Thursday 31 December 2009

Aldeias esquecidas

No meio de tantos passos, assobios e levezas,
a finura de quem olha para isto
e finge que são grinaldas de malmequeres
bordados nos beirais de paredes de xisto.

São apenas franjas de aldeias esquecidas,
lugares deslocados e perdidos no tempo,
são estradas fantasmas que nos atraem
até às résteas de pedras caídas pelo vento.

Outrora aquecidas por mãos alegres e festas,
apenas encontro um cão a esgravatar o lixo,
veio de um acaso tal como eu apareci,
perdido do perdido, do país e do sítio.

Wednesday 30 December 2009

Bedding on boards




On the island of Mindanao, a child plays in front of his family’s temporary home in an evacuation centre on the front line between government forces and armed opposition fighters. While some families were able to find shelter in schools and public buildings, others are living more precariously, sometimes sleeping on little more than sections of cardboard.
(in: http://www.redcross.int/EN/mag/magazine2009_2/20-23.html)

Tuesday 29 December 2009

Ditching

Should he ditch his lover,
should he ditch a hole,
why did he ditched the car?
when the only thing he should search
is a pardon from his heart.

Uma Placa escondida e … o resto

Ver:

http://agualisa6.blogs.sapo.pt/1614269.html

Wednesday 23 December 2009

Vem lentamente

Vem ter comigo lentamente
de modo a que ninguém veja
que nenhuns olhos reparem
como és bonita - paciência.

Não existe caminho de saída,
apenas tens que aceitar o amor,
magnânimo como deve ser,
erguer velas a todo o vapor.

Com os pés de porcelana
passos delicados em pedras d'ouro
não sei porque esperas,
o que te faz ainda ter fôlego?

Minha casa de gota de água

Minha casa de gota de água,
refrescante, limpa, enorme,
fria por dentro, transparente p'ra rua,
que um dia se cria, noutro se dissolve.

Gota inchada de esperança,
que alegra alguém por instante,
encosto-me à parede mais que branca,
encharco-me, seco-me, penteio-te.

Sunday 20 December 2009

Inverno soturno

Agora que os meus sentimentos voltaram a pertencer-me,
o meu coração solitário voltou a bater,
os mesmos cheiros de saudosismo que me constituem começaram a aparecer
perto de alguém perdido no vento e no frio.
O açucar percorre as veias
para aquecer o sangue denso que bate num ser,
como nada mais que há em mim a não ser eu,
eu e só eu até ao fim,
porque quem estava ao meu lado desapareceu,
deixou-me neste campo coberto de neve de Inverno,
soturno e triste numa floresta densa de ramos esqueléticos,
tantos ramos que não vejo para além deles
e caminho no escuro às apalpadelas.
Tudo foge de mim,
como quem foge de um ser com lepra
com a face enegrecida,
onde já ninguém lhe quer pelo que parece
e esquecem que dentro dele só existe amor,
um pedido para lhe ouvirem,
um pedido para lhe compreenderem,
um pedido para pertencer a esta terra.

A Sereia

Estava deitado na praia,
perdido por entre grãos de areia,
escondido numa enseada,
apareceu-me uma sereia.

Pele de feitiço dourado
apoiou-se na minha beira,
olhei para ela de lado,
pensei que fosse da soleira.

Mas o cheiro a água salgada
provava que não era ilusão,
as palavras ditas do nada
vieram de alguém, não vieram do chão.

De pálpebras bem levantadas
olhou-me de forma singela,
pediu-me um beijo na cara,
pediu-me que fosse com ela.

Acordei na noite gelada,
reparei que era um sonho,
há anos que não tenho nada
a não ser trabalho enfadonho.

Thursday 17 December 2009

Lágrima de Preta (Extensão) - António Gedeão

Encontrei uma preta
que estava a chorar
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente,

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é de costume:

nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio,
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

Hoje, troca-se o cloreto de sódio pelo transistor,
o preto pelo muçulmano, ou pelo israelita,
o ódio espalhou-se pelo mundo inteiro
não pela côr, mas pelo crescimento de um mundo irrealista.

Não há lume que queime as almas sem pudor
onde não compreendem a pena que vivem, ou que vivo,
não falo de cátedra porque sou o mais frágil que existe,
mas não me meto na boca do lobo ao primeiro motivo.

Posso ser pobre e morrer de fome,
mas a dignidade tem que persistir,
porque assim posso chorar com alegria,
e quando morrer, morro com a cabeça em riste.

Friday 11 December 2009

Eu

Eu vou partir para outro caminho,
não sei o que vai ser,
não sei quantas nuvens há-de ter,
nem sei quem vou encontrar.
Tudo o que faz um homem morreu
por causas naturais,
por mortes provocadas,
tudo o que resta de mim
é apenas ar e água,
sou apenas eu.

Fantasia

Amor num só sentido é fantasia
que consome apenas o dia a dia
que desmorona o ser em bocados.

Existem por aí muitos erectos,
mas que por dentro estão rebaixados
estão consumidos pelos factos.

É uma sombra cruel que se assombra
que persegue as pobres pequenas almas,
que desejam o que não se pode ter.

É alguém que morre mas não existe,
porque o amor só se faz aos pares,
algo que não desejo a ninguém. Sofrer.

Wednesday 2 December 2009

Guitarra portuguesa

O teu coração se enche
como o corpo desta guitarra
que o céu preenche
numa perfeita desgarrada.

Os teus dedos afiados
que agarram as cordas
e sem pudor arrancam
o coração das notas.

Lágrimas que caem
que duram para sempre
como o génio criado
por Carlos Paredes.

És português, és de ninguém,
és humilde de certeza,
és o dono da guitarra portuguesa.

Bala bífida

A falta de respeito e a ignorância
é como disparar uma bala bífida
mata o alvo e o ponto de partida.

"All grown-ups were children. Although, few of them remember it." - Antoine de Saint-Exupery (The Little Prince)

O mal deste país

O mal deste país são os socialistas,
são uma camada de individualistas,
cruéis por natureza da ignorância
disfarçada por uma falsa rebeldia.

São aqueles que afirmam a salvação,
que dizem que combatem contra o sistema,
são os primeiros a mandarem calar os dissidentes
porque não vão de acordo com o que eles pensam.

Afirmam-se transparentes por presunção,
querem mascarar-se em meninos inocentes,
são puristas e administradores ao mesmo tempo,
mas todos eles têm o rabo preso à parede.

Isto é tudo menos democracia,
é a ganância foraz e desmedida de uns
construída à custa de muita família.

...

Não deixes que a voz te engasgue,
utiliza a vírgula para respirar,
não deixes que a tua cara metade
te deixe alguma vez de te amar.

Vira ao contrário as interrogações,
transforma-as em iscos para ires pescar,
de todos os peixes que possas apanhar,
eles pertencerão sempre ao teu jantar.

Idem, idem, aspas, aspas,
tanto faz o que pensares,
a fila da esquerda ou da direita,
tanto faz a qual optares.

Ofereço-te estas reticências
para adicionares ao que tu quiseres,
para ver o quanto tens de paciência,
e vontade de te preencher.

Tuesday 1 December 2009

Soneto da Fidelidade - Vinicius de Moraes

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Monday 23 November 2009

Povo português

O povo que está virado para Sul,
mas que deseja emigrar p'ra Norte,
acompanhar as gaivotas nas memórias,
partir para Este em busca da sorte.

Levar Fátima no peito p'ra as Américas
antes em navios, agora de avião,
ou em solas até França ou até Fez,
em busca do perdido Dom Sebastião.

Orientado p'ra os pontos cardiais,
povo sempre virado para a saída.
nem o pão, nem o vinho são o suficiente,
p'ra segurar a sua fatídica partida

Vislumbre imediato

Pedi emprestado o maior raio de luz
Respirei o saudoso vento da madrugada
Cantei com todas as vozes do mundo
contei todos os segredos à minha fada.

Da janela avistei-te no passeio,
resguardada do Inverno fiel,
onde nada está desencontrado, eu sei,
desapareceste debaixo do tunel cruel.

No teu peito ouvi o Tejo,
caravelas que partiam os amores
ondas de beijos não resta sobejos
arco-iris pintado de todas as cores.

Thursday 19 November 2009

Quanto mais me treino para ser racional, mais irracionais são os meus actos.

Tuesday 17 November 2009

Cantiga de um Verão

As crianças bailam
ao som de cantigas de roda
gritam, saltam e dançam,
cantam melodias folclóricas.

Ora vamos à praia,
ou passear num carro,
vamos ver a barca nova
juntos num autocarro.

Maria e Leonor rodopiam
num círculo perfeito
para que as saias estiquem
formem um mundo bem feito.

Em cem metros
mil braços de criança
alcançam mais
que qualquer coisa humana.

Lonesome George

Uma brisa sopra em ti meu querido George. Neste momento todos te admiram, encontram em ti uma magia, embora não seja pelos melhores motivos. Chamam-te solitário por seres o último da tua espécie. Embora tu consigas reunir as pessoas ao teu redor, elas continuam cegas com elas próprias, esquecendo de olhar para ti com devido valor. Na sombra da folha, protegido da chuva contas o teu dia à única pessoa que te ouve. Uma magia nostálgica te abraça neste paraíso. Olho para ti e vislumbro o que somos graças a ti. Desejo-te uma melhor vida.

Saturday 14 November 2009

Devolve-me o que não te pertence

Devolve-me o que não te pertence,
os laços que me roubaste do quarto,
com os teus olhos eternos de lince,
o que estava direito ficou apagado.

Trouxeste-me a revolta de um peixe,
tu sabes disso, mas ficaste calada,
decidiste ficar escondida no silêncio,
enquanto me observavas sentada.

Mas agora já estou farto,
quero começar a minha vida inacabada,
do local em que me deitaste abaixo
começo um futuro inexplorado.

E já não tenho medo em encontrar-te,
pois passarei à tua frente levantado,
o feitiço que me deitaste com o olhado,
chegou ao fim, está terminado.

Thursday 12 November 2009

Será o belo belo?

Faz sentido que só achamos bonito,
quando nos olhos doutros não há imperfeição,
quando a ignorância filtra o mundo,
porque não conhecemos a verdadeira razão.

Das fases da vida que existem,
o nascimento é o mais nobre momento,
porque pensamos assim,
se nascer demora um segundo e viver é para sempre?

Wednesday 11 November 2009

Árvores de plástico

São árvores de plástico,
verde, vermelho e azul
folhas perenes no Inverno
que não caem por nada.

São amores persistentes
guardado por cachecóis
arbustos cónicos espalhados
plantados naquela estrada.

É a chuva envidraçada
em vitrais que filtram a luz
colunas que suportam o som
que toca na hora sagrada.

Ornamentações finas
elevadas para quem pena
tudo porque alguém falhou
quando mais precisava.

Se eu fosse o que quisesses
o que serias por mim?

Monday 9 November 2009

Sabemos que um pássaro voa quando percorre os céus.
Sabemos que uma pedra caiu quando a vemos no chão.
Mas não o vemos quando partiu,
nem a vemos quando caiu.

Wednesday 4 November 2009

O raio do perfume

Hoje estou tão aborrecido,
tão cheio que nem um sapo inchado,
é o dia para todos se afastarem de mim,
onde estou desiludido com as mulheres
e o raio do perfume que elas trazem.

Aquele cheiro que me obriga a parar
para tapar o nariz e segurar as pontas,
porque estou proibido de avançar
porque rapidamente sou ferido pelas garras
de alguém que veio não sei de onde.

Por alguém que usa calças de ganga ajustadas,
mas aonde é que anda o raio da saia,
"- As mulheres usam saia!", afirmo intensamente,
porque mulher sem saia é como homem sem calças
querem afirmar o lado que já por si mente.

Hoje sinto-me demasiado prolixo,
tudo causado do ar rarefeito,
lado oposto que merece estar no lixo
no monte lixeira mais afastada da cidade,
no canto mais remoto onde não sinta o cheiro.

