Friday 28 November 2008

Firmamento II

Obrigado Orfeu por me teres tocado Jazz,
nem sabes como as feridas ficaram cicatrizadas,
nem que seja por momentos, eu tive paz.

Embora eu saiba onde se encontra a felicidade,
ela não depende só de mim, mas tocou-me,
tocou-me tão profudo e diferente que não me irei esquecer.

E o que me dói mais é saber que algo tão bonito
morreu, ou nem nunca nasceu, e isso faz-me chorar,
sinto-me despojado de qualquer ponto de humanidade.

Até o homem mais forte tem pés de barro,
que se quebram em tempestades de vento,
caí mais uma vez, o meu coração partiu-se em bocados.

Mas desta vez não me apetece erguer,
quero definhar na beira do passeio à chuva,
porque toda a vontade que tinha morrera.

Podes ter-me tocado a música mais bela,
mas nem a música substitui uma mulher,
um ser difícil e tão bonito como ela.

Durante anos louvara os homens que não se casavam,
que se dedicavam aos seus interesses,
a pintura, a escrita estava para além da natureza.

Agora lamento por ter ficado tão encantado por alguém,
mas os caminhos estão separados em arame farpado
e sinto-me enclausurado num convento isolado.

Eu sei que não sou o único,
mas estou farto da solidão,
da sombra ser o meu amigo.

Hoje vi um casal a discutir,
o amor não devia ser destruído,
o amor devia ser infinito.

Também vi uma alma desamparada,
esfarrapada pela tristeza de alguém que o abandonara,
que tanto dizia a barba por fazer e as costas encurvadas.

Não está correcto, nada está correcto em plantar almas padecidas,
a postura do homem amolecesse como pão duro em sopa,
quando uma mulher desaparece e leva toda a sua roupa.

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