Sunday 29 June 2008

Saturday 28 June 2008

A cada insucesso ultrapassado, é sinal que dei mais um passo no caminho do sucesso.

Thursday 26 June 2008

Fátima

Fátima chorou até as lágrimas transformarem-se em cadáver. Diariamente, Fátima sentava-se sempre no mesmo canto com vergonha de alguém poder vê-la, de repararem no estado em que se encontrava. Os pensamentos não soavam de forma diferente. A princípio suportava o cheiro agonizante, mas começou a ver que a espera jamais traria as recompensas que tanto sonhava na infância. Como haveria mudar? Ninguém tem forças para transformar-se a si próprio. O corpo anda sempre viciado e é preciso alguém iluminar o caminho. Fátima vivia em permanente escuridão, seja de dia, seja de noite.

Fátima mantém-se num canto, apenas agarrada ao seu nome, desejando que ninguém a veja, que ninguém a recorde, à espera de cair no esquecimento.

Saturday 14 June 2008

Canso-me a tentar

O céu encontra-se pintado num azul bem feito,
nem muito brilhante, nem pálido. Perfeito!
A árvore frondosa agita-se com o vento,
as filhas brilham em tons de amarelo quente.

Há dias em que tudo acontece como deve ser,
e o meu próprio ser não sabe porquê.
Não gosto, mas o meu coração bate estreito,
nas grandes buscas, apenas encontro defeitos.

A cada esforço, afasto-me do que quero,
não sei o que procuro, mas tento, tento,
como quisesse pregar uma barra de ferro,
esqueço de olhar e apreciar o que mereço.

A televisão

Preciso de televisão, são os meus olhos para o mundo,
como considero-a realidade para não ficar maluco.

Sinto que não consigo concentrar-me numa ideia,
a minha mente tem que estar em constante zapping,
novo canal e nova imagem, na memória já nada perdura.

A verdade, essa eterna dúvida, jamais há-de chegar,
mas julgar, é o mais fácil de se fazer nesta aldeia,
como em todo o mundo, os julgamentos são na rua.

Intensamente, preciso de ti. A verdade que dizes,
é limitada ao teu ecrã e reflectida nas sociedades.

Sunday 8 June 2008

Desespero de um pianista desempregado

Que dôr solitária me asola o coração,
por ser um pianista desempregado,
pela minha voz ter sido calada,
pela minha arte ser rejeitada.

Como posso ser alguém em terra de surdos,
se só existo se pararem para me ouvir,
estamos numa sociedade em constante movimento,
até esquecemos do país em que existimos.

Não tenho a culpa dos meus gostos,
a minha profissão descreve a harmonia,
não sei exprimir-me doutra forma,
escrevo paz no ar, todos os dias.

O desrespeito pelas pessoas atinge na música um extremo chocante. Actualmente, todos os músicos são ostracizados pela a sociedade. As pessoas esquecem-se que cantarolam diariamente músicas cantadas e criadas por músicos. Seria muito interessante todos os músicos do mundo entrarem em greve ao mesmo tempo. Não sei o que aconteceria, mas gostava de ver.

Para todos os ouvintes de música comercial, tentem pelo menos ouvir e reflectir sobre a letra da canção.

Para os ouvintes de música clássica e jazz, continuem a explorar o som e o silêncio, e continuem a descobrir a história por detrás de cada música.

O meu nome

Despido de pretensiosismo,
o meu primeiro nome vem ao de cima,
sou Pedro e só Pedro,
e viro a cara para quem o afirma.

Minha mãe o diz quando quer respeito,
a responsabilidade que tenho por carregá-lo,
com esta cara ou outra qualquer, o meu nome
acompanhar-me-à o tempo inteiro.

Irá existir para além do meu corpo,
desaparecerá quando ninguém mais o proferir,
o meu nome está dependente de terceiros.

Saturday 7 June 2008

Dá-me a mão

Dá-me a mão, vamos sair, vamos ver o sol...
Olhar para o céu, imaginar cordeiros,
temos o dia inteiro só para nós.

Envia-me um telegrama a dizer que me amas,
vamos esquecer estes tempos,
vamos viver como os nossos avós.

Saudades

Cabeça malandra que me aperta,
por sentir sempre o mesmo,
carrego esta alma deserta.

Por me cobrir de enganos,
de sonhos e saudades,
tantos sonhos que tenho,
lembranças de amigos de anos.

Nada que fazer,
foge-me o coração das noites inteiras
perdidas em cerveja.

Alvorada - Cartola

Alvorada, lá no morro, que beleza,
Ninguém chora, não há tristeza,
Ninguém sente dissabor.

O sol colorindo,
É tão lindo, é tão lindo,
E a natureza sorrindo,
tingindo, tingindo.

Você também me lembra a alvorada,
Quando chega iluminando,
Meus caminhos tão sem vida.

E o que me resta é bem pouco,
Quase nada de que ir assim,
Vagando numa estrada perdida.

