Tuesday 3 June 2008

Manhã de Outono

Olho para o mundo a partir desta janela de canto. Escondido na penumbra, observo como a rua brilha intensamente a esta hora da manhã. Os pássaros voam alegremente, jogando à apanhada uns com os outros. Em curvas e contra-curvas procuram enganar o parceiro, como se estivessem a tentar fugir do destino. O chilrear dos restantes companheiros, vão servindo de apoio para os corredores. O canto irrequieto dos pardais ainda não foi silenciado pelo barulho monotónico e irritante das buzinas.

Num verde misturado com um amarelo escuro, as folhas das árvores saúdam em conjunto com o vento o princípio do terceiro trimestre.

Como sentiria com maior intensidade este mundo, se não tivesse fechado como um pássaro engaiolado. Numa postura preguiçosa ou inteligente, impeço-me premeditadamente de desfrutar o que é belo. Este comportamento nasce em mim porque o mundo está sempre em movimento. Fico parado à espera que o sol brilhe novamente neste canto. Se acompanhar sempre as nuvens negras, esqueço-me que há mais vida para além do que vejo.

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