Sunday 1 November 2009

Roads - Portishead

Ohh, can't anybody see
We've got a war to fight
Never found our way
Regardless of what they say

How can it feel, this wrong
From this moment
How can it feel, this wrong

Storm.. in the morning light
I feel
No more can I say
Frozen to myself

I got nobody on my side
And surely that ain't right
And surely that ain't right

Ohh, can't anybody see
We've got a war to fight
Never found our way
Regardless of what they say

How can it feel, this wrong
From this moment
How can it feel, this wrong

Thursday 29 October 2009

Juntos

Conta uma história que nos faça ficar juntos
onde o teu sorriso lança a crença de um futuro feliz
e escapamos de quem nos faça mal
e com um escudo protector somos aquecidos pelo sol
que tu seguras com a mesma mão que protege os teus filhos
e que nesta noite me levas pelo teu caminho.

Friday 23 October 2009

Sexta de noite

Todas as sextas páras no passeio errado
no lado em que te vêem sempre na rua vazia
onde a lua ilumina o teu rosto apertado
com a cabeça encostada à montra fria.

Com a base disfarças o que não queres que vejam
de rosto raspado e lábios carregados
de um vermelho intenso que não acaba
e que desejas que a noite já tivesse acabado.

Todos te conhecem como a pessoa onde todos os carros param,
esta rua tornou-se habitual para os imorais que te agarram.

Mas que te condenam de dia e à noite estendem-te o braço,
um passado que te trouxe aqui até ao homem que está ao teu lado.

O verdadeiro amor espera sem fim

O verdadeiro amor espera sem fim
plantado na neve sob um céu limpo
num jardim que semeiam para mim
na entrada do Monte Olimpo.

O amor espera com o relógio ao lado
vazio de vida e cheio de números baços
onde se espera que eu queime o tempo
porque os ponteiros serão os teus braços.

Tuesday 20 October 2009

Live with me - Massive Attack

It don't matter, when you turn,
gonna survive, you live and learn
I've been thinking about you, baby.

By the light of dawn,
A midnight blue ...
day and night ...
I've been missing you.

I've been thinking about you, baby.
Almost makes me crazy,
Come and live with me.

Either way,
Win or Lose,
When you're born into trouble,
You live the blues,
I've been thinking about you, baby.
See it almost makes me crazy.

Times,
Nothing's right if you ain't here,
I'll give all that I have just to keep you near.
I wrote you a letter, I tried to make it clear,
You just don't believe that I'm sincere
I've been thinking about you, baby.

Plans and schemes, hopes and fears,
Dreams that deny for all these years
I've been thinking about you, baby
Living with me.

Monday 19 October 2009

Moro em Lisboa - Madredeus

Que outra cidade levantada sobre o mar
à beira-rio acabou por se elevar,
entre dois braços de água,
um de sal, outro de nada.

Água doce, água salgada,
águas que abraçam Lisboa.

É em Lisboa que o Tejo chega ao mar,
é em Lisboa que o mar azul recebe o rio,
é essa brisa que no faz,
Promessas de viagem.

Brisa fresca que reclama
nas nossas almas ausentes.

Saudade, cidade,
do sal, do mar.
Moro em Lisboa
e entrei, pequei.

Thursday 15 October 2009

Nada

Sonho contigo,
e vejo nada.
Choro por ti
e vejo nada.
Penso em ti
e vejo nada.

Dia e noite sinto a tua falta,
ninguém sente a minha.
Fico contente por seres feliz
ninguém deseja nada a mim.
Fico contente por ver-te a sorrir,
ninguém se importa com o meu sorriso.
Talvez ande louco.

Unfinished Sympathy - Massive Attack

I know that i've been mad in love before
And how it could be with you
Really hurt me baby, really cut me baby
How can have a day without a night
You're the book that I have opened
And now i've got to know much more

The curiousness of your potential kiss
Has got my mind and body aching
Really hurt me baby, really cut me baby
How can you have a day without a night
You're the book that I have opened
And now I've got to know much more

Like a soul without a mind
In a body without a heart
I'm missing every part

Tuesday 13 October 2009

Acordo

Vamos fazer um acordo. O Homem jamais Te incomodará a pedir-Te ajuda e Tu dás-nos a clarividência para respeitar o nosso semelhante, a natureza e os animais. Não me digas que isso é o princípio do nosso fim?

Wednesday 7 October 2009

Alguém te disse adeus

Alguém disse-te adeus,
mas não ouviste,
nem sabes que existiu.
Palavras surdas logo à nascença,
perdidas no vento da praia,
queimadas pelo sal,
que se entranhou nas rugas
na cara de alguém
que te disse adeus para sempre.

Monday 14 September 2009

"All the invisible children"

Political parties aren't soccer teams

Predictions about who's gonna win elections for prime-minister are the most noise maker that a society can have. Predictions is a term that doesn't fit well with fairness of judgment. Predictions are a way to manipulate and unbalance thoughts. Predictions doesn't add any good to the society. Its only function is to increase the anxiety of people, terminating with people's opinion that goes against what predictions say. Predictions don't have to tame opinions.

Everyday, news only pays attention to what is considered the major parties. But narrowing the view to only these both parties is letting our mind be conduced by an outer voice. The only purpose of existence of the term "public opinion" is to some people create an opportunity to have a job. The people that question everything don't fall in fictitious eyes and in the first words spoken by some journalist or politician.

A party isn't like a soccer club. In soccer, when someone applaud or support a team, it support because he likes, whether the club wins or loses. The wins and the losses of a soccer team doesn't affect the citizens' life. In politics, the decisions of a politician affect enormously our life. Being a well behaved person is not being passive. When you're being passive, someone is being active. When they say to you to be quiet, they are shouting and ordering. For a politician, it's better to never stop talking then hear. For a good communicator, it's better to be listening then talking. In conclusion, when a politician plays a stubborn role and he's inflexible, he's beyond assertiveness. He's in a dictatorship role.

People mustn't forget the past. When a party disappoints the society, this party shouldn't be reelected. When almost everyone suffer from their decisions, these victims should not vote for them. A party isn't like a soccer team. A politician knows how to work with power. How many people must support a dictator?

When a minority party don't get all the major votes, doesn't mean that is not worth it. Doesn't mean that it can't rule. What it means is that people haven't payed attention to them. A people is an individual universe and it should always have his opinion.

Thursday 10 September 2009

Vítima

Sento-me de frente para o rio
a imaginar que estou a partir,
para embarcar num só sentido,
cheio de vontade de querer fugir.

Começa no pai e acaba no filho,
paredes aos gritos, atropelada,
amor bruscamente finado
por me agredires todos os dias.

Não tenho vontade em ficar acordada,
só te sirvo para te dar filhos,
estou farto de olhar para os bocados
de como se encontra o meu rosto batido.

Chuvada

Largaram os baldes dos ceús,
nos arrabaldes donde calhou,
nos momentos mais aléus,
quem não corre já se molhou.

Só não corre quem se abrigou,
como as andorinhas por baixo dos beirais,
mas até o enxuto já se encharcou,
pelo canto ser pequeno demais.

Pelas riscas engrossarem o tempo
e susterem o tempo das viagens,
por agrilhoarem num instante o movimento,
destas pessoas das paragens.

Apertem, apertem, apertem,
que ela mira-nos do belveder,
aguentem, aguentem, aguentem,
que só saiem quando ela quiser.

Tuesday 1 September 2009

O senhorio

Há muito tempo que estou enjoado do cheiro desta latrina. Já reclamei com o senhorio, apontando para o bolor que cresce nas ranhuras entre os azulejos e o cheiro a mofo vindo das paredes devido às inundações do vizinho de cima. O senhorio afirma que isto não é caso para fazer obras. Eu replico para baixar a renda, mas nem o vapor que enche a casa-de-banho quando tomo banho é o suficiente para que D. Sebastião possa ajudar-me a tentar convencê-lo. Esta casa parece conquistada por fantasmas que cheiram a um passado decomposto. Esta toca metida no prédio de um rua escura onde a falta de iluminação dá guarida aos sem-abrigos e ladrões que escondem por detrás do silêncio.

Encostado à porta da rua, por detrás dos cartões, dois olhos maus e fixos de um vagabundo desconcertado vigiam quem entra e quem sai do prédio, e ao mesmo tempo atemoriza a quem lhe põe os olhos. A segurança física das pessoas é nula, parecendo esta rua um edifício de uma prisão extremamente volátil e violenta.

A escada que sobe os andares, gasta do tempo, está à espera de incautos que se apoiem no sítio errado, comendo-lhes imediatamente as pernas até à coxa. Acompanhando a escada, estão estas janelas empoladas comidas pelo bicho da madeira. Tenho a certeza que muitos destes seres conseguem ser mais velhos do que eu. Olhando para a rua da janela da sala, num olhar de cima para baixo, por debaixo de um anúncio da Virgem Maria, encontram-se os traficantes prontos a atenderem qualquer pedido das almas perdidas e viciadas por droga. Apenas vislumbro-lhes as pernas por causa da luz da lua. O corpo esconde-se por detrás de um casaco, onde eles guardam tantos produtos que até muito deles desconheço. Para além das drogas comuns, eles também vendem frasco de benzina e analgésicos. Vendem tudo, até a morte para quem lhes compra.

Após tudo isto, o estupor do senhorio ainda afirma que não consegue baixar a renda. Se calhar as correntes de ouro que traz ao peito estejam a bloquear o sangue até à cabeça e muito dos neurónios que ele certamente desconhece, morreram por causa dos enfeites saloios.

Friday 28 August 2009

Passar a ferro

De ferro de engomar em mão,
subo ao palanque,
dito novas políticas,
p'ra que a economia estanque.

De punho em riste
e punho bem cerrado,
passo as riscas
do meu velho casaco.

Todos aderem
sem qualquer pressão,
o vapor que solto
à goma em polvilhação.

O meu discurso termina
nos pulhos da camisa,
dobro o sonho que tinha
atiro-me à próxima faxina.

Um dia de trabalho

Passei às oito e meia em Entre-campos,
encontrei-te às nove na Quinta Ribeiro,
se amanhã levantar-me à mesma hora,
irei cruzar-me contigo no passeio?

Peguei no pires de mão aberta,
mas apenas trouxe o frio dos azulejos,
não era o cheiro que estava à espera,
sobre estas cores pirosas destes mosaicos.

De touca na cabeça e luvas nas mãos,
de pano na mão limpo as mesas,
arrumo os queijos e o chourição,
para atender a próxima clientela.

De coração, levanta-te e paga a despesa,
a soltura destemida do que julgamos existente,
tornou-se num resultado indiferente sobre a mesa,
neste dia Lisboa aspergia gente.

Thursday 27 August 2009

Bairro Velho - A Naifa

No bairro por trás da avenida nova,
com as ruelas sombreadas das traseiras,
onde na praça tudo é mais barato, cordial.

As peixeiras com olhos de boga,
gritam para vender o seu peixe.

As finíssimas senhoras das avenidas dão por mim quando passo.

Poema com Domicílio - A Naifa

Esta apólice, o vizinho de cima
a puxar o autoclismo
a bater na mulher e nos filhos.

A água da torneira com cheiro a lexívia
sempre a pingar
o televisor com uma avaria.

Talvez o canteiro das flores
sujas e maltratadas
estas zangas por tudo e por nada.

Os Milagres Acontecem - A Naifa

Os milagres acontecem
a horas incertas
e nunca estou em casa
quando o carteiro passa.

Hoje abriu a primeira flor
e eu disse é um sinal
olho em volta: estou só
trago esta sombra comigo.

Todo o amor do mundo não foi suficiente - A Naifa

Todo o amor do mundo não foi suficiente porque o amor não serve de nada.
Ficaram só os papéis e a tristeza, ficou só a amargura e a cinza dos cigarros e da
morte.
Os domingos e as noites que passámos a fazer planos não foram suficientes e foram demasiados porque hoje são como sangue no meu rosto, são como lágrimas.
Sei que nos amámos muito e um dia, quando já não te encontrar em cada instante, cada hora, não irei negar isso.
Não irei negar nunca que te amei. Nem mesmo quando estiver deitado, nu, sobre os lençóis de outra e ela me obrigar a dizer que a amo antes de a foder.