Alvorada......

ver:
http://youtube.com/watch?v=lEHA2F5cmok&feature=related

Preciso Me Encontrar - Candeia

Deixe-me ir, preciso andar,
Vou por aí a procurar,
Rir pra não chorar.

Quero assistir o sol nascer,
Ver as águas dos rios correr,
Ouvir o pássaros cantar,
Eu quero nascer, quero viver...

Se alguém por mim perguntar,
Diga que eu só vou voltar,
Depois que eu me encontrar...

ver:
http://youtube.com/watch?v=WQZF0vjjNhc

Senhor doutor

Senhor doutor, veja por favor,
tenho uma dôr no coração,
ela foi para os braços de outro,
levou-me a casa, o carro e o cão.

Este alto do lado esquerdo,
que me afecta o dia inteiro,
não me leve a carteira,
porque não tenho mais dinheiro.

Nem com uma cirurgia de peito,
isto vai ao sítio certo,
tudo o que me deu não tem efeito,
estes remédios já são velhos.

Dê-me um copo de água,
cheio de pedras de gelo,
a mulher passou-me a perna,
por ser um velho sem cabelo.

Encontrou um jovem no caminho,
musculado, o último grito,
imaginou-se todas as noites
enrolado com o menino.

Luzes e estrelas

Correntes de chuva forte,
que cai sobre as flores,
molha a terra, afoga a dor
dos meus queridos entes.

O meu coração desabou de vez,
que as más lembranças pereçam,
que o céu me cubra de paz,
e sobre mim, as estrelas permaneçam.

Santa chuva, cai de felicidade,
rezo a Deus, rogo ao santinho,
alimenta este corpo de saudade,
que se perdeu pelo caminho.

Não há que chorar, deixa estar,
eu vou. Adeus.
O meu coração cansou-se
de falsidades.

Friday 6 June 2008

Dedicação

Quando algo é praticado
por um grupo de referência,
milhares de pessoas se reúnem
para sentirem a experiência.

Rodeado de cabeças pensantes,
cada um adquire a sua perspectiva,
é sempre muito interessante
observar a harmonia em vida.

Eles trabalham, eles dedicam-se,
como ninguém, eles sentem a dôr,
corpos cansados até à exaustão,
tudo em nome do seu grande amor.

Palavras

Quando escrevi este texto,
ele tinha um caminho,
mas o vento desviou-o,
cruzou-se com outro destino.

O prazer de imaginar
guia-nos até ao incerto,
definimos objectivos,
nunca paramos lá perto.

Os contextos que cada palavra toma,
vem do peso do nosso orgulho,
é criado pelo nosso espírito,
é um culto aprendido.

Viajantes

Ao som do mar, grito,
ecoo no topo do mirante,
entre marinheiros e mãos de ferro,
iço as velas, pequeno navegante.

Por mares, marés, altos e baixos,
percorro caminhos errantes,
enquanto o mundo rasga a vida,
encontro novos viajantes.

De peito pressionado,
apertado pelo silêncio do mar,
a realidade dura embate em mim,
vindo de uma natureza basilar.

As nuvens afastam-se entre si,
abre-se uma clareira no chão,
a quilha irrompe sem fim
um caminho pleno de emoção.

Ninguém quer ficar perdido,
a caminho do novo mundo,
bravos ao serviço do desconhecido
na descoberta de um novo rumo.

Tuesday 3 June 2008

Criança

A princípio pensei que a culpa era da criança, mas depois de ter ouvido a mãe, percebi de onde a criança tinha aprendido aquele comportamento. Por fim, ouvi o pai e passei a ter pena da criança.

Manhã de Outono

Olho para o mundo a partir desta janela de canto. Escondido na penumbra, observo como a rua brilha intensamente a esta hora da manhã. Os pássaros voam alegremente, jogando à apanhada uns com os outros. Em curvas e contra-curvas procuram enganar o parceiro, como se estivessem a tentar fugir do destino. O chilrear dos restantes companheiros, vão servindo de apoio para os corredores. O canto irrequieto dos pardais ainda não foi silenciado pelo barulho monotónico e irritante das buzinas.

Num verde misturado com um amarelo escuro, as folhas das árvores saúdam em conjunto com o vento o princípio do terceiro trimestre.

Como sentiria com maior intensidade este mundo, se não tivesse fechado como um pássaro engaiolado. Numa postura preguiçosa ou inteligente, impeço-me premeditadamente de desfrutar o que é belo. Este comportamento nasce em mim porque o mundo está sempre em movimento. Fico parado à espera que o sol brilhe novamente neste canto. Se acompanhar sempre as nuvens negras, esqueço-me que há mais vida para além do que vejo.

Sunday 1 June 2008

Ideias

Tantos cotovelos que se apoiaram sobre este piano. Aqui, muitas ideias tombaram à medida que os corpos se inclinavam. A cultura tem o dom de unir pessoas e de promover mudanças - o bicho indominável sem destino. A música tem o dom de quebrar as barreiras que o silência levanta. É tão interessante estar sempre a construir algo que se torna indominável como um leão. Como nos elevamos enquanto procuramos medidas práticas para concretizar e controlar as nossas ideias.