Sunday 2 March 2008

A velhice

Estou tão magro. Os meus pés estão cheios de manchas castanhas. Parecem borrões feitos com lixívia. Mal consigo olhar para mim, sou uma zebra pintada de doenças e nódoas negras. Os dentes saltam do meu interior. O meu aspecto cadavérico, seco, mostra como estou cada vez mais próximo da terra e das larvas.
Admito que fui cobarde por nunca ter-me entregado à natureza, mas a sociedade e a família não me deixaram. Já próximo da entrada deste novo mundo, prestes a apodrecer e a gretar, espero que algo mais esperançoso me traga serenidade ao coração e me ensine a ser um sublime revolucionário.

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