Tuesday 25 August 2009

The Jerk

Navin R. Johnson: Why are you crying? And why are you wearing that old dress?
Marie: Because I just heard a song on the radio that reminded me of the way we were.
Navin R. Johnson: What was it?
Marie: "The Way We Were."

From "The Jerk" (http://www.imdb.com/title/tt0079367/quotes)
http://www.youtube.com/watch?v=AI8NuFAETMQ&feature=related

Monday 24 August 2009

Entrevista a Manuela Ferreira Leite

Na última entrevista feita na RTP1 na "Grande Reportagem" a Manuela Ferreira Leite, uma traça começou a voar à volta da câmara. Esta intromissão deste insecto faz levantar muito suspeitas em saber se Manuela Ferreira Leite é uma pessoa viva, ou é apenas uma carcaça embalsamada tornada em marioneta (Bunraku). Será que havia alguém a mexer as varinhas que se ligam aos membros para dar-lhe movimento? Acho que a RTP devia contratar Hércules Poirot para investigar este caso muito suspeito.

De qualquer forma, eu não podia deixar de me perguntar porque razão a traça apareceu. De onde ela veio? Será que ela veio do bolso do casaco?

A sua fisionomia, uma mistura de avó tia com rato de biblioteca, de induvidáveis vastos conhecimentos económicos e uma personalidade em que quando adere a promíscuos festivais de adesão de massas mantém a sua postura de pessoa bem formada, dificilmente consegue se abstrair de um papel de avó da nação. Se realmente for eleita como primeiro-ministro, não deixará de ser a avó da nação portuguesa. Se a encontrar na rua perguntarei se trouxe consigo os biscoitos de manteiga que faz em casa.

Mas quais são as outras opções? Será o homem da Regisconta? Será o homem do proletariado? Será o homem do "anti-do que se diz"? Será o Paulinho das feiras?

Eu voto no movimento 21 de Abril que descontraidamente e naturalmente subiu à varanda da Câmara Municipal de Lisboa com um escadote, trocou a bandeira portuguesa pela bandeira da Monarquia Portuguesa, levou a bandeira da República a lavar ao "5 à sec" porque estava imunda e entregou-a limpa e passada a ferro novamente à Câmara, ou voto no Sporting.

Saturday 22 August 2009

Está na hora de comeres as palavras,
engolires o orgulho,
abrir os olhos,
pois este tempo não se volta a repetir.

Thursday 20 August 2009

O novo herói do século XXI

Boa noite. Bem vindos à "Grande Entrevista". Hoje temos o novo super-herói do século XXI. Ele tem combatido todo o tipo de crime, desde fraudes até ao simples roubo. Ele actua especialmente em Lisboa, mas já houve relatos de que actou na Bobadela, Beja e Porto. Ele aparece da forma mais imprevista, eliminando o caos e salvando as vítimas num instante. Muitas notícias têm aparecido no jornal a tentarem descrevê-lo, mas a sua identidade tem permanecido desconhecida. Hoje, pela primeira vez e talvez única vamos conhecer o novo super-herói do século XXI que tem instaurado a segurança nas ruas de algumas cidades portuguesas. Senhoras e senhores, temos a honra de apresentar o "El Caganés".

J (Jornalista): - Boa-noite.
EC (El Caganés): - Boa-noite.
J: - Estou a ver que tem uma boa pronúncia portuguesa. É português?
EC: - Sou sim.
J: Qual é o seu verdadeiro nome?
EC: O meu nome é "El Caganés".
J: Mas é mesmo o seu nome? Não é um pseudónimo?
EC: Não. O meu paizinho registou-me com esse nome no cartório nacional.
J: Aonde nasceu?
EC: Eu nasci na moita da Costa da Caparica. Está a ver aquelas praias enormes na Costa, com um areal extenso? Eu nasci nas moitas que rodeiam a praia.
J: Mas como nasceu?
EC: O meu pai tinha almoçado uma feijoada à transmontana e estava na praia a jogar à sueca com os amigos. De repente os feijões começaram a ficar atravessados na barriga e deu-lhe uma vontade de cagar. Correu até à moita, pôs-se de cócoras e escondidinho atrás do arbustro, descarregou a mercadoria. Com o calor, aquilo começou a endurecer e foi assim que eu nasci. Agora está-me a vir à cabeça um lembrete em que depois de ter nascido, cheguei ao pé do meu pai e de braços abertos gritei de alegria - "Pai!", ao qual ele respondeu-me - "'Das, que merda de filho." Ele é e sempre será o meu melhor amigo.
J: Então teve uma infância feliz?
EC: Não tive. Tive uma infância muito difícil. Todos os colegas das escolas onde eu andei gozavam comigo. O meu pai bem me mudava de escola com o objectivo de pararem de gozar comigo, mas não havia maneira de terminar com as boquinhas.
J: Mas o que lhe diziam?
EC: Tantas coisas, que já nem me lembro de todas. Diziam-me várias coisas como por exemplo: "Olha o cara de cócó.", ou, "Se eu fosse o teu pai, puxava o autoclismo". Foram momentos muito tristes que eu nem me quero lembrar, pois fiquei com más recordações desse tempo.
J: O que queria fazer na vida?
EC: Eu sempre quis ajudar as pessoas, mas não sabia como. Foi por isso que me tornei no que sou agora.
J: Mas porquê num super-herói?
EC: Um dia estava a ver o telejornal e em todas aquelas notícias, percebi que a maioria das pessoas só fazem merda e procuram escondê-la de todos para aparecerem à frente dos outros de forma limpa. Se repararmos, desde o político, ao banqueiro, ou ao gestor, todos eles fazem merda. Pode ser trafulhices de várias formas, mas não deixa de ser merda. Revoltado com esta situação, resolvi tornar-me num super-herói e pôr todas estas situações a descoberto para instaurar a justiça para os mais necessitados.
J: Daí o seu nome?
EC: É o meu próprio nome, "El Caganês". Se quiser pode considerar-me como o justiceiro duro, o que não adormece em coisas moles.
J: Qual é o seu principal super poder?
EC: É que cheiro mal.
J: Mas como considera isso um super poder?
EC: Imagine o seguinte. Uma raparigas está a ser assaltada num beco por um grupo de ladrões. Eu chego, e imediatamente os ladrões fogem com o cheiro, deixando a bolsa com o dinheiro para trás.
J: E tem mais outros super poderes?
EC: O outro super poder que tenho é que tenho um olfacto muito apurado. Consigo detectar facilmente desvios de dinheiro, falsificações de papéis a quilómetros de distância. Sou como o cão da Maddie. Aquele que cheirou a casa da Praia da Luz, só que melhor ainda.
J: E qual é o seu pior inimigo?
EC: O meu pior inimigo é o Scottex.
J: O Scottex, porquê?
EC: Porque ele tem uma folha dupla e actua em dois lados ao mesmo tempo. Agora já existe em folha tripla, tornando-se ainda mais perigoso. Ele também é super macio e agarra bem. Por isso, se me toca, pode-me esborratar-me contra a parede num instante.
J: É só esse o seu principal inimigo?
EC: Sim, mas o problema é que existem vários tipos de Scottex. Temos o de folha preta, o de folha verde, o de folha dupla e tripla. Também temos o amigo do Scottex. Aquele Labrador com ar de querido. Mas não se engane com a cara dele. Se ele aparece, facilmente enrola-me de Scottex e depois não consigo libertar-me mais. O Scottex preto actua especialmente à noite, quando ninguém o vê, e o Scottex verde normalmente actua nos pinhais e jardins. Às vezes, estou a passear no jardim com a minha namorada e ele está sempre a rondar-me atrás das árvores, pronto para me apanhar. Como vê, tenho que andar sempre atento para não me apanharem desprevenido. Estas ruas estão cada vez mais perigosas.
Já estou a ouvir alguém a correr. Deve ser aquele cão com a folha na boca. Tenho que me ir embora. Tenho que ir resolver mais crimes. Adeus.

Assim o super-herói desaparece do cenário num instante.

J: Senhores e senhoras, esta foi a possível entrevista com o super-herói. Sempre com o tempo bastante preenchido, ele não tem tempo para descansar para que as cidades vivam em segurança.

Friday 14 August 2009

Se a minha perna esquerda

Querida perna direita,

Se a minha perna esquerda tivesse mais um centímetro, teria a coluna mais direita, o cabelo com o tom de castanho claro, os olhos mais claros, ainda sorria mais, ainda contava mais piadas, tornava-me num falador, ainda teria mais iniciativa, tinha um cão grande... Se a minha perna esquerda tivesse mais um centímetro, tenho a certeza que gostavas de mim.

Beijinhos da minha perna esquerda.

Wednesday 12 August 2009

Noite de Verão

O que existe de mais engraçado e agradável para os moradores de zonas como as Janelas Verdes e Santos, é durante uma noite de Verão quente um grupo de amigos trazer o banco para a rua, ou juntar-se nos bancos das escadarias para passar a noite em conversa ou a tocar música. É uma das coisas mais agradáveis que se pode fazer nesta zona.

Monday 10 August 2009

Videotape - Radiohead

When I'm at the pearly gates
This will be on my videotape
My videotape.

Mephistopheles is just beneath
And he's reaching up to grab me

This is one for the good days
And I have it all here in
Red, blue, green.

You are my center when I spin away
Out of control on videotape
On videotape.

This is my way of saying goodbye
Because I can't do it fact to face
So I'm talking to you before
No matter what happens now
I won't be afraid
Because I know
Today has been the most perfect day I have ever seen.

Monday 3 August 2009

APCA - Associação de Protecção aos Cães Abandonados

A APCA - Associação de Protecção aos Cães Abandonados, tais como outros canis precisam sempre da nossa ajuda para qualquer coisa. As pessoas que trabalham lá em regime de voluntariado vão para ali aos fins-de-semana e feriados. Eles prescindem uns minutos da sua família e dos filhos para se dedicarem a causas sociais.

Eu não tenho alguma afinidade com a APCA, nem sequer trabalho lá. Apenas contribuo com a alimentação e outros bens para a associação. Quem tem cães sabe como eles são fieis às pessoas e como gostam de nós. Por vezes, os humanos conseguem ser maldosos e desprezíveis. Os cães são sempre os nossos companheiros até ao resto da sua vida. Eu falo por experiência própria. Encontro mais facilmente amor num cão do que em certas pessoas.

Estou a divulgar esta associação porque me apetece e porque ajudo-a no que posso. Acho louvável contribuir para qualquer associação de solidariedade séria, independentemente da área onde actua. Todas as pessoas que dedicam parte da sua vida a estas associações são pessoas abençoadas.

Por isso, esta mensagem serve para incentivar as pessoas a contribuirem de qualquer forma para estas associações. Contribuam com qualquer coisa. No caso da APCA, nem que seja com uma lata pequena para gatos.

Quando a solidariedade se constrói, a sociedade eleva-se mais um bocado.

Por favor, contribuam de qualquer forma.

http://www.apca.org.pt/

Saturday 1 August 2009

Anedota do proctologista

Um senhor usava um olho vidro. No final do dia, tira o olho e põe dentro de um copo de água. Ele continua com a sua vida, até que pega no copo onde tinha o olho, bebe a água e sem querer engole o olho.

No dia seguinte, sente-se bastante mal da barriga e decide ir ao proctologista. Ele conta a história ao médico e o senhor doutor diz:
- Faça o favor de baixar as calças e virar-se.
O médico olha para o paciente e depois vira-se para ele diz:
- Eu tenho que confessar que após cerca de 15 anos de profissão sempre olhei para cús e esta é a primeira vez que tenho um cú a olhar para mim.

Thursday 30 July 2009

Açores

Nos Açores,
na terra das flores,
onde nascem amores
e acabam-se por se casar.

Na lagoa das sete cidades,
mira-se o mar na enseada,
a felicidade encontra-se
no cheiro da terra molhada.

