Saturday 13 December 2008

Palavras escritas

Eu lembro-me da primeira vez que vi uma letra tão redonda. Como existiam pessoas que podiam escrever uma letra suave, aprazível aos olhos de alguém. Neste momento, descobri que havia ideias, alegria para além do alcance das minhas mãos e dos meus olhos. A partir deste momento comecei a procurar palavras e sons que pudessem tentar alcançar as ideias que são escritas em letras de natureza incomparáveis. Tudo ganha uma nova dimensão enquanto encontra-se escrito e bem descrito. Não se pode comparar com as letras escritas por pessoas agrestes, cheias de temperamentos voláteis, com palavras de poder inconstante.

Depois conheci Camille e Paul por detrás de um ecrã. A partir daí conheci a beleza e pureza do mundo. Vi a alegria em plena acção. Nasceu em mim a vontade de viver em pleno estado de alegria, saltar pelos campos verdes, correr, correr e correr até não poder mais.

Conheci a simplicidade das palavras e das acções, comecei a distinguir o bem através do silêncio. Comecei a observar no silêncio, a ver tudo acontecer fluidamente e naturalmente. Comecei a perceber como somos pontos de referência que agitam as acções pelo vento. Conheci o tempo, e como dele não pudemos fugir. Apenas nos resta plantar palavras e acções e esperar que germinem o que queremos. Não pudemos fazer mais nada. Está fora do nosso alcance.

Comecei ver que o que gostamos, torna-se o nosso jardim e é para ele que trabalhamos diariamente. É para ele que regamos diariamente, que acariciamos e dizemos palavras confortáveis. Tudo para vê-lo florir e reflorir.

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