último minuto, já bastante cansado, o coração pára e a sua alma desprende-se do seu corpo e fica uma história por terminar.

Tal como foi característico na sua vida, ele nunca compreendeu como nunca tinha conseguido terminar de forma bastante digna tudo o que começava. Tudo o que fazia ficava sempre em aberto, ou com um fim atrapalhado e um bocado confuso. Tal como a sua vida, nunca acabou o seu livro.

Saturday 9 May 2009

Who are you? - David Fonseca

Ever since I saw you,
I want to hold you,
Like you were the one.

It sees right through me,
A bullet it comes and takes me,
I want you but I fear you.

Your feet rest on my shoes,
I sing this song for you,
Just to see you smile.

For how long
How strong do I still have to be?
How come you mean so much to me?

Wednesday 6 May 2009

Close to you - Carpenters

Why do birds suddenly appear
Every time you are near?
Just like me, they long to be
Close to you.

Why do stars fall down from the sky
Every time you walk by?
Just like me, they long to be
Close to you.

On the day that you were born
The angels got together
And decided to create a dream come true
So they sprinkled moon dust in your hair of gold
And starlight in your eyes of blue.

That is why all the boys in town
Follow you all around.
Just like me, they long to be
Close to you.

Tuesday 5 May 2009

Reflexão sobre o "Into the Wild"

Branco, estou completamente em branco.

Uma vezes assisto a cenas que nos tocam completamente, outras vezes damo-nos perante brancas. Neste momento estou a rever o livro "Into the Wild" de Jon Krakauer, e existem situações descritas no livro que me toca particularmente.

Para fazer um breve apanhado do livro para quem não leu, ou não viu o filme, o livro "Into the Wild" é um registo feito pelo jornalista Jon Krakauer sobre a história de Chris McCandless, que abandonou um futuro promissor e a sua família para viver o sonho de viver em comunhão com a natureza. Dito desta forma simples, parece ser uma história apenas louvável, mas os vários documentos que Jon recolheu e as várias entrevistas que fez às pessoas que se cruzaram com Chris, mostra que por onde Chris passasse, deixava uma marca indelével nos corações de todos. A viagem de Chris acabou quando ele morreu à fome no Alaska.

Das várias pessoas que Chris cruzou, eu dou especial atenção a uma pessoa com o pseudónimo de Ron Franz e ao seu acto de esperança de tentar superar uma vida injusta ao perder a sua mulher e o seu filho num atropelamento, quando pede a Chris McCandless (protagonista da história) para ser seu herdeiro, visto Ron ser a última pessoa viva da sua família. Chris desvia a atenção sobre o assunto, indicando-lhe que falava com ele num próximo encontro. Ron Franz sentiu duramente a rejeição, de uma forma que poucas pessoas hão-de sentir, e isso traz-me raiva.

Ron continuou com fé que seria possível Chris tornar-se seu neto adoptivo, visto ele ser o único ponto de amor que tinha sentido para além da sua família. 6 meses depois, Chris telefonou-lhe perguntando se podia ir buscar-lhe. Ron, pensando que ele encontrava-se totalmente numa cidade oposta à sua terra, automaticamente perguntou-lhe em que local se encontrava em Seattle. Naquele momento os olhos deles voltaram a brilhar. Embora Chris estivesse ao pé dele, da mesma forma ele apareceu diante Ron, ele desapareceu.

É nesta altura que se pergunta como o egoísmo, ou o prazer de alguém pode-se sobrepôr ao amor de outra pessoa.

Apesar de Chris ter voltado à sua aventura selvagem uma semana depois de ter-se encontrado novamente com Ron, ele rezou sempre para que Chris voltasse a estar com ele. Mas quando Ron descobriu que Chris tinha morrido por via de terceiros, toda a esperança e fé que tinha em Deus desapareceu num instante. A partir desse dia, Ron deixou de acreditar em Deus, porque jamais compreenderá como Ele pode ter deixado uma pessoa tão boa morrer tão jovem.

É inegável a pureza de Chris, mas tanta imensidão de sonhos tornou-o egoísta e indiferente a quem o rodeava. Ele morreu por ter-se isolado das pessoas devido a tanto egoísmo.

Muitas vezes pergunto se as pessoas não têm amor ou coração. Qual o objectivo de se armarem em duras, se elas existem graças ao coração dos pais terem-se encontrado. Não entendo mesmo. Talvez seja pela dificuldade de conseguirmos olhar ao espelho e ver o nosso reflexo, talvez seja por pensar que apenas se nasce por amor.

Chris McCandless tinha um sonho que queria atingir sózinho, um sonho que era viver com o minimo possível, atingir os ideais de Jack London e de Henry David Thoreau. Ele fez tudo para afastar todas distracções possíveis que pudessem desviá-lo do caminho. Há quem louve a coragem que ele teve, mas para mim, como ser feito de relações que somos, acho uma estupidez. Há certos ideias que apenas ficam bem no papel. É muito difícil pô-los em prática, porque vão contra a natureza humana.

Eu sou uma pessoa citadina que habituou-se sempre a viver com os pensamentos, com poucos amigos, e no entanto há uma coisa que detesto bastante e que se chama solidão. Para mim é muito difícil de ultrapassar a solidão. A solidão há-de estar sempre agarrado a nós. Há-de existir sempre momentos em que nos sentimos sós. Eu considero que as pessoas da cidade têm mais períodos de solidão que as pessoas que vivem em pequenas comunidades. Passar o Natal, ou o fim-de-ano, ou o aniversário ou jantar regularmente sózinho são momentos terriveis que afecta qualquer um. Estar isolado numa noite onde o céu nos envolve e a ver as outras pessoas a fazerem a sua vida e nós ali parados é bastante consternador. É por isso que não compreendo porque as pessoas não sorriem umas ás outras. Não estou à espera que passemos a vida a andar com um sorriso forçado na cara, mas estou à espera que as pessoas não tenham medo em falar. Por vezes, perdemos o nosso tempo a dar atenção a coisas que não acrescentam nada a nós, e esquecemos de ir atrás do que realmente nos é importante.

Eu não compreendo Chris e porque razão ele fechou-se do mundo exterior e do amor para ir na busca de um sonho estético e idealístico que no final acabou por levar-lhe a vida. Tudo no silêncio. Por muita revolta que ele tinha pelo pai, acho que Chris tornou-se num caso típico de um jovem que se pergunta o que quer para vida quando está preste a entrar numa universidade. Chris tentou encontrar o amor fora do círculo familiar, sózinho, em comunhão com Deus e a natureza, tudo porque tinha um feitio igual ao pai.

No limite, estamos todos à procura do amor. Quem não está à procura é louco.