Ler

Ler devia ser proibido,
porque faz sofrer.
Ler dá felicidade,
vê-se o que não se pode ter.
Ler é como fechar-se no Inverno,
onde a chuva bate nas janelas,
onde se abriga num quarto quente,
em pleno mês de Agosto.

Incompatibilidade

Por cada vez que te vejo, escorreita,
passas por mim como desconhecida,
eu sei que não foste feita para mim,
adágio para mim, a nossa alma não se liga.

O barro não consegue ser moldado,
a incompatibilidade é substituído por algo estranho,
algo indescritível, salgado como o mar,
como um meio a que não pertenço.

Não posso viver na água se sou da terra,
não posso ser terrestre se pertenço ao mar,
não vale a pena desejar o que não te merece,
nesta vida não nos iremos encontrar.

À espera da minha mulher

Por detrás do meu filho, neste retrato preto e branco da minha antiga família, vejo como o cinzento abraçou-me de repente. Naquele dia nojento, onde não encontro outras palavras para descrevê-lo. Naquela merdosa e asquerosa tarde que muitas lágrimas me trazem, em que esperava pela minha mulher e pelo meu filho de braços abertos. Estava à espera que a felicidade chegasse até mim, tal como um céu azul infinito, esperei horas pacientemente. Sentei-me na calçada para não me cansar, contava todos os automóveis que passavam por mim. Um vermelho, um azul, outro branco. Todas as cores e marcas passavam por mim como estrelas cadentes mas nenhuma delas pertenciam ao meu universo. Olhava para as silhuetas dos condutores. Umas mais parecidas com a minha mulher, outras nem por isso. Nestes momentos em que a ansiedade e a saudade estão cada vez mais excitadas, o engano leva-me a acenar para a pessoa errada. Mas eu não me importava com isso, porque as pessoas sabiam que não era com elas e continuavam a sua vida.

As nuvens passavam juntamente com as horas. A partir do momento que os minutos vão mais para além do combinado, o medo pela incerteza começa a dominar-me vagarosamente. Já cerca de uma hora tinha passado para além do combinado e resolvi telefonar-lhe. De todas as tentativas que fazia, quem me atendia era o gravador. O telemóvel continuava desligado. Comecei a ter medo por pensar se estava tudo bem com a minha mulher e com o meu filho. O que será que lhes aconteceu? Será que morreram? Ó meu Deus, o que me está a acontecer? Neste momento um frio começou a preencher-me o corpo e um arrepio acordou os meus sentidos, fazendo com que eu sentisse com cada vez mais força os segundos a passarem. Por cada salto dos ponteiros, um breu começou a preencher-me os olhos.

O que se passa nesta tarde, em que tudo está a correr tão bem, em que me sentia inserido na sociedade? Comecei a sentir que estava a cair num abismo onde só parava num beco metido nas profundezas desta terra, frio, molhado e completamente desligado das pessoas. Temi pela minha vida, pela incerteza do futuro e a certeza de que ia morrer mais cedo.

Neste momento ouço uma buzinadela. Para meu conforto, a mão da minha mulher começou a acenar. O carro parou à minha frente, dentro de um parque de estacionamento lateral à estrada. Lá estava o meu filho a sorrir para mim de forma tão inocente na cadeira de bébés. Respirei fundo e senti que ainda não era desta vez que tinha sido atraiçoado por Deus.

Wednesday 29 July 2009

Feridas

São anjos desleais,
que gozam das frontes,
sopram vendavais.

São uns grandes animais,
prometem demais,
p'ra que nunca mais...

possas olhar.

São chagas imortais,
desgostos mágicos,
são cheiros mortais.

Rosas nos quintais,
espinhos nas mãos,
p'ra que nunca mais...

possam sarar.

Coisas intemporais,
tempestades eternas,
dilúvios brutais.

Auras bestiais,
que cegam os demais,
pr'a que nunca mais...

possas amar.

Monday 27 July 2009

Buraco no alcatrão

Neste buraco escuro e oblongo,
existente no meio da estrada,
de pedrinhas de alcatrão soltas,
onde se espera que te leve a algum lado.

Várias feridas crias nos teus braços,
numa atitude de descoberta desbravas,
não reclamas, nem sabes o que te faz
todas estas cicatrizes que te marcam.

Eu sou mais do que aquilo que tu vês,
aparento ser aquilo que não queria,
mas o contrário cria-se muitas vezes
quando o que quero é a tua companhia.

Esta não é a forma do meu coração,
estas marcas não são da minha cara,
quem me conhece melhor é o meu cão,
porque vê para além desta máscara.

Ele consegue descobrir o caminho,
daqueles que se perdem e vivem apavorados,
porque ele conhece muitos lugares,
sem se quer alguma vez ter lá estado.

Sunday 19 July 2009

Manhã

Enquanto a luz pinta as paredes,
o sol caminha para o pináculo,
na praça juntam-se os mercantes,
o dia caminha para o ponto mais alto.

As notas do acordeão passeiam pelas arcadas,
enquanto montam-se as mesas dos feirantes,
as pedras negras da calçada
formam montes que pisam os amantes.

As esplanadas despontadas nas subidas,
os matutinos escondidos atrás do jornal,
as pernas que conquistam as ladeiras,
descansam apoiadas na refeição matinal.

O cheiro a croissants e cafés sobre a mesa,
atravessam o nariz deixando rasto,
as roupas frescas que as senhoras vestem,
perfumam as ruas em saltos altos.

O padre ora para o resto dos crentes
que se refrescam dentro da igreja,
o jardineiro corta rente,
qualquer réstea de falsa fé que se veja.

Pendura-se as roupas molhadas
em molas de madeira viradas para a praça,
sacode-se os lençóis da noite passada,
abre-se as janelas e expulsa-se a traça.

O repique do sino no alto do castelo
ecoa por entre o chilrear dos passarinhos,
o momento oficial consagrado no dia,
marca a paz da calma manhã de domingo.

Thursday 16 July 2009

A separação

Eu não quero que a tristeza nos encha de ódio,
e que a escuridão conquiste o nosso ser,
e que em desespero rodopiaremos para fora do óbvio,
e a vida passe a acontecer no lado negro.

Eu não te quero ver a andar em calçadas
frequentadas por sentimentos nojentos,
porque mesmo que em nós nada faça sentido,
eu ajudar-te-ei a encontrar o teu tempo.

Mas que isto não te sirva como desculpa
para que possas estar sempre comigo,
a minha fronteira termina e sempre terminará,
no respeito que terei sempre contigo.

E amanhã encontrarás um outro homem,
e eu encontrarei uma outra mulher,
porque prometemos ser jovens de coração para sempre,
e amanhã comemoraremos a felicidade outra vez.

Porque a simplicidade em nosso ser
olhará para este tempo como recordações,
e todos os momentos foram aprendizagens,
para conseguirmos controlar as nossas emoções.

O nosso amor

Da minha lupa desenharei o teu coração,
com lentes vermelhas ele arderá em fogo,
por cada beijo que darei na tua bochecha,
encherás cada vez mais os meus sonhos.

Todos os beijos que daremos no vidro,
tu estarás dentro de casa e eu na varanda,
e quando eu abrir os braços e gritar para o universo,
o meu peito mostrar-se-á à pessoa que me ama.

Deitados sobre a cama e tapados por um lençol,
abraçados à noite como duas crianças em pijama,
todas as lágrimas que me cairem por estar só,
é porque não consegui envelhecer ao lado de quem me ama.

E se os trapos da luz da lua não me iluminarem mais,
e todos os bancos de jardins tornarem-se ausentes,
e a fidelidade a toda a honestidade eclipsar,
é porque Deus não quis que o nosso amor acontecesse.

Uma luz quente

Uma luz quente ilumina o muro de barro,
uma luz quente ilumina o chorão verde
uma luz quente ilumina a tua cara,
uma luz quente acende-se à tua frente.

Um luz amarela abre os teus olhos,
a tua íris aumenta até não mais puder,
uma luz amarela encadeia os mirones,
uma luz amarela sob a noite quente.

Mãos latejadas em suores frios,
cabelos molhados escorridos sobre a cabeça,
por cima da luz em posição de soldado,
uma luz quente eleva-te até às estrelas.

Porque ontem será igual ao amanhã,
tal como a luz, estarás presente,
tal como a luz, não desaparecerás,
porque tu és a minha luz quente.

Dança da explosão

Este leite que sabe a pickles,
amargo pela minha dentada leve,
a carica que tirei com os dentes,
e deixei-o azedar poisado sobre a pedra.

Porque decidi dançar na cozinha,
onde o som reflecte melhor no mosaico,
deixei a frigideira cair de repente,
espalhando-se como um grito laico.

Atiro os pratos com coragem para o chão,
porque ninguém me tira do corpo a arrítmia,
como se todos os planetas tivessem incluídos na explosão,
por se ter cortado o contínuo e obtido a desarmonia.

Sunday 12 July 2009

Num só momento...

Entram de repente homens de máscaras brancas,
enquanto descansas finalmente quase perfeita,
feitiços de mãos sobre três lâmpadas brancas,
não te fazem esquecer o que viste à espreita.

Quem tu querias encontrava-se no cenário errado,
fizeste as malas, saíste sem qualquer arrependimento,
onde tu devias estar, o lugar tinha-se trocado,
de braço esticado, saíste, viras as costas ao vento.

Sobre a mesa um livro, copo, café e mentol,
com tanto afinco afirmas para não te desconcentrares,
decalcas a história que queres contar num postal,
para alguém que te conhece e quem só tu sabes.

Dobras-te sobre a mesa, de sobrancelhas aprumadas,
de caneta afiada a tua mão não pára quieta,
numa desgarrada de palavras de ódio ao amor,
nada fica para trás porque não suportas fins abertos.

Todos os raios juntaram-se para te dar a força
do universo para além do que possas escrever,
donde estou, nada diria que paraste aqui p'ra dizer
algo tão forte e duro, que te obrigue a mover.

Com as malas de viagem à frente dos joelhos,
corajosa, arrumas o cabelo, agarras os teus pertences,
aprumas-te, partes para a continuação da tua jornada,
para antes passares num correio e depois embarcares.

É o fim, ou o princípio?
Ninguém sabe.
Estarás cá para ver.

Despedida

Ao tecido quadrangular de Mondrian,
que veste as cadeiras de pau delicado,
puxa-se o mecanismo que se solta amanhã,
de ferro dobrado pintado de encarnado.

Edifício de base amarela, barro velho,
pátina verde que cobre o tempo passado,
passando a fronteira, irrompendo o telho,
todo o objecto é belo quando está parado.

Par de bicos de galinhas picam o chão,
num quadro enormemente pintado de branco,
num cenário cinzento sob o azul de Verão,
atrasa o tempo ecuménico, mas tanto, tanto.

Mas há quem encontre beleza entretanto,
de olho desperto e centrado num quem,
dos desencontros gerados pelo vento,
de quem está sentado à espera de alguém.

Saturday 11 July 2009

Da europa ao mundo inteiro - nada escapou,
por todas as igrejas que passava, entrei,
das portas magnânimas às mais pequenas que Ele forjou,
deixei parte do meu corpo nas palavras que orei.

Pedi à agua, às vacas, à natureza,
ao mundo que faz parte do meu ser,
já que não encontro melhor beleza,
àquela que dos teus olhos possa transparecer.

Proferi o teu nome para Ele não se esquecer,
nas velas que acendo à noite para Ele ver,
e perceber o quanto injusto está a ser,
pelo ar ser um obstáculo duro de vencer.

Desejo que as palavras abram um canal,
para que da minha mente chegue ao teu coração,
e para Ele perceber que amar é normal,
e não ter só sonhos de papel dentro do coração.

Friday 10 July 2009

Amor de cão

A tua imaginação será o teu fim,
quanto mais livre procuras ser,
mais preso ao vício ficarás.

Quanto mais amor procuras,
maior será a tua prisão,
mais sózinha te sentirás.

Quando o tempo quiser passar,
quando o mundo te abandonar,
perderás a vontade de sorrir.

Quando quem mais amas morrer
por estares a olhar para o lado errado,
um buraco negro poisará em ti.

Quando abandonares o teu companheiro
porque as quatro paredes não param de gritar,
serás obrigada a começar de novo.

Ninguém se importa se alguém te põe louca
e não podes fazer nada por isso,
terás sempre que cumprir os teus compromissos.

Vives no presente,
não no pretérito prefeito,
mas há algo que te apertará sempre o peito.

Tu és a única que te podes perdoar,
benção dada pela tua própria mão
para levantares os colarinhos e gritar:

Avançar!

Num coreto, num verão quente

Num coreto coberto de rosas,
salteados em branco e vermelhos,
ladeado por colunas jónicas,
assentado em terra vermelha.

Seis cordas soltam-se ao acaso,
acaso controlado pelos dedos
de um guitarrista bem dotado,
que controla bem os movimentos.

Em alternância sentados,
à volta de um ponto único,
num cenário romântico formado,
os ouvidos abrem-se ao músico.

De olhares bem atentos,
com as velas a arderem no chão,
os grilos de uma noite quente,
aumentam o poder da ocasião.

A análise advém do lado,
da concentração não vejo,
o silêncio que gera perguntas,
a respostas que não pretendo.

Porque estamos aqui pela música,
pelo silêncio que me obrigo,
por dar voz aos dedos de outro,
por seis tons milímetros.

Wednesday 8 July 2009

À noite

A noite escurece,
as árvores grilam,
o vento morre,
a lua floresce.
As ideias surgem,
as estrelas brilham,
as barreiras morrem,
a palavra profere-se.
Os olhos trocam-se,
os lábios sibilam,
o copo tapa,
o que está descoberto.
A liberdade aparece
numa noite vazia,
tudo se junta,
por um riso dito.
A tua sombra chama-me,
apaixono-me por ela,
é um caminho livre,
sem qualquer sentinela.
Os olhos gotejam,
os degraus levam-nos
junto ao infinito,
onde as nuvens vivem,
as estrelas existem,
o mundo melhora,
a paz se mostra
sem qualquer medo,
e tudo brilha
até à eternidade,
tal como o sol.
Não há sorte que dite,
ou que lance barreiras,
dentro de um homem
nunca há fronteiras.
Pelo futuro encontro,
pela virilidade que sobe,
pelo orgulho de quem luta,
por uma causa nobre.

Tuesday 7 July 2009

Montanhas

Num emaranhado de pernas,
que me fixas para não me perderes,
que me cunhas para decorar,
como se eu quisesse não te ver.
O caminho que nos trouxe aqui,
nos túneis escuros por que passámos,
onde abres um sorriso quando me vês,
nos intervalos de luz aos bocados,
tens medo que me vá embora de vez.

Não me faças rir, não te enganes,
eu quero estar próximo de ti a toda a hora,
como um riacho a cair por entre as pedras,
pronto para te descobrir,
quero ser a água, o cavalo-marinho,
ser a flôr, ser o beija-flôr,
ser todo o espaço limitado em ti,
segurar as estrelas em carrosel,
prontas para iluminar o teu mel.

Bates-me no peito para marcar o ritmo,
o teu ritmo, os teus passos, a tua batida,
a alegria, a vida em ti, como cervos na montanha
a passearem por vales de leite,
esquilos que levam bolotas ao peito
para as crias abrigadas em pinheiros,
e os pais morrerem de felicidade
pelo ciclo chegar ao princípio,
e escolherem por terem ficado neste sítio.

Não tenhas medo com os degraus que desdobram,
todos os sustos que tenhas passarão por mim,
entrelaçados de cantenárias,
fios que nos levam ao fim,
tudo vai parar nas montanhas,
onde tudo está plantado para ti,
todo o rumo lento em que nos deitámos,
serão segundos de encontro ao nosso ser fogaz,
e estruturaremos um amor traçado na realidade.

Não me perguntes porquê,
pensamos o mesmo ao mesmo tempo,
mas as dúvidas só o tempo as tirará,
e iremos ser dois leitos a unirem-se,
a formarem um rio tenaz,
onde todos os pássaros irão nos visitar,
e quererão procriar,
porque a bondade junta-se à nossa vontade,
e iremos explodir com a verdade do nosso lado.

Caminho das Águas - Rodrigo Maranhão

Leva no teu bumbar, me leva,
Leva que quero ver meu pai,
Caminho bordado a fé,
Caminho das águas,
Me leva que quero ver meu pai.

A barca segue seu rumo, lenta,
Como quem já não quer mais chegar,
Como quem se acostumou no canto das águas,
Como quem já não quer mais voltar.

Os olhos da morena bonita
Aguenta, que estou chegando já,
Na roda cantar com você,
Ouvir a zabumba,
Me leva que quero ver meu pai.

Thursday 2 July 2009

Excerto de um texto que estou a construir

Pessoa 1

Atravessava ruas largas, feitas de alcatrão escuro, sobre uma suave chuva num dia de Domingo. Apertei o casaco enquanto passeava fascinado a olhar para todos os edifícios. Nada fazia-me distrair do encatamento em que me encontrava. A minha cabeça tinha-se tornado num radar. Atravessava a rua frequentemente para avistar os prédios do lado oposto. Tinha que me afastar para eu puder contemplar tamanha grandeza.

Os edifícios com cerca de 6 andares de altura, datados da reconstrução após a II Guerra Mundial, conseguiam encantar-me e fazer-me esquecer toda a tristeza que deve ter existido durante essa época. O espírito da morte que rondou esta cidade e que desesperou muita gente, trazendo muitos corpos até si, estava agora disfarçado pelas várias fachadas ornamentadas por um riqueza e espírito delicado. Não sei se esse trauma passou para as gerações vindouras, mas espero bem que sim.

O sinal de peões fechou. Parei. Este sinal é bastante fora do comum para mim, contém o desenho de uma bicicleta e de um peão. Todos pararam, excepto os jovens, que com um desprendimento natural não perdem tempo a esperar e habituaram-se a quebrar as regras quando querem. A nova geração devia ter mais respeito pela história e compreenderem como vivem numa cidade bastante bonita e pacífica, cujo o novo produto foi feito à custa de enormes sacrifícios feitos por heróis.

A palavra herói cada vez mais tem menos poder nas sociedades modernas. Isto também é um sinal que os nossos antepassados fizeram um bom trabalho e tudo o que esta cidade é hoje, é graças a eles. A luta que sempre combateram sem medo, as conquistas que realizaram, o caminho do homem que percorreram termina neste lugar. Esta cidade é um bom exemplo.

Após este tempo todo, perdi a conta quantas vezes o sinal dos peões já deve ter aberto. Mas não faz mal, porque o verde aparece à minha frente outra vez.

À medida que ando, avisto uma ponte. Dirijo-me até lá. A chuva aumenta de intensidade, mas nada detém o meu espírito de descoberta.

A ponte, com uma largura de 4 faixas de rodagem, cobre um rio enraivecido. A chuva aumentou o caudal de forma incrível. A corrente conta uma história furiosa através do vento que sopra. A fonte de energia que de ali advém através de um ruído gutural é incrível. Isto é maravilhoso. Páro sobre a ponte para sentir toda a força da natureza. O espírito pesado que já venho trazendo ao longo de bastante tempo é levado pela corrente de repente. Em um segundo, visto um novo espírito, bastante mais colorido.

Desço a ponte, até um caminho que acompanha o rio e começo a andar sem destino. As flores densas, as árvores, toda a vegetação vibra por causa do rio. Esta força enorme, cobre os troncos das árvores. Só apenas ás árvores mais fortes conseguem aguentar tanta energia.

Colorido num verde militar, o rio ruge cada vez mais à medida que a chuva aumenta. Encontro-me encharcado, mas nada disto me interessa, porque nada me pode demover daqui. Muito raro será ás vezes que poderei ver tamanho espectáculo. Sinto-me realmente abençoado. Por isso, decidi sentar-me. Colocado a uma distância do caudal para não ser levado, contemplo-o. Nem me atrevo a pôr uma mão dentro de água, porque facilmente a corrente engolia-me.


Pessoa 2

Já perdi o conto dos anos em que saí de casa. Com uma mochila às costas, de barba feita e um par de ténis calçado parti sem rumo. Parti à procura de Deus. O tempo passou e todo o meu corpo mudou. O cabelo cresceu, desalinhou-se por causa dos meus cortes feitos com uma pedra afiada. A barba tornou-se pálida e agora, de uma forma forte, cai estaticamente pela minha cara. A roupa está cada vez mais amarela, rasgada pelo tempo, os pés cada vez mais de fora. A fita cola que pus para segurar a sola do sapato está gasta pelos meus passos.

Se acham que me sinto mais próximo Deus após estes anos, estão enganados. Cada vez mais sinto raiva por Deus ter-me abandonado. Cada dia que passa, engano-me para disfarçar este esforço sobre-humano que tenho estado a viver para sobreviver no frio, na chuva e nas ruas. Hoje é mais um dia de chuva.

Já me habituei a andar molhado. Uma coisa que pude ver pela minha própria pessoa, é que tudo neste mundo tem um truque. O tempo não é excepção. Já existiram dias em que a chuva de repente transforma-se num sol quente, secando-me num instante. A zona interior de Espanha tem um tempo muito inconstante. Recordo-me que um dia, caminhava pelos grandes campos de Espanha, com lama a cobrir-me o corpo todo - cara, mãos, pernas, quando numa reviravolta, um sol intenso soltou-se e instalou-se para o resto do dia. O meu corpo começou a secar, e a lama começou a secar e a estalar. Eu sentia-a a apertar-me cada vez mais. Fui raspando-a com a minha mão, mas ela estava entranhada no meu corpo. Quanto mais lama secava, mais a comichão instalava-se em mim. Irritava-me cada vez mais, coçava-me cada vez mais e mas não conseguia livrar-me. Parecia que estava a ser comido, tal como um cadáver em decomposição.

Por sorte, encontrei um pequeno lago no meio de um campo agrícola qualquer. Fui a correr até lá, pus-me nú e saltei lá para dentro. Como um animal contente, esfregava-me com violência e rapidez para soltar toda aquela excremência que se tinha colado a mim. Após estar completamente limpo, resolvi deitar-me sobre as ervas para secar-me, enquanto ia apreciando o céu que há duas horas atrás estava carregado de nuvens cinzentas, mas agora, um azul límpido inunda todo o horizonte. Após meia hora nú, achei melhor ir-me embora, pois podia aparecer o dono do terreno e tenho a certeza qe não ia gostar de me ver naquela figura. Provavelmente, traria uma espingarda consigo e não hesitaria e disparar contra mim. Vesti-me e continuei a minha caminhada por uma estrada local qualquer.

Wednesday 1 July 2009

Palavras no vento

Se os meus pensamentos chegassem até ti de forma suave,
ouvirias eternas palavras formadas a partir do mel,
de forma não intrusiva desejava-te um feliz aniversário,
exigia que todos os desejos do teu inventário,
fossem desejos a voarem por entre as estrelas.

Mas o respeito e compreensão faz-me manter no silêncio,
onde num esforço mais que sobre-humano procuro a lucidez,
e num trabalho de gigantes procuro manter-me atento,
onde por cada dia passado perco mais o teu contacto,
levanto a cabeça e anseio que me reconheças.

Se achas que é delírio o que me acontece,
vê se consegues dar a tua vida à pessoa que está à tua frente,
eu dava e sem nenhum arrependimento, nem que do meu fim soubesse,
porque é mais horrível suportar a tua ausência do que a minha morte,
mas olho para a lua e entrego-me à sorte.

Friday 26 June 2009

O adivinho

Neste eterno e perpétuo caminho,
encontro um homem adivinho,
que pergunta-me se quero estar
neste lugar ou noutro sítio.

Eu pergunto porque me diz isso,
ele responde-me para me conhecer,
mas eu sei o que prefiro,
e o que pretendo não posso ter.

Prefiro estas pedras das calçadas,
preferia ter a oportunidade de escolher,
e não ter que receber o indesejado,
simplesmente porque assim alguém o quer.

- És selectivo?
- Sim sou, se bem me conheço.
- Então porque mostras o contrário?
- Porque procuro conquistar sítios a que não pertenço.

- Mas porque te enganas,
se o que tens é mais que suficiente para viveres?
- Talvez pela inerente insatisfação humana,
de querer o que não se pode ter.

Talvez por querer tanto algo,
que esse algo não acontece.
Talvez por estar cansado de esperar
a ver os dias a sucederem-se.

- Mas porque insistes?
- Por um ser ser insubstituível,
pela dúvida de não ter, existir,
pelo meu coração ser-me fiel.

Por ter coragem em dar a minha vida,
para as mãos de um desconhecido,
por apostar toda a minha vida
nos sonhos que acredito.

- Olha os caminhos que escolhes...
- Dá-me um caminho agora e de vez!
O que há em abundância é falta
de nenhum caminho chegar-se à frente.

O adivinho foi-se embora,
num instante gerou-se silêncio,
não percebi o que se passou,
talvez quem me responda seja o tempo.

Tuesday 23 June 2009

Viagem

Hoje vou viajar sem roupa,
estou farto de toda a bagagem,
em guerra lutando por paz,
nada pretendo desta viagem.

Só de bilhete na mão,
acenando para nada e pronto,
quero que tudo seja normal,
deixando para trás o cronómetro.

Farto de estar rouco,
não me condene pela amplitude,
de tudo quero já pouco,
porque quis sempre mudar de atitude.

Mesmo que a qualidade seja inferior,
sou aquilo que quis para esta viagem,
pouco foi sempre o meu amor
e pouco eu não quero mais.

Vazio

Quando todas palavras não chegam,
quando não há mais nada no dicionário,
quando a sinceridade não vira a cara,
apenas resta ninguém, o vento, o assobio.

Pescador solitário no mar alto,
perdido pelas estrelas do céu,
os mapas foram levados pelo vento,
a noite não passa para além deste breu.

Calma. Dá tempo ao tempo,
por muitas dúvidas que tenhas nessa boca,
algum dia virá, terá que vir,
mesmo que viver te deixe louca.

Sobre todas as coisas - Chico Buarque

Pelo amor de Deus,
Não vê que isso é pecado desprezar quem lhe quer bem,
Não vê que Deus até fica zangado vendo alguém
Abandonado pelo amor de Deus.

Ao Nosso Senhor,
Pergunte se Ele produziu nas trevas o esplendor,
Se tudo foi criado - o macho, a fêmea, o bicho, a flor,
Criado pra adorar o Criador.

E se o Criador,
Inventou a criatura por favor,
Se do barro fez alguém com tanto amor
Para amar Nosso Senhor.

Não, Nosso Senhor,
Não há de ter lançado em movimento terra e céu,
Estrelas percorrendo o firmamento em carrossel
P'ra circular em torno ao Criador.

Ou será que o deus,
Que criou nosso desejo é tão cruel,
Mostra os vales onde jorra o leite e o mel,
E esses vales são de Deus.

Pelo amor de Deus,
Não vê que isso é pecado desprezar quem lhe quer bem,
Não vê que Deus até fica zangado vendo alguém
Abandonado pelo amor de Deus.

Paz vazia

Nesta sala vazia,
fim de festa-feira,
amanhã é novo dia,
moço de estribeira.

Roda na ciranda,
vira para o sim,
colocado em banda,
olha para mim.

Paz sem voz, não há,
quem não te quer,
diz-me o que se passa,
quem não te vê?

Ás vezes eu falo com a vida,
quem não me quer ver feliz.
quem é que não me vê,
Alguém me diz?

Quem escreveu "Os Lusíadas"? - Anedota

Numa manhã, a professora pergunta ao aluno:
- Diz-me quem escreveu Os Lusíadas?

O aluno, a gaguejar, responde:
-Não sei, Sra. Professora, mas eu não fui.

E começa a chorar. A professora, furiosa, diz-lhe:
-Pois então, de tarde, quero falar com o teu pai.

Em conversa com o pai, a professora faz-lhe queixa:

-Não percebo o seu filho. Perguntei-lhe quem escreveu "Os Lusíadas" e ele respondeu-me que não sabia, que não foi ele...

Diz o pai:
-Bem, ele não costuma ser mentiroso, se diz que não foi ele,é porque não foi. Já se fosse o irmão...

Irritada com tanta ignorância, a professora resolve ir para casa e, na passagem pelo posto local da G.N.R.,diz-lhe o comandante:

-Parece que o dia não lhe correu muito bem...

-Pois não! Imagine que perguntei a um aluno quem escreveu "Os Lusíadas" respondeu-me que não sabia, que não foi ele, e começou a chorar.

O comandante do posto:
-Não se preocupe. Chamamos cá o miúdo,damos-lhe um "aperto", vai ver que ele confessa tudo!

Com os cabelos em pé, a professora chega a casa e encontra o marido sentado no sofá, a ler o jornal. Pergunta-lhe este:
-Então, o dia correu bem?

- Ora, deixa-me cá. Hoje perguntei a um aluno quem escreveu "Os Lusíadas". Começou a gaguejar, que não sabia, que não tinha sido ele, e pôs-se a chorar. O pai diz-me que ele não costuma ser mentiroso. O comandante da G.N.R. quer chamá-lo à esquadra e obrigá-lo a confessar. Que hei-de fazer a isto?

O marido, confortando-a:
-Olha, esquece. Janta, dorme e amanhã tudo se resolve. Vais ver que se calhar foste tu e já não te lembras!...

O julgamento

Bato com as folhas do livro nas mãos. Num movimento constante procuro disfarçar os nervos em que me encontro.
- Porque fazes isto?
- Isto o quê? - replico.
- Pára quieto com as mãos!

Os sucessivos julgamentos têm dado cabo da minha saúde. O juíz, sempre com um ar moralista tenta controlar-me. Vestido de corvo, trata-se mais de uma personagem necrófoga que tem prazer em encontrar culpados.

As várias sessões tem-se tornado numa batalha de David contra Golias. Procuro defender-me com unhas e dentes, mas o muro está a cair. Que faço aqui? Quem me pegou em mim em Berlim e trouxe-me até aqui?

Procuro evitar as janelas estriadas, onde os muros irão guardar os segredos da minha vida. Procuro fugir ao isolamento. Ai! Se não conseguir safar-me, tenho a certeza que muita gente está interessada em pôr uma bala no meu crâneo.

Procuro trazer a melhor confiança possível para a frente, para que consiga controlar as palavras. Este é o momento para evitar que estes dias se tornem negros. Se não conseguir, morri.

A noite

Alma mater, o dia está a fechar. As pessoas estão a chegar a casa. As pessoas mergulham nos corredores. As luzes acendem-se. As pedras gelam-se. A noite põe-se.

Viviane sai para a rua. O dia está a começar. Como trabalho, ela apenas tem que esperar que as almas perversas e deturpadas venham ter com ela pelo prazer da desgraça. Ela acumula a obscuridade de todos os demónios escondidos que vão fermentando com o tempo, tornando-se em lágrimas.

A insensibilidade que o corpo ganhou devido à calosidade criada pela brutidão dos homens, há muito tempo foi adquirida e agora Viviane deixou de ter arrepios. Ela é mais um depósito da desgraça e todos descarregam e carregam nela. A carga é enorme, cheia de teias, velha, sinistra, tudo em cima dela.

As linhas fisionómicas da sua fronte mostram que ainda é muito jovem, quase a roçar a maior idade, que faz de todos os homens que abordam-a pederastas involuntários. A juventude de Viviane ainda lhe dá força para ignorar a desgraça em que já vive e dá-lhe tempo para sonhar com a felicidade eterna. Mas a idade há-de passar e Viviane vai ficar sempre no mesmo sítio, sobre as mesmas pedras e depois perceberá que é mais uma pessoa que está à espera que o tempo passe.

Está na hora. As árvores de rapina estão a chegar. Vindo do trabalho, preferem descarregar a frustação das suas vidas antes de entrarem em casa. De olhos luminosos, um atrás do outro, um abutre soturno atira-lhe umas palavras maldosas sobre dinheiro. Viviane, levado pelo facto de nunca ter compreendido a sua vida, aceita e entra no carro. Ambos desaparecem.

O carro, de luzes acessas, gastas pelo tempo, ilumina mal o empedrado da estrada de acesso. Chegado à grande artéria principal, andam uns quilómetros, até que viram à direita por uma ruela da arcada. Entram num novo bairro.

O bairro construido sobre um monte de terra inóspito, é preenchido totalmente por casas sociais. Quem entra no bairro tem vontade em fugir. A miséria e a loucura preenche todas as noites. Mas hoje, não existe lua, a noite está cada vez mais escura e sombria. O carro decide virar à direita para um beco escuro. Para onde foram eles? Perdi-os. Viviane nunca mais aparece.

Monday 22 June 2009

Cidade de barro

Nesta terra pintada em tons de barro, onde as gôndolas estão atracadas a paus de rebuçado listrados de vermelho e branco, trata-se de um lugar inaudito. Neste lugar inspirador e romântico, as âmbulâncias são barcos, os alimentos chegam ás lojas de barco, tudo funciona à volta deste meio de transporte. Quase todas as casas têm nas traseiras uma porta de madeira virada para a água. Neste porta, colocada a alguma distância da água, permite que os loucos acedam às pequenas embarcações.

No fim da tarde, uma mão casta abençoa toda a cidade. Várias tonalidades soturnas pintam todos os recantos da cidade; pessoas, esquinas, sombras, a água - nada escapa a Deus.

Saturday 20 June 2009

Inclinado sobre o parapeito,
vejo como o amor é perfeito,
mesmo que não esteja contigo,
encontro-te dentro do meu peito.

Não há dia que não pense em ti,
todos os dias te quero ver,
debruçado sobre a janela em noite feita por ti,
mas o teu toque não será para mim.

Fecho os olhos, olho para dentro,
na minha alma tento te alcançar,
vejo a lua coberta por um azul intenso,
como eu te queria amar.

Ouve o meu coração, estás a ouvir,
ele bate para ti e todos sons são promessas,
é com propósito fundo que gosto de ti,
é uma chama que cuido para que se mantenha acessa.

Friday 19 June 2009

Querida Shalina

Querida Shalina, porque insistes fazer planos com a tua vida, se ela é o que te aparece à frente? Porque insistes amarrar-te a algo? Aconselho-te a te entregares à vida, às flores, à incerteza. Jamais conseguirás fugir dela.

Querida Shalina, porque não dás as mãos aos teu pais para atravessares à rua? Muito dos acidentes acontecem nas nossas costas, quando menos esperas. Não deixes as mãos soltas e não as entregues a estranhos. Dá uma mão ao teu pai e outra à tua mãe, assim estarás sempre bem acompanhada e todas as pessoas más deixar-te-ão em paz. Só largarás as mãos deles quando souberes que outra pessoa ama-te tanto como os teus pais.
Não há dia que não pense em ti,
como eu queria agarrar o tempo,
talvez tenha que mudar de país,
como eu queria este momento.

Não te esqueças de mim,
quando chorares,
lembra-te de mim,
quando de mim precisares.

Tribute to Rocio Jurado (la Chipionera)

Rocio Jurado is a great spanish singer that unfortunely died very young. 61 is a very young age, and each time I hear her singing, it's impossible to feel touched. She's also a beautiful woman. If you hear her singing, immediately you start to see how big a person can be and how unfair live is. Sometimes, it seems that beautiful people die young, remaining only the useless people.


"Como yo te amo...
convencete... convencete...
nadie te amará.

como yo te amo
olvidate... olvidate,
nadie te amará."

Mosquitoes

Mosquitoes are an advanced species. They attack silently, when no one is looking. Especially male mosquitoes that don't buzz, and when you noticed that they're in your room, they already bit you.

Then you lit the lights and start looking to the ceilings or the upper side of the walls, scanning each centimeter looking for something, but you can't find anything. After ten minutes, you give up, shut the light off and fall asleep. Later on, you feel itches in you arm. "That insect firstly sucked in my left arm, now it's on my right. I'm gonna squat him with my pillow". And there you go again, start scanning the ceiling and the walls. Nothing, you can't find anything and you gave up again.

Now you cover up yourself with the sheet. Your head is the only thing that is outside the sheet. You start sweating, because the summer night is so hot. You hang on. Suddenly, he already bit both feet, right in the veins. "How he could bit my feet if they were all covered?" Your itches grow enormously and your feeling of revenge grows too. "I'm gonna kill this sucker."

You decide start looking into the floor, behind the wardrobe and the bedside tables. Nothing! You can't find anything. Furiously, you start swinging the pillow in the air, hoping that you hit something. You swing, swing. You pass desperately the pillow along the most crooked corners of the furniture. Finally, you gave up because you can't support the heat and you can't get the mosquito. You decide to go to sleep to the living room.

As you can see, these smart insects are very good. They borned in the water, they're small and fragile, but, for me, they belong to the set of the most dangerous animals, and each year, they seems to be more intelligent and advanced.

When I was a child, when I was bit by a mosquito, I could find him in the nearest wall above my head. They all buzzed, and for that reason, you knew where they were. Now, you can't find him, and when you noticed that there is a mosquito in the room, he already bit all of your body, right in the veins where it itches more.

Freewriting - a blessing technique

Free writing technique is a good way to express ourselves. Writing everything that we're thinking, neglecting punctuation and spelling, is a form to express our heart and to educate. For example, if I choose to free write only good thoughts, I'm building my strength and motivation, and this is the best aid that we can provide to ourselves.

I won't explain what is free writing, please search on the web, I'm such giving a short statement about that.

Who knows that, whilst I'm reviewing what I've written, I can see more clearly what is in my mind, and put aside all the thoughts that are really distracting me for my main focus. For example, when I write what my mind is thinking, it's very easy to find contradictions or misjudgements. Detecting these feeble points, forces me to correct them instantaneously, and moving with my life. The more sensitive points you write down and correct the faults, the more strong person you will be.

Wednesday 17 June 2009

Searas

Vejo no teu pincel,
um abraço que pintas,
engrandecido pelo amarelo,
o amor do vento das searas.

São searas de trigo,
que cresceram com os anos,
nada mais meu amigo,
são golpes não sarados.

"Agarra-te a mim", dizia-me ela,
eu pensava em auto-retratos,
algo que pudesse conhecê-la,
agora são anjos caídos.

Thursday 11 June 2009

Lucha de Gigantes - Antonio Vega

Lucha de gigantes
convierte,
el aire en gas natural
un duelo salvaje
advierte,
lo cerca que ando de entrar
En un mundo descomunal
siento mi fragilidad.

Vaya pesadilla
corriendo,
con una bestia detras
dime que es mentira todo,
un sueno tonto y no mas
Me da miedo la enormidad
donde nadie oye mi voz.

Deja de enganar
no quieras ocultar
que has pasado sin tropezar
monstruo de papel
no se contra quien voy
o es que acaso hay alguien mas aqui?

Creo en los fantasmas terribles
de algun extrano lugar
y en mis tonterias
para hacer tu risa estallar

En un mundo descomunal
siento tu fragilidad.

Deja de enganar
no quieras ocultar
que has pasado sin tropezar
monstruo de papel
no se contra quien voy
o es que acaso hay alguien mas aqui?

Deja que pasemos sin miedo.

Wednesday 10 June 2009

Anónimo

Num universo esparso, escuro,
de bilhete em riste, o destino,
uma viagem única vai-se tomar,
viaja-se sempre para o desconhecido.

Na luta de agarrar o descontrolo,
sem querer perder a postura,
no deixar largar para viver,
sem deixar que o vício perdure.

Numa batalha já travada por outros,
nunca a ignorância foi tão branda,
onde se aclama e procura-se a virtude,
num piano proporcional ao tamanho.

A precisão sempre criou a paixão,
uma luta que condecora quem merece,
de heróis a tentarem controlar a sabedoria,
uma luta interminável que nos envelhece.

As palavras sempre enfeitiçaram tanto,
por cada verbo proferido, um destino,
seja no passado, presente ou futuro,
as palavras servem sempre de registo.

Monday 8 June 2009

Regras do mundo do nada

1 - Não se faz nada
2 - Não acontece nada
3 - Não existem opções
4 - Não se tomam decisões
5 - Não existem gostos

Saturday 6 June 2009

Os sonhos maus

A água do oceano cai sobre mim,
os peixes nadam sem fim,
as gotas são incontáveis,
os monstro são indomáveis.

Fico feliz quando se manifestam só nos sonhos,
que vivam num reino limitado e finito,
porque é lá que eles pertencem,
e não preciso deles no mundo dos vivos,
não preciso deles ao pé de mim.

Friday 5 June 2009

Quando não sobra nada

Quando tudo foi dividido,
nada resta nada para subtrair,
não há lugar para se virar,
não há nada que possa sobrevir.

Almas cobertas por um deserto,
as bocas suplicam por água,
como um prisioneiro de guerra
a ser torturado fora da pátria.

As roupas rasgadas pelo tempo,
tiras que não disfarçam o óbvio,
mas não existe alguém para assumir,
o que do futuro escolheu o frio.

Thursday 4 June 2009

Social Robots - a shocking reality

Social robots are the future in robotics. It will exist lot of corporates who will like to sell social robots and it will be lot of consumers who are alone and need someone to talk. The act of replacing a human friendship by a robot is closer than ever. It's really impressive and sometimes shocking seeing a robot interacting with a human. Nevertheless, it will exist many buyers who are willing to purchase one.

It's amazing how a human responds well to a person face, even if that face is made of some kind of fabric. We're really similar to any other animal. If we see a face, we interact it well and it doesn't matter if it's human or not. It's just like a parakeet that looks to a mirror. For him, the reflection that he sees, is just another animal and not himself.

In a video that I saw on the web, a MIT professor shows a student interacting with a robot, called Kismet. The student was teaching the robot that Big Bird and Cookie Monster (characters from the Sesame Street) are good or bad characters.

In the first experience, the student shows a plush Big Bird, saying that the plush is a friend. After that, he says to the robot to grab the object. The robot, delightfully, grab it.

In the second experience, the student teaches the robot, saying that the Cookie Monster is bad. Then, he orders the robot to grab it and force it. The robot pop its eyes, roll its head to the back and silently shows repudiation to the object.

It's really outstanding seeing an robot interact, but two things shocked me. Firstly, it doesn't affect me talking to a robot. For this simple reason, this is amazing. I reflected myself in the student position, and I would do the same thing. Nowadays, I talk to my dog. I know that he doesn't understand each word what I'm saying, but the fact of knowing that someone is listen, it's wonderful and comfortable. Secondly, teaching a robot that the Cookie Monster is bad, this principle goes against my values, it's difficult to watch. For me, Cookie Monster is a funny character and not a bad animal. For this reason, seeing someone teaching a wrong thing, it shocked me. With these robots, it's possible to teach wrong values, and they will act without weighing the act. It's just like teaching a rottweiler that attacking a person is good thing. We know that it's wrong and immoral, but the robot will ever notice?

Just for curiosity, a robot is accepted if it's a social robot if it is autonomous in thinking and passes the Touring Test and respect Isaac Asimov's Three Laws of Robotics. It's really the big deal.

Tenho saudades das árvores

Tenho cada vez mais saudades das árvores. Tenho saudades de estar sentado sobre uma erva rasteira, de estar rodeado de árvores altas e frondosas e de todo o tipo de insectos - formigas, pequenas aranhas e outros bichos microscópicos. Tenho de saudade de tocar num tronco enrugado, de sentir a áspera casca que protege a árvore. Tenho saudade de ver pedras, grandes ou pequenas, tanto faz, de pegá-las e atirá-las para o vazio. Qualquer dia passo uma tarde num pinhal a descansar no automóvel. Só falta mesmo uma companhia decente para estar a conversar.

Já estou farto de tanto cimento e alcatrão. Tenho vontade de viver numa pequena localidade, ou numa cidade única, como por exemplo Veneza ou Innsbruck.

Veneza é a cidade onde os prisioneiros e os doentes são levados para as prisões e hospitais, respectivamente, de barco. Deve ser extraordinário observar tal acontecimento. Veneza é a cidade onde os barcos enlaçam as cordas em paus de rebuçado listrados de vermelho e branco. É a cidade onde se ouve música clássica por todo o lado. Espectacular.

Innsbruck é uma cidade rodeada de montanhas, sempre com topo coberto de neve. Os abetos que começam a ficar acastanhados em meados de Setembro, começam a condizer com as janelas ou mesmo com alguns hóteis construídos em madeira. É concerteza uma cidade maravilhosa.

Se pudesse escolher um local para viver destas duas cidades, não saberia escolher.

Wednesday 3 June 2009

O problema do contador de histórias

Existe uma pessoa que adora escrever e contar histórias. Esse escritor passa dias sentado agarrado à maquina de escrever, e sempre num ambiente com pouca luz e humido, o som das teclas irrompe. Clac, clac, tlim...

À medida que ele escreve, o seu corpo muda. Por estar sentado bastante tempo, as mão e os pés ganham raízes. Estes acrescentos imiscuem-se na mesa e no chão de madeira. De repente, torna-se parte fixa da casa.

A cabeça dele incha e transforma-se numa copa frondosa. Os pássaros descobrem um novo lugar para estar e decidem poisar nos ramos. Imediatamente começa a nascer mais passarinhos. O que resta de um escritor solitário agora pertence à natureza.

Nos momentos em que não está a escrever, gosta de contar histórias. Para tentar ultrapassar o facto de estar sózinho, vai ao parque e pergunta ás pessoas se lhes pode contar uma história. Há dias que ele tem sorte, e uma mãe ou pai acede que ele conte a história aos filhos, outras vezes apenas lhe resta ficar sentado no banco a imaginar que está a contar a história dele para alguém.

De tanto contar histórias no mesmo parque, ganhou a alcunha do contador de histórias. Mas o contador de histórias tem um problema. Esse problema está na razão de ter-se tornado escritor.

Desde criança que sempre achou que conseguia criar um mundo diferente e bem mais interessante do que vivia. Sempre achou que o mundo não estava à sua altura. Esta atitude de arrogância e de decepção levou-o a escrever histórias, sempre com o objectivo de provar a alguém que consegue mostrar a todos os leitores que existe um mundo muito mais bonito e interessante para se estar e que todos deviam ter em consideração as suas crenças para viver melhor. Ele sabia que estas ideias deviam ser passadas de forma subtil e achou que a forma correcta de fazê-la era através das histórias.

De tanto criar os seus mundos e gostar de contá-los, esqueceu-se que acabou por erguer paredes. Por muita imaginação que tinha, cada vez que contava a sua história estava a descrever a sua personalidade. Sem se aperceber, as suas histórias foram ficando mais isoladas e distantes e já ninguém as compreendia. A sua boa intenção que levou-o a escrever, tinha-se tornado numa prisão, onde as paredes iam-se apertando por cada dia passado e iam-o sufocando cada vez mais.

Sem título conhecido - Bertolt Brecht

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.

Friday 29 May 2009

O documentário

São palavras cantadas,
que duma voz falada,
tornam-se em embalos,
narrativas bem fundadas,
uma história bem estruturada,
que se chama documentário.

O documentário é o lugar onde prefiro as palavras, muito mais que as discussões inócuas de um grupo de rapazolas à volta da mesa, que procuram defender a ideia mais estapafurdia e acabam o discurso aclamando que, quem não percebeu a ideia é porque não tem categoria para estar ali. Este momento a preto e branco de estupidez contrasta de uma forma gritante com a poesia falada que é um documentário.

A beleza do documentário existe na maneira como a narrativa é escrita. O conjunto das ideias que são organizadas e encadeadas entre si, faz o ouvinte entrar num viagem. Assistir à vida real, mas de uma forma poética, é chocante e ao mesmo tempo encantador. Acaba-se por se tirar uma beleza provinda do acaso, simplesmente porque assistimos ao princípio, meio e fim de algo. Muito provável, a beleza tirada num documentário é graças ao condensar de um assunto que, na realidade, acontece a longo prazo, mas é apresentado ao espectador numa hora. Podemos deduzir que é muito provável que um documentário não seja tão fiel à realidade como se quer transparecer, embora os factos sejam reais. Mas também posso concluir o contrário, que um interveniente jamais consegue tirar beleza do acontecimento que vive a longo prazo.

Num documentário que mostra a biografia de alguém, o próprio interveniente da sua vida jamais encontrará a mesma beleza que um espectador adquire ao assistir à sua própria biografia. O mais estranho é que, o principal responsável da sua pessoa jamais irá compreender a sua vida, embora esteja a viver nela. Trata-se de uma situação bizarra, da mesma forma que os outros passam mais tempo a olhar para a nossa cara do que nós próprios. Cada um de nós desconhece muita das expressões que tem e desconhece por completo as suas expressões faciais em certas situações. Num sentido mais lato, cada um de nós desconhece a sua própria vida.

Um documentário é uma tentativa de simular que sempre ouve uma câmara a filmar a vida de alguém durante todo o tempo e no final fez-se o resumo. Mas é um resumo montado de tal forma que vai em correspondência com a realidade ou não, mas que enfeitiça quem o assiste.

Thursday 28 May 2009

Está na hora

Uma mão que abre a tampa do frasco,
que de dentro solta-se o vento,
que leva o passado,
traz o presente,
já podes respirar,
desfrutar o tempo,
a erva nasce,
a árvore cresce,
a primavera aparece,
sabes que tempo chegou?,
o tempo do renascimento.

O mundo da política

Ah, o mundo da política, o famoso mundo dos conhecimentos. Ó meu Deus, o que é isto?! Já estou a ouvir a música da sério "O Polvo". Ainda aparece o Corrado, no seu Volkswagen Corrado ;) a querer-me apanhar.

Eu gostava de saber como é que é possível governar com falta de ideais, com pessoas que estão envolvidas em processos criminais, com pessoas cujas medidas implementadas não alteram a condição do país, com pessoas que endividam o país e, mesmo assim, são os únicos candidatos possíveis.

Raios e coriscos, não me parece que o destino deste país há-de parar em algum lado decente.

Eu bem gostava de poder ajudar, mas num país onde não existe organização, falta de respeito e muitas pessoas mal formadas, é realmente muito difícil fazer qualquer coisa.

O mundo da política parece-me uma instância balnear coberta com meta-trabalho. Eu chamo meta-trabalho a todas as coisas que fazemos, mas que não competem à função. Por exemplo, um político deve governar o país e não passar o tempo a governar-se. Um político deve apresentar medidas práticas e não perder o tempo no cochicho. Um político deve passar o tempo a trabalhar e não passar o tempo a passear nos corredores. Julgo que já me fiz entender.

Porque é que a política tornou-se uma carreira? Porque é que os políticos não podem só ser eleitos uma só vez? E por último, quem os julga pelas más decisões? Que eu saiba, a demissão não é a pena a cumprir por gestão danosa.

Existe cada coisa neste país.

Friday 22 May 2009

Algo mudou no interior, mas não existe nenhuma manifestação visível (exterior).
Algo mudou no exterior, mas não existe nenhuma manifestação comportamental (interior).

São os pontos de uma recta. É um segmento de recta.

Thursday 21 May 2009

Desaires de amor

Andei à procura de um tema para fechar este trio de textos romântico e, de repente, lembrei-me falar sobre o tema de desaires de amor.

Realmente, este blog está a virar uma revista Maria e não é a minha intenção.

Em conversa com uma amiga que conhece alguém que está ressentido por uma destas situações, chegámos à mesma conclusão que andar a remoer em situações de desaires de amor de longa data é um bocado sinistro.

Todos nós passamos por desaires de amor em qualquer momento da nossa vida. Os desaires não estão só reservados a jovens que têm uma vida pela frente, mas também acontecem nos adultos. É perfeitamente normal sentirmo-nos desgastados por estas situações, mas são sempre situações momentâneas. Haver pessoas a ficarem ressentidas por muito tempo por causa destas situações, é coisa do passado. Por muito que se tenha institucionalizado na sociedade, e gostaria de saber quem inventou esta forma de estar, haver almas sofridas por alguém que não se fala há muito tempo, não é nada normal.

Por isso, para a malta que sofre de amores, está na hora de mudar.

Este tema não está bem escolhido para servir como fecho deste trio, mas não consegui encontrar outro. Lembrei em falar de como eu gostava de ver se se invertesse os papéis entre o homem e a mulher durante o primeiro contacto social. Isto é, acho que é impossível de imaginar o que aconteceria, daí ser interessante poder constatar-se, se coubesse à mulher dar o primeiro passo para conhecer o homem, não o contrário como é tradicional. Mas como não consegui desenvolver as ideias, decidi mudar de tema.

A conversa com uma amiga sobre o tema dos amores não correspondidos, fez-me então escrever este texto. O texto não está bem desenvolvido, mas por teimosia, como queria escrever três textos, decidi publicá-lo à mesma. Mas, já enjoado de tanto romantismo, a qualidade dos textos foi diminuindo. Acho que está na hora de mudar de assunto. Ufa...

Não existem mulheres feias

Há dias em que saímos à rua e vemos várias pessoas com a mesma roupa, ou parecida. Outros dias em que vemos bastantes automóveis seguidos da mesma côr e marca. Estes são os dias em que parece que as pessoas andam combinadas entre si.

O que eu pude deduzir foi que hoje é o dia em que as mulheres andam bonitas e bem vestidas. Se calhar, deve haver por aí alguma festa e eu desconheço. Devido a esta coincidência, reparei que realmente não existem mulheres feias. Por isso, é que escrevi este texto. É claro que existem mulheres que nos agradam mais do que outras, que nos apanham os olhos, mas em geral não existem mulheres feias. Não estou a exagerar, nem quero parecer um cronista da revista Maria armado em senhor doutor. O aspecto exterior conta muito, trata-se de um chamariz para o homem, embora a personalidade seja o mais importante para a longevidade de uma relação. Por isso, todas as mulheres deviam-se arranjar. Não há nada mais belo do que ver uma mulher arranjada, independentemente se vai de acordo com o gosto do homem. Todas as mulheres têm aquele toque, aquela pose que as levam automaticamente para o pedestal ao qual o homem delira e sonha. Todas.

Por isso, peço a todas as mulheres que andem bonitas, independentemente de serem casadas ou solteiras. Aquelas mulheres que se julgam que apenas têm que se cuidar quando são solteiras, e depois desleixam-se quando se casam e têm filhos, apenas digo que se modernizem. O tempo das avós austeras já passou há muito tempo. O mundo é colorido e é assim que deve ficar.

Máquina de ler pensamentos femininos

Devia-se inventar uma máquina que lê os pensamentos das mulheres. Julgo que seria a melhor ferramenta que algum homem poderia ter. De certeza que o stock esgotava-se num instante.

Quantas vezes o homem questiona-se o que o sexo oposto está a pensar? Quantas vezes o homem questiona-se se uma determinada rapariga está solteira e disponível para conhecê-lo? Porque não posso ser eu o homem? Apenas ficamos com estas perguntas na cabeça, porque jamais teremos resposta.

Se conseguissemos ler os pensamentos das mulheres, sabiamos quando deviamos nos apresentar. Desta forma, agiriamos com maior confiança e não nos retrairíamos com medo da humilhação. Por exemplo, num grupo de mulheres, onde todas são bonitas, em que desconhecemos as personalidades de cada uma, que mulher o homem escolheria para se apresentar? É como ter uma arma carregada, onde apenas falta uma bala no tambor. Rodamos o tambor e esperamos que ao disparar, o tambor tenha parado na câmara vazia.

Como se vê, é muito difícil um homem conseguir abordar uma mulher. Podiamos tentar inverter o problema, e pormo-nos no lugar da mulher. Eu faria esse esforço, mas considero que para a mulher ter alguém, basta apenas estalar o dedo. Se todas elas tivessem consciência disso, e se se criasse um código em que o estalar do dedo consiste em dizer que estou disponível para uma determinada pessoa, tenho a certeza que num simples passeio, ouviríamos vários estalidos. Não estou a ser narcisista, os estalidos podem não ser para mim. Apenas estou a dizer que o amor existe e é para ser praticado.

Acho que a mulher também tiraria vantagens da máquina. Quando um homem age com maior confiança e naturalidade, é muito mais fácil perceber quais as reais intenções do homem.

No final, todos ficávamos a ganhar. Não existe crise económica, o que existe é uma crise de namorados. Talvez a máquina diminuísse o número de solteiros.

Thursday 14 May 2009

Why I don't write a book?

Once someone asked why I leave all this ideas open and not try to finish them? I've replied that I ain't got enough talent and I'm a lazy person. Along the time, I get used to plant flash moments, and I'm expecting that a group of people will help me to water the seed and guard its growth till it becomes a magnificent tree. Saying in a explicit manner, I can't write a story by myself. I like to work in group to feel the vibrations of people's mind. Doing all these tasks alone require a long discipline and I wasn't trained to do that. I simply can't do it.

I hope that time and my situation will make me more prone and grown up to write stories. I also hope that I can gain the wit to write them. I don't have it, I know. I also don't have the motivation to write them.

I feel sad when I find good ideas and I can't spark in me the motivation to write them. My deepest wish is to describe all the seconds that I live in. I can tell that the mood is the basis of my motivation. If I'm sad or happy about something, I feel a flame inside of me sparkling and a good intention to write all these moments. Til now, I couldn't do that, and I already passed some stressed and heavy moments. I don't know what must happen to create the will to write a candidate book to be published. I really don't know.

I also don't like the idea of reviewing a story. When I'm reading, I can't feel the same adrenaline that I felt when I was writing something for the first time. The anxiety of finding words to write them down is a very good sensation. Reading what I wrote is a dull moment.

Maybe I'm being a spoiled and arrogant person who throws some kind of talent away, but I don't think that I have a special talent. I'm me, and I like to write things at my own way. I know that I'm wrong, but I can't find the right path. Til then, this is my path. Truth is only true if there's nothing to prove against it. And it's so easy to reply something...

I think that these modern times that are characterized by rushiness, and as a victim of this behavior, I can't find the peace inside me to reflect about the little stories that I imagine. The people want so many in so little time, that the books are becoming out of their time. Reading a book requires a tranquil spirit and time. People are drowned in false tasks, false goals and false moral. They aren't trained to understand the essence of a book. I'm not trained to give the book a proper value. My motivation to write is dying. I don't know what to do more.

Um cromossoma para o outro

O que diz um cromossoma um para o outro?
Cromo somos bonitos.

Uma piada croma.

Tuesday 12 May 2009

War - Edwin Starr

War!
What is it good for?
Absolutely nothing!

War! I despise
Because it means destruction of innocent lives.
War means tears to thousands of mothers eyes
When their sons go to fight and lose their lives.

War! Lord,
What is it good for?
Absolutely nothing!

War! It ain’t nothing but a heartbreaker
War! Friend only to the undertaker
War! It’s an enemy to all mankind
The thought of war blows my mind

War has caused unrest in the younger generation
Induction then destruction-
Who wants to die?

War! It ain’t nothing but a heartbreaker
War! It’s got one friend, that’s the undertaker
War has shattered many a young mans dreams
Made him disabled bitter and mean
Life is much to precious to spend fighting wars these days
War can’t give life, it can only take it away

War! It ain’t nothing but a heartbreaker
War! Friend only to the undertaker
Peace Love and Understanding;
tell me, is there no place for them today?
They say we must fight to keep our freedom
But Lord knows there’s got to be a better way

Stand up and shout it.
War!
What is it good for?
Absolutely nothing!

Monday 11 May 2009

Long live democracy

Democracy isn't capitalism,
democracy isn't exploitation,
democracy isn't nepotism,
democracy isn't corruption.

Democracy isn't for fools,
democracy isn't ignorance.
democracy isn't unemployment,
democracy isn't for smugness.

Democracy is for freedom,
for love and acceptance,
Democracy is for everyone,
Democracy is forever.