Saturday 18 April 2009

Convento de Mafra

As 8 horas da manhã chegaram a Mafra através do som do carrilhão do convento. O carrilhonista inicia o prelúdio. Os 92 sinos começam a ganhar vida, enchendo a cidade com 200 toneladas de som celeste. Os pássaros, acordados à horas, saltam da copa das árvores para o chão e o contrário, na busca das migalhas que ainda ninguém debicou. Do lugar onde me sento admiro a natureza e os habitantes a iniciarem o dia. Os empregados do café encheram as montras de bolos tradicionais à espera de clientes. O jornaleiro encontra-se apetrechado com as notícias do dia. A única previsão que consigo fazer é a quantidade de pessoas que irão apaziguar a fome nos cafés e comprarem o jornal antes de irem para a praia ou para a igreja.

Decidi vir a Mafra apenas para contemplar o repicar dos sinos, mas é inevitável reconhecer a importância do convento na cidade. Quase três séculos percorreram a estrada do tempo até à actualidade, mas a sua imponência continuará presente durante muitos mais anos.

Quanto ao som emitido pelos sinos, apenas posso dizer que se trata de um som que preenche rapidamente o ar que nos envolve. Nota a nota constrói-se um momento único que rapidamente permanecerá em nós pelo eco. Aconselho todos a assistirem a um espectáculo desta natureza.

Gostava de poder um dia subir à torre do convento e contemplar os sinos e dali avistar toda a cidade, para posteriormente ir visitar o lugar onde o carrilhonista toca. Imagino o carrilhonista a tocar num lugar exíguo, fechado, na base da torre, totalmente diferente da amplitude e da beleza que me rodeia neste momento. Num esforço constante, ele dará pancadas secas no teclado para fazer os martelos mexerem-se.

Seja em que posição aonde eu esteja, no final trata-se de uma forma diferente de se iniciar o dia.

No